Raomi Zarec:
“Só no exercício
da caridade
se
encontra a
salvação”
Espírita desde a
infância, o
conhecido
palestrante fala
sobre
sua
experiência nas
lides espíritas
e diz como vê a
situação atual
do movimento
espírita
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Raomi Zarec
(foto),
natural da
cidade do Rio de
Janeiro, hoje
residente na
cidade de
Teresópolis
(RJ), tornou-se
espírita ainda
criança. Atua
como empresário
e palestrante
espírita. Tem
vasta
experiência no
campo
doutrinário e
vibra com a
proposta kardecista,
fazendo dela
seus postulados
e conteúdos de
vida.
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Raomi,
serenamente,
conversou
conosco: |
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Quando e como
foi que você
conheceu o
Espiritismo?
Na atual
encarnação, ao
que me lembro,
na primeira
infância, puxado
pelas mãos do
meu avô. Algum
tempo depois,
ainda jovem, por
volta dos 13
anos, pela
necessidade de
compreensão das
manifestações
físicas
relativas aos
fenômenos
espirituais.
Suas atividades
doutrinárias
também passaram
pelas sessões de
materializações.
Pode nos falar
sobre esse fato?
Não citaríamos
exatamente assim
como atividade
doutrinária. As
manifestações
físicas
espontâneas com
pequenas
materializações
nos levaram a
compreender que
os fenômenos são
coadjuvantes do
contexto
doutrinário,
entretanto
ensejou-nos
durante anos
oportunidade de
vivenciarmos
realizações de
abençoados
efeitos.
O que mais
aprendeu com
aquelas sessões?
Que tudo é
relativo e a
questão do
arbítrio,
também.
A mediunidade é
ferramenta do
bem quando a
entendemos
assim. Como
eclodiu sua
mediunidade e o
que já conseguiu
realizar com sua
prática?
Quando criança,
ainda bem
menininho, saía
com minha mãe e
chegava aos
lugares a que
ela se
destinava,
encontrando-os,
não raro, sempre
cheios de gente.
Era comum e
normal para mim.
Ao relatar sobre
a lotação do
ambiente, de
maneira muito
terna minha mãe
dizia: “Meu
filho, só dona
fulana ou
sicrana estava
lá”. E os fatos
iam-se repetindo
de forma tal que
meu avô começou
a me levar aos
Centros
Espíritas. Mais
tarde, por volta
dos 9 anos com
as manifestações
físicas,
espontâneas como
sempre
ocorreram,
comecei a ficar
bem assustado
pela forma como
as coisas eram
interpretadas.
Por conta disso
minha mãe passou
anos internada
na casa de saúde
Dr. Eiras,
existente à
época em
Botafogo. Foi
muito doloroso.
A mediunidade
espontânea,
natural, não
traz problemas
aos médiuns. E
por conta dessas
ocorrências as
pessoas procuram
as religiões,
sôfregas e
ansiosas em
busca de
saciedade,
conhecimento...
Daí pode
acontecer o
despertamento
dos médiuns e
familiares,
alicerçados nas
bases do
Evangelho, que
constitui
elemento de
renovação moral
do ser,
alavancando seus
conhecimentos da
inteligência e
virtudes ínsitos
em seu acervo
mnemônico.
Que mais o
encanta nos
conceitos
doutrinários?
A progressão
doutrinária na
tríade:
filosofia,
ciência e
religião, ínsita
no Pentateuco,
buscada e
praticada sem
apegos.
Que mais o
preocupa no
movimento
espírita atual?
Não diríamos que
seja
propriamente uma
preocupação,
porque
continuamos
confiando no
movimento
espírita, mas
precisamos
atentar mais
para o
personalismo,
evitando repetir
erros de
existências
passadas por
causa dos egos
insuflados.
Quais são suas
sugestões de
melhoria para o
movimento
espírita?
Maior atenção e
prática dos
postulados do
Pentateuco
Espírita. Toda
divulgação
alicerçada nos
princípios
doutrinários sem
proselitismo é
louvável.
Em sua opinião,
como devem ser
selecionadas as
leituras de
livros e
mensagens nos
Centros
Espíritas?
Observando-se o
conteúdo
doutrinário,
principalmente
nas reuniões
públicas. Veja
como é fácil
selecionar: só
nos quatro
tijolinhos (Caminho,
Verdade e Vida,
Pão Nosso, Vinha
de Luz e
Fonte Viva)
encontramos
farto material
para meditação
antes da prece
nas tribunas.
Pensemos: vamos
ao Centro e
ouvimos a
leitura da
página de um
simpatizante.
Sem qualquer
tipo de
preconceito e
com todo
respeito que
essas ilustres
personalidades
nos merecem, é
lícito, mas não
convém. A FEB e
tantas outras
editoras
espíritas nos
contemplam com
abundante
material de
autores
espíritas
transbordando
essência
literalmente
espírita!
Levando em conta
sua formação
espírita, qual o
melhor caminho
para chegarmos à
prática
permanente do
Evangelho de
Jesus?
A realização do
culto do
Evangelho no Lar
é sem dúvida o
roteiro mais
seguro de
orientação para
a finalidade
consciente de
que é só no
exercício da
caridade que se
encontra a
salvação.
A inclusão de
ideias dentro de
uma causa tão
grande e nobre
como o
Espiritismo é
quase uma regra.
Em sua opinião,
como os
espíritas devem
proceder com
relação a isso?
Somos
conscientes de
que nossa
opinião não tem
qualquer
relevância no
tema e
continuamos a
reverenciar
Kardec quando
diz, com bom
senso, que se a
ciência em algum
tempo provasse
que a teoria
espírita está
errada, ele
abandonaria sua
teoria e ficaria
com a ciência.
Nas palestras
públicas que
ministra, qual o
ponto que mais
gosta de focar e
por quê?
O Evangelho de
Jesus, com
absoluta
convicção de sua
necessidade. Em
qualquer
circunstância,
esse é um pão
imprescindível,
alimento
espiritual que o
Mestre em
Cafarnaum, no
monte, nos
ensinou a pedir
em oração.
Fale-nos sobre
as obras que
escreveu.
Delicado. Em
termos
doutrinários não
há nada que os
profitentes
espíritas
desconheçam. Não
há nos originais
invencionices
que possam ser
destacadas,
portanto sem
novidades.
Entretanto, como
as
interpretações
são pessoais,
sem que o
caráter ético
seja dúbio, é
claro.
Imaginemos
alguém que sem
pretensão de
maior alcance se
atreva a dedicar
em grafar um
pouco do que vê,
ouve e sente? E
possa ter a
visão num foco,
digamos, curioso
e de
entretenimento?
Ainda assim,
será saudável?
Sabemos da
importância que
dá à formação de
indivíduos
livres e
esclarecidos.
Como os centros
espíritas podem
contribuir com
tais propostas?
Dentro dos
princípios
doutrinários, se
versáteis,
aproveitando-os
nas múltiplas
tarefas. Não nos
cansamos de
ouvir falar
sobre a maior
necessidade de
colaboradores.
Ocorre que há
Espíritos
encarnados,
dirigentes de
casas espíritas,
que ainda trazem
os grilhões
religiosos da
consciência num
passado em que
por séculos se
autoaprisionaram.
Em razão desse
histórico,
penoso lhes é
ver os irmãos
que com imensos
esforços de
transformação
moral se
autolibertaram
das coleiras que
os aprisionavam.
Esses irmãos
hoje livres
seguem as
pegadas do
Mestre,
indicados que
foram a seguir o
caminho da
verdade que os
libertariam.
Outros, por sua
condição de
aprisionados, os
que ainda se
sentem
incomodados com
essa liberdade,
no exercício de
seu
livre-arbítrio,
vêm seguindo ao
longo do tempo
os cristãos e
não ao Cristo,
como Ele espera.
É, pois,
necessário rever
conceitos e
atitudes para
que nossas
presenças sejam
luzes e não
obstáculos aos
que buscam novas
propostas dentro
do Evangelho de
Jesus.
Sua vida, sua
história. O que
foi mais
marcante até
aqui em sua
atual encarnação
e por quê?
(risos...)
Este tipo de
pergunta é que
muitas vezes se
faz ao
personalista.
Sabiamente se
diz que todos
aqueles que se
apresentam com
aparente
modéstia na
verdade desejam,
não raro, ser
elogiados uma
vez mais.
Voltando ao
merecedor
respeito da
seriedade da
pergunta,
realmente não há
nada que
possamos citar
como exemplo de
qualquer coisa
realizada.
Esforçamo-nos e
muito em seguir
os exemplos de
Jesus, cuja
clareza de
entendimento e
compreensão
vamos
encontrando nas
luzes da
Doutrina dos
Espíritos,
agradecendo cada
segundo que
passamos
encarnados na
Terra,
oportunizando-nos
renovar nossos
sentimentos às
margens do
Evangelho e
possibilitando,
dentro do
possível,
colocar em
prática o pouco
que temos
aprendido.
Obras polêmicas
devem ser
excluídas das
livrarias e/ou
bibliotecas dos
centros
espíritas?
A busca pelo
conhecimento não
deve ser inibida
em circunstância
alguma, mas
orientada de
acordo com a
maturidade do
indivíduo
interessado. O
que temos visto
é o equívoco de
se considerar
uma obra
psicografada
como obra
espírita. É
preciso com
clareza
distinguir, sem
os pruridos dos
melindres
próprios dos
médiuns
invigilantes, o
que é uma obra
psicografada
espírita, com
seu teor e
desdobramentos
doutrinários, e
o que é uma obra
psicografada não
espírita, que
nada contribui
com a Doutrina.
Aliás, esse tipo
de obra apenas
com o fenômeno
da psicografia
espírita,
publicado pelas
editoras com
finalidade
simplesmente
mercadológica,
tem sido objeto
de total
desserviço à
doutrina, ainda
que com as
melhores das
intenções a
pretexto de
contribuir com a
divulgação da
obra de Kardec,
não obstante o
farto material
ofertado por
bons médiuns,
sem deturpação
da clareza e da
pureza do
Pentateuco.
Qual seu livro
espírita de
cabeceira? Por
quê?
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
As passagens
registradas
pelos
evangelistas nos
desaceleram o
coração
angustiado pelas
dores,
violência...
essas coisas do
dia a dia. A
interpretação de
Kardec nos
conduz a nova
visão de auxílio
e entendimento
das lições,
ampliando
consideravelmente
nossa
compreensão, que
se ilumina com
as instruções
dos Espíritos.
Você aceita
convites para
fazer palestras
fora da sua
cidade?
Por onde temos
trilhado, temos
tido a alegria
de encontrar
bons expositores
apresentando
temas
interessantes em
seu
aprofundamento
ao alcance do
entendimento das
assembleias,
enlevando-as em
admirável
atmosfera
consoladora.
Dessa maneira,
vejo este
intercâmbio mais
como oportuna
troca de
energias
fraterna entre
os participantes
na comunidade
espírita do que
propriamente uma
necessidade, por
nossa parte, de
transmissão de
conhecimento. O
que é bom, é
muito bom!
Agradecemos e
pedimos que nos
deixe suas
palavras finais.
Emmanuel nos
disse por
intermédio do
Chico que
necessitamos
mais de verdade
que de dinheiro,
mais de luz que
de pão.
Agradecidos por
esta
oportunidade e
sem ter muito a
acrescentar
neste diálogo,
diríamos:
precisamos de
juízo.