Vitor Pereira de
Mora Féria:
"A Doutrina
Espírita é a
razão da minha
existência"
O presidente da
Federação
Espírita
Portuguesa fala
sobre
sua iniciação no
Espiritismo e
diz como anda o
movimento
espírita em
Portugal
|
Vitor Pereira de
Mora Féria (foto),
65 anos, natural
de São Brás de
Alportel, uma
vila no interior
do Algarve, no
Sul de Portugal,
é engenheiro.
Espírita desde
1980, tem estado
ligado desde
1986 à Casa
Mater do
Espiritismo em
Portugal, da
qual é o atual
presidente. Para
falar, entre
outros assuntos,
sobre o
movimento
espírita em seu
país, ele
concedeu- |
nos a
seguinte
entrevista: |
Quando, e em que
circunstâncias, o
senhor teve
seu primeiro
contato com a
Doutrina
Espírita?
Frequentei,
desde tenra
idade, colégios
orientados por
padres (os meus
pais eram
católicos) e,
portanto, desde
cedo estive em
contacto com o
lado místico da
existência; como
qualquer jovem,
minha
curiosidade
sobre tudo o que
estava
relacionado com
a
espiritualidade
despertou cedo,
entre os 15 e os
16 anos:
ouvíamos falar
no jogo dos
copos, no jogo
das canetas e
experimentar é a
tendência
natural dos
jovens
inexperientes –
eu não fui
exceção!
Mais tarde,
durante o
serviço militar,
ainda não sabia
nada de
Espiritismo, mas
fazíamos (eu e
outros)
“experiências
com os
espíritos” – até
apanharmos um
valente susto!
Só em 1980,
através de
amigos, viria a
tomar contacto
com um Grupo que
estudava as
obras de Kardec
e, desde então,
cada vez me
interessei mais
por esta
filosofia de
vida.
Quais são, no
momento, suas
atividades no
âmbito espírita?
Atualmente
exerço o cargo
de presidente da
Direção na
Federação
Espírita
Portuguesa,
embora esteja
ligado aos
cargos diretivos
desta Casa Mater
desde 1986
sensivelmente.
No Algarve,
estou ligado a
quatro Casas
Espíritas que
ajudei a criar,
onde
desenvolvemos as
atividades
habituais de uma
Casa Espírita:
Atendimento,
Estudo,
Evangelização,
Encaminhamento
Espiritual,
Irradiação à
distância.
Qual dos três
vértices da
Doutrina
Espírita - Ciência,
Filosofia e
Religião - que
mais o atrai e
por quê?
Apesar de me
deslumbrarem as
partes
científica e
filosófica, é,
sobretudo, a
parte religiosa
que me atrai
mais, porque
através dela
encontrei
finalmente
respostas a
questões
existenciais
que, de outra
forma, não
faziam sentido
para mim.
Houve até o
momento algum
fato marcante em
sua vivência
espírita?
Os fatos
marcantes são
muitos e
frequentes, quer
na vida física
quer através dos
trabalhos
mediúnicos.
Tenho a
felicidade de
privar de perto
com alguns
médiuns através
de quem tenho
presenciado
experiências de
tal forma
sublimes que,
obrigatoriamente,
nos fazem
repensar tudo o
que pensamos que
sabemos, tudo o
que pensamos que
somos,
levando-nos à
transformação
interior.
Conte-nos como
anda o Movimento
Espírita em
terras
lusitanas.
O Movimento
Espírita em
Portugal foi
praticamente
extinto durante
a ditadura e só
veio a
reorganizar-se
depois da
Revolução, em
1974. É,
portanto, um
Movimento
recente, mas com
uma expressão
significativa:
somos quase 70
Casas Espíritas
federadas, mas
temos
conhecimento de
mais de 250
Grupos que se
juntam e
desenvolvem
atividades.
Tal como por
todo o mundo, a
espiritualidade
desperta com
celeridade e os
valores tendem a
alterar-se para
melhor – isso é
que me parece
importante!
Neste momento,
quando milhares
de refugiados de
guerra procuram
na Europa um
lugar seguro
para viverem, como
o senhor
acredita que os
espíritas
europeus, através
da Doutrina
Espírita, podem
auxiliá-los?
Este movimento
de pessoas e
valores que são
transportados
através delas é
muito
significativo.
Em meu parecer,
nada acontece
por acaso e a
Europa recebe
agora o
resultado de
invasões
anteriores. Nós
que conhecemos a
Lei de Causa e
Efeito sabemos
que a forma mais
eficaz de
auxiliar, para
além do apoio
material que
possa ser dado,
é sempre através
do respeito e do
exemplo.
No ano passado,
aconteceu em Portugal o 8º Congresso
Espírita
Mundial. Sabemos
que o senhor foi
um dos
organizadores e
que o evento foi
muito elogiado
por sua ótima
organização.
Poderia nos
relatar os
desafios e as
recompensas
advindos desse
evento de grande
importância para
o movimento
espírita
mundial?
Organizar o 8º
Congresso
Espírita Mundial
foi um grande
desafio.
Contamos com uma
equipe reduzida
de trabalho
durante mais de
2 anos, enquanto
tudo foi
pensado,
selecionado e
tomadas as
decisões. A
crise econômica
que assolou o
Brasil foi um
fator inesperado
para a
organização
deste Congresso,
mas graças a
todo o apoio que
tivemos da
Espiritualidade,
tudo acabou por
resultar bem.
Durante os 3
dias de
Congresso quase
uma centena de
voluntários
juntaram-se à
equipe da
Organização e
aos mais de
2.000
Congressistas.
Foram momentos
de muita emoção,
de troca de
sentimentos e
partilha de
conhecimentos
que ainda hoje
vibram no meu
ser, quando os
relembro ou
quando revejo as
gravações que
estão
disponíveis on
line, para quem
quiser apreciar: www.adep.pt/cem
Tivemos a honra
de homenagear
algumas figuras
que nos marcaram
pelo seu
exemplo: Nestor
Masotti e Nilson
de Souza
Pereira, assim
como outras que
ainda estão
entre nós:
Divaldo Franco e
Raul Teixeira.
Foi muito grande
a alegria que
encheu o meu
coração e senti
que essa alegria
era partilhada
pelos que, no
encerramento,
deixavam
escorrer as
lágrimas e se
abraçavam
emocionados –
essa foi a minha
melhor
recompensa: de
Portugal, à
semelhança do
tempo dos
descobrimentos,
voltaram a
partir corações
cheios de
esperança!
Deixe-nos uma
frase, uma
palavra, ou um
pensamento, que
traduza o valor
que a Doutrina
Espírita tem em
sua vida.
A Doutrina
Espírita é a
razão da minha
existência.