As penas eternas
desmentiriam a
bondade de Deus
1. As tradições
dos diferentes
povos registram
a crença, muitas
vezes intuitiva,
de castigos para
os maus e
recompensas para
os bons, na vida
de além-túmulo.
Com efeito,
diante da
imortalidade da
alma, a razão e
o sentimento de
justiça nos
levam a
compreender que
deve ser dado
tratamento
diferenciado aos
homens pela
Justiça Divina,
de conformidade
com a natureza
das obras que
executaram no
mundo.
2. A
tese da
eternidade das
penas reservadas
àqueles que
infringem as
leis do bem e do
amor, tanto
quanto a
existência do
inferno, não
resistem,
contudo, a uma
análise
objetiva. O
raciocínio
lógico
conduz-nos à
seguinte
premissa: Se o
Espírito sofre
em função do mal
que praticou,
sua infelicidade
deve ser
proporcional à
falta cometida.
3. Cumpre
considerar
também que a
condenação
perpétua não se
coaduna com a
idéia cristã da
sublimidade da
justiça e da
misericórdia
divinas. Jesus
deu testemunho
da Bondade e do
Amor de Deus, ao
afirmar que o
Pai celeste não
quer que pereça
um só de seus
filhos.
4. A
razão nos leva à
consideração de
que Deus é, como
ensina o
Espiritismo, um
ser infinito em
suas perfeições,
pois é
filosoficamente
impossível
conceber o
Criador de outra
maneira, visto
que, se Ele não
apresentasse
infinita
perfeição,
poderíamos
conceber outro
ser que lhe
fosse superior.
Sendo, portanto,
infinitamente
sábio, justo e
misericordioso,
não podemos crer
que tenha Ele
criado pessoas
para serem
eternamente
desgraçadas em
virtude de uma
falta ou de um
erro passageiro,
derivado
evidentemente da
própria
imperfeição do
homem.
Jesus revelou
que Deus é um
Pai
misericordioso
5. A
doutrina das
penas eternas
consubstanciada
na teologia
católica surgiu
das idéias
primitivas que
conceberam a
existência de um
Criador
irritável e
mal-humorado –
um Deus irado e
vingativo, a
quem o homem
atribuiu
características
puramente
humanas.
6. O fogo eterno
é uma figura de
que o homem se
utilizou para
materializar a
idéia do
inferno, de modo
a ressaltar a
crueldade da
pena, no
pressuposto de
que o fogo é o
suplício mais
atroz e que
produz o
tormento mais
efetivo. Essas
idéias serviram,
em certo período
da história da
Humanidade, para
controlar as
paixões de
criaturas ainda
imperfeitas, mas
não servem ao
homem da
atualidade, que
nelas não
consegue
vislumbrar
sentido lógico.
7. Jesus
valeu-se das
figuras do
inferno e do
fogo eterno para
pôr-se ao
alcance da
compreensão dos
homens de sua
época. As
imagens fortes
que utilizou
eram, então,
necessárias para
impressionar a
imaginação de
indivíduos que
pouco entendiam
das coisas do
Espírito e cuja
realidade estava
mais próxima da
matéria e dos
fenômenos que
lhes
impressionavam
os sentidos
físicos. Mas foi
Jesus também
quem, em outras
oportunidades,
enfatizou a
idéia de que
Deus é Pai
misericordioso e
bom e que, das
ovelhas que o
Pai lhe confiou,
nenhuma se
perderia.
8. A
Justiça Divina,
ensina o
Espiritismo,
manifesta-se na
vida dos seres
não para impor
punições, mas
com o objetivo
maior de
redirecionamento
da pessoa para o
bem. Deus criou
os Espíritos
para que
progridam
continuamente em
conhecimento e
amor. Essa
evolução se
produz através
de inumeráveis
experiências no
plano físico e
no plano
espiritual, e a
dor é o estímulo
de que a
Providência se
vale para
despertar os que
só conhecem tal
linguagem, com
vistas a
impulsionar o
progresso.
Não há no
Universo lugares
reservados para
o inferno
9. A
infelicidade é,
portanto, a
conseqüência
natural da
imperfeição do
Espírito e
existe em
virtude de suas
necessidades
evolutivas. O
sofrimento não é
eterno, porque o
mal também não o
é. À medida que
a criatura
progride em amor
e sabedoria, o
sofrimento se
atenua, e dia
virá em que a
consciência mais
denegrida
experimentará,
no íntimo, a luz
radiosa da
alvorada do amor
de Jesus.
10. Felicidade e
infelicidade
são, desse modo,
proporcionais às
realizações e
conquistas
efetivas
registradas pela
criatura humana
em suas
experiências
evolutivas. A
consciência
harmonizada com
a Vontade Divina
reflete o Amor
Sublime e
objetiva o bem;
a paz interior e
a felicidade em
sua plenitude
são mera
decorrência
disso.
11. O homem em
desequilíbrio
interior, ao se
voltar para o
mal, incorre nos
mecanismos da
Justiça Divina,
que, por meio da
dor ou do
sofrimento, o
estimula ao
reajuste e à
reparação dos
seus erros. Do
homem depende,
pois, a duração
do seu
sofrimento.
Quanto mais cedo
se utilizar do
seu
livre-arbítrio
para progredir,
mais cedo se
libertará do
jugo da dor.
12. No Universo
não há lugares
reservados para
o inferno, pois
a dor,
independentemente
do lugar em que
se manifeste,
opera a
renovação do
homem. Há,
porém, lugares
de penitência no
plano invisível,
em que o
sofrimento se
apresenta sob
diversas formas
e intensidade.
Mas esses
lugares não se
assemelham ao
inferno em sua
tradicional
acepção, visto
que se
constituem em
agrupamentos
provisórios, que
se extinguirão
com a evolução
dos seres que os
freqüentam.
Respostas às
questões
propostas
1. A
doutrina das
penas eternas,
constante da
teologia
católica, é
admitida pelo
Espiritismo?
R.: Não. A tese
da eternidade
das penas
reservadas
àqueles que
infringem as
leis do bem e do
amor, tanto
quanto a
existência do
inferno, não
resistem a uma
análise
objetiva. O
raciocínio
lógico
conduz-nos à
seguinte
premissa: Se o
Espírito sofre
em função do mal
que praticou,
sua infelicidade
deve ser
proporcional à
falta cometida.
2. Qual é a
principal
crítica que
podemos fazer,
com base nas
lições de Jesus,
à doutrina das
penas eternas?
R.: A principal
objeção à
doutrina das
penas eternas
fundamenta-se no
fato de que
Jesus enfatizou
a idéia de que
Deus é Pai
misericordioso e
bom e que, das
ovelhas que o
Pai lhe confiou,
nenhuma se
perderia. Ao dar
seu testemunho
inequívoco da
Bondade e do
Amor de Deus,
Jesus dizia que
o Pai celeste
não quer que
pereça um só de
seus filhos. A
condenação
perpétua não se
coaduna, pois,
com a idéia
cristã da
sublimidade da
justiça e da
misericórdia
divinas.
3. De que ordem
de idéias surgiu
a doutrina da
eternidade das
penas
consubstanciada
na teologia
católica?
R.: A doutrina
das penas
eternas surgiu
das idéias
primitivas que
conceberam a
existência de um
Criador
irritável e
mal-humorado –
um Deus irado e
vingativo, a
quem o homem
atribuiu
características
puramente
humanas.
4. Qual é a
causa da
infelicidade que
acomete grande
parte dos seres
humanos?
R.: A
infelicidade é a
conseqüência
natural da
imperfeição do
Espírito e
existe em
virtude de suas
necessidades
evolutivas. O
sofrimento não é
eterno, porque o
mal também não o
é. À medida que
a criatura
progride em amor
e sabedoria, o
sofrimento se
atenua, e dia
virá em que a
consciência mais
denegrida
experimentará,
no íntimo, a luz
radiosa da
alvorada do amor
de Jesus.
5. Há no
Universo lugares
reservados para
o inferno?
R.: Não. No
Universo não há
lugares
reservados para
o inferno, pois
a dor,
independentemente
do lugar em que
se manifeste,
opera a
renovação do
homem. Há, sim,
lugares de
penitência no
plano invisível,
em que o
sofrimento se
apresenta sob
diversas formas
e intensidade.
Mas esses
lugares não se
assemelham ao
inferno em sua
tradicional
acepção, visto
que se
constituem em
agrupamentos
provisórios, que
se extinguirão
com a evolução
dos seres que os
freqüentam.
Bibliografia:
O
Céu e o Inferno,
de Allan
Kardec, Parte 1,
itens 2, 7, 10,
21 e 33.
O
Evangelho
segundo Mateus,
5:44-48 e
18:14.
O
Evangelho
segundo João,
6:39 e 10:16.
O
Consolador,
de Emmanuel,
psicografado por
Chico Xavier,
questão 244.