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Ano 10 - N° 503 - 12 de Fevereiro de 2017
 
 

   

A família é mais que um cadinho depurador


A família é a instituição social mais importante para a realização do ser como indivíduo capaz de fazer novos relacionamentos. A importância dos pais na existência do filho, ao serem reconhecidos como o vínculo determinante de todo o desenvolvimento psíquico do ser, deve ser meditada por todos os participantes do núcleo familiar para orientar o conjunto na busca da sublimação.

Mas... como estamos distantes de aceitar tal projeto de elevação espiritual! Ou melhor, a grande maioria de nós aceitou tal projeto quando das escolhas que serviram de base para a programação reencarnatória. Contudo, uma vez na carne, o esquecimento do passado conjugado com a obliteração da intuição nos faz esquecer os compromissos assumidos, resvalando para a busca inconsciente da satisfação de desejos menos dignos.

O egoísmo é o elemento que trabalha contra qualquer tentativa de reunir os membros de uma mesma família. Uma reunião de forças para tornar mais fortes os laços da afetividade familiar é abalada por uma simples atitude egoísta de um de seus membros. E quando vem de um dos pais, o efeito é devastador. Porque o papel dos pais é educar pelo seu comportamento, entre outras atribuições, além do que, durante grande parte da vida infantil, são eles a referência primeira para a formação do caráter.

O egoísmo é um traço animal que é o resultado do culto da personalidade e da submissão do interesse alheio ao próprio interesse. Se o núcleo familiar tem que lidar com tão forte e imponente adversário, como resistir a isso?

Renúncia.

“Indispensável cultivar a renúncia aos pequenos desejos que nos são peculiares, a fim de conquistarmos a capacidade de sacrifício, que nos estruturará a sublimação em mais altos níveis.” (Emmanuel, Fonte viva, cap. 163.)

Renunciar ao pequeno desejo de ser respeitado, ao pequeno desejo de ser seguido, de ser benquisto, de ser influente, de ser acatado, de ser prestigiado, de ser condutor, de ser exemplo, de ser amado.

A renúncia é o escudo protetor contra as investidas do egoísmo. E esse exercício nos tornará capazes de sacrificar o egoísmo que se desenvolve em nós.

A renúncia é filha da humildade. E a humilhação é o mecanismo que nos torna mais humildes. Se entendermos o fim pedagógico da humilhação, veremos que passamos por uma prova depuradora e que, se nos submetermos sem queixas, sem orgulho ferido, teremos como “coroa de louros” a quitação de muitos débitos. Objetivamente, portanto, a humilhação é a prova que enobrece nosso caráter e nos torna apto a mais alta sublimação.

É preciso cultivar a harmonia entre pais e filhos. Se essa harmonia é quebrada, deve-se laborar para restabelecê-la.

Num ambiente de concórdia é possível aparar as arestas, tornando menos espinhoso o relacionamento. E é novamente a renúncia que cala mais fundo nos corações. Saber calar quando a discussão se estabelece, saber ouvir com atenção e carinho, saber acalmar os ânimos exaltados, calando a si mesmo para que o outro se sinta acolhido.

Quantas lágrimas abafadas para não ferir aquele que se ama!

Quantas mágoas desbastadas!

A família é mais que um cadinho depurador, é um laboratório cujo mais nobre elemento é o amor. 



 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita