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Ano 2 - N° 60 - 15 de Junho de 2008

 

O poder e sua força
corruptora
   

A frase “o poder corrompe”, atribuída ao historiador inglês John Emerich Edward Dalberg, também conhecido como lorde Acton, é sempre invocada quando se desnudam fatos de corrupção e abuso de poder como esses que as CPIs têm investigado em nosso país nos últimos anos.

A tese de que o poder tem a capacidade de corromper é interessante, mas, examinada à luz da doutrina da reencarnação, apresenta facetas que provavelmente escapem ao observador comum. Poder, riqueza, projeção social compõem a lista das chamadas provas a que o ser humano se submete em suas múltiplas existências corporais. A Terra é um mundo modesto e atrasado e, como tal, classificado pelo Espiritismo na categoria geral de planeta de provas e expiações.

Provas, como o próprio vocábulo indica, são testes, em tudo semelhantes aos testes que a criança e o jovem têm de enfrentar em sua passagem pelos bancos escolares, da pré-escola à faculdade. Como ninguém ignora, só ascende ao ensino médio quem enfrentou o fundamental e neste foi aprovado.

Constituindo uma das provas mais difíceis que se apresentam à criatura humana em sua romagem terrena, o poder pode efetivamente fascinar e levar à queda todos aqueles que não dispõem da qualificação necessária para vencê-lo. Dá-se o mesmo com relação a todas as provas. A riqueza, por exemplo, é, dentre elas, uma das mais difíceis, como o próprio Cristo advertiu ao afirmar que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus.

Numa interessante mensagem que o leitor pode conferir no cap. II, segunda parte, do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, aquela que se chamou na Terra condessa Paula, desencarnada aos 36 anos de idade em 1851, declarou o seguinte:

“Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar no entanto uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa provas, mas, fracos para afrontar-lhes os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência.”

Após a revelação contida na mensagem, a ex-condessa Paula acrescentou:

“Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”

Do que acima expusemos, tornam-se claras duas coisas:

1a. O poder corrompe, sim, mas apenas corrompe as criaturas imaturas que se seduzem com as benesses do cargo e se esquecem de que a vida é curta e que ninguém se encontra na Terra a passeio.

2a. O conhecimento da doutrina da reencarnação e das leis divinas que regem a nossa vida faria um bem imenso aos nossos políticos e governantes, que então saberiam que a cada ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido contrário, ou seja, para valer-nos de conhecida frase de Jesus: “Quem matar com a espada morrerá sob a espada”.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita