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Ano 10 - N° 504 - 19 de Fevereiro de 2017

PAULA KLOSER 
kloserpaula@hotmail.com 
Bürs, Vorarlberg (Áustria)

 

 
Vitor Pereira de Mora Féria

"A Doutrina Espírita é a razão da minha existência"

O presidente da Federação Espírita Portuguesa fala sobre
sua iniciação no Espiritismo e diz como anda o
movimento espírita em Portugal
 

Vitor Pereira de Mora Féria (foto), 65 anos, natural de São Brás de Alportel, uma vila no interior do Algarve, no Sul de Portugal, é engenheiro. Espírita desde 1980, tem estado ligado desde 1986 à Casa Mater do Espiritismo em Portugal, da qual é o atual presidente. Para falar, entre outros assuntos, sobre o movimento espírita em seu país, ele concedeu-

nos a seguinte entrevista:


Quando, e em que circunstâncias, 
o senhor teve seu primeiro contato com a Doutrina Espírita?  


Frequentei, desde tenra idade, colégios orientados por padres (os meus pais eram católicos) e, portanto, desde cedo estive em contacto com o lado místico da existência; como qualquer jovem, minha curiosidade sobre tudo o que estava relacionado com a espiritualidade despertou cedo, entre os 15 e os 16 anos: ouvíamos falar no jogo dos copos, no jogo das canetas e experimentar é a tendência natural dos jovens inexperientes – eu não fui exceção!

Mais tarde, durante o serviço militar, ainda não sabia nada de Espiritismo, mas fazíamos (eu e outros)  “experiências com os espíritos” – até apanharmos um valente susto! Só em 1980, através de amigos, viria a tomar contacto com um Grupo que estudava as obras de Kardec e, desde então, cada vez me interessei mais por esta filosofia de vida.

Quais são, no momento, suas atividades no âmbito espírita?

Atualmente exerço o cargo de presidente da Direção na Federação Espírita Portuguesa, embora esteja ligado aos cargos diretivos desta Casa Mater desde 1986 sensivelmente.

No Algarve, estou ligado a quatro Casas Espíritas que ajudei a criar, onde desenvolvemos as atividades habituais de uma Casa Espírita: Atendimento, Estudo, Evangelização, Encaminhamento Espiritual, Irradiação à distância.


Qual dos três vértices da Doutrina Espírita - 
Ciência, Filosofia e Religião - que mais o atrai e por quê?

 

Apesar de me deslumbrarem as partes científica e filosófica, é, sobretudo, a parte religiosa que me atrai mais, porque através dela encontrei finalmente respostas a questões existenciais que, de outra forma, não faziam sentido para mim.

 

Houve até o momento algum fato marcante em sua vivência espírita?  

Os fatos marcantes são muitos e frequentes, quer na vida física quer através dos trabalhos mediúnicos. Tenho a felicidade de privar de perto com alguns médiuns através de quem tenho presenciado experiências de tal forma sublimes que, obrigatoriamente, nos fazem repensar tudo o que pensamos que sabemos, tudo o que pensamos que somos, levando-nos à transformação interior.
 

Conte-nos como anda o Movimento Espírita em terras lusitanas. 

O Movimento Espírita em Portugal foi praticamente extinto durante a ditadura e só veio a reorganizar-se depois da Revolução, em 1974. É, portanto, um Movimento recente, mas com uma expressão significativa: somos quase 70 Casas Espíritas federadas, mas temos conhecimento de mais de 250 Grupos que se juntam e desenvolvem atividades.

Tal como por todo o mundo, a espiritualidade desperta com celeridade e os valores tendem a alterar-se para melhor – isso é que me parece importante!


Neste momento, quando milhares de refugiados de guerra procuram na Europa um lugar seguro para viverem, c
omo o senhor acredita que os espíritas europeus,  através da Doutrina Espírita, podem auxiliá-los?
 

Este movimento de pessoas e valores que são transportados através delas é muito significativo. Em meu parecer, nada acontece por acaso e a Europa recebe agora o resultado de invasões anteriores. Nós que conhecemos a Lei de Causa e Efeito sabemos que a forma mais eficaz de auxiliar, para além do apoio material que possa ser dado, é sempre através do respeito e do exemplo.
 

No ano passado, aconteceu em Portugal o  Congresso Espírita Mundial. Sabemos que o senhor foi um dos organizadores e que o evento foi muito elogiado por sua ótima organização. Poderia nos relatar os desafios e as recompensas advindos desse evento de grande importância para o movimento espírita mundial?

 

Organizar o 8º Congresso Espírita Mundial foi um grande desafio. Contamos com uma equipe reduzida de trabalho durante mais de 2 anos, enquanto tudo foi pensado, selecionado e tomadas as decisões. A crise econômica que assolou o Brasil foi um fator inesperado para a organização deste Congresso, mas graças a todo o apoio que tivemos da Espiritualidade, tudo acabou por resultar bem. 
 

Durante os 3 dias de Congresso quase uma centena de voluntários juntaram-se à equipe da Organização e aos mais de 2.000 Congressistas. Foram momentos de muita emoção, de troca de sentimentos e partilha de conhecimentos que ainda hoje vibram no meu ser, quando os relembro ou quando revejo as gravações que estão disponíveis on line, para quem quiser apreciar: www.adep.pt/cem
 

Tivemos a honra  de homenagear algumas figuras que nos marcaram pelo seu exemplo: Nestor Masotti e Nilson de Souza Pereira, assim como outras que ainda estão entre nós: Divaldo Franco e Raul Teixeira.
 

Foi muito grande a alegria que encheu o meu coração e senti que essa alegria era partilhada pelos que, no encerramento, deixavam escorrer as lágrimas e se abraçavam emocionados – essa foi a minha melhor recompensa: de Portugal, à semelhança do tempo dos descobrimentos, voltaram a partir corações cheios de esperança!

 

Deixe-nos uma frase, uma palavra, ou um pensamento, que traduza o valor que a Doutrina Espírita tem em sua vida. 

 

A Doutrina Espírita é a razão da minha existência. 


 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita