Teresa Cristina
Rossi:
“Não percam a
oportunidade de
conviver com o
jovem”
Como o trabalho
com a juventude
espírita numa
pequena cidade
do interior de
Minas Gerais
conseguiu
produzir tanto
na área
do estudo e da
divulgação
espírita
Natural e
residente na
pequena cidade
de Monte Santo
de Minas, em
Minas Gerais,
Teresa Cristina
Rossi (foto) é
servidora do
TJ-MG e
pós-graduada em
Direito Civil e
Processo Civil.
Espírita desde
1987,
aproximou-se do
Espiritismo para
entender as
razões e
perguntas da
própria vida. Na
cidade em que
mora, coordena a
Mocidade
Espírita do
Centro Espírita
Amor e Caridade,
que completou
seu primeiro
centenário no
início de 2008.
Suas respostas
revelam o
dinamismo dessa
valorosa
companheira de
ideal.
O Consolador:
Situe a cidade
de Monte Santo
de Minas em seu
Estado, região,
economia e
perfil do
município.
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Monte Santo de
Minas é pequena
cidade,
localizada no
sudoeste de
Minas Gerais,
com a população
de 20.000
habitantes,
sendo que grande
parte ainda
reside na zona
rural. O forte
da economia
sempre foi o
café, com
algumas
diversificações
em cultivo de
cereais, cana de
açúcar, gado.
Portanto é aí
que está a base
da economia,
porque a cidade
não tem
indústrias. A
sua renda per
capita é baixa.
Cidade dos
antigos
coronéis,
grandes
latifundiários
que atuavam
inclusive na
política.
O Consolador:
E no movimento
espírita, como
se apresenta a
cidade? Quantas
Instituições?
O movimento
espírita é
respeitado pelo
trabalho sério
que suas três
Casas efetuam. A
população,
embora sendo de
maioria
católica, recebe
do movimento
espírita
participação
efetiva a nível
assistencial,
social, como é o
caso do Lar
Allan Kardec,
que abriga
menores de 7 a
14 anos, e a
Vila Allan
Kardec, que
abriga 70
idosos, e por
que não dizer
cultural, não
esquecendo que
sua biblioteca
oferece um
grande acervo de
livros espíritas
que ficam à
disposição da
população.
O Consolador:
Que significado
tem para a
cidade o Centro
Espírita Amor e
Caridade, que já
atingiu seu
primeiro
centenário?
O Centro
Espírita Amor e
Caridade,
fundado em 26 de
junho de 1908,
foi um marco na
história de
Monte Santo.
Imagine que 50
anos depois da
publicação de O
Livro dos
Espíritos, nossa
cidade já lia O
Evangelho
segundo
Espiritismo no
início das
reuniões. Pois
os seus
fundadores eram
europeus, que
vieram aqui
trabalhar. Esta
descrição foi a
de uma espírita
falando do seu
significado,
agora, para os
montessantenses.
O Consolador:
De onde vem o
intenso
movimento
juvenil da
cidade?
O movimento
juvenil sempre
existiu na Casa,
com algumas
interrupções,
mas a semente já
estava plantada.
Por volta de
1990 notamos que
faltava espaço
para jovens nas
reuniões, e a
presidência da
Casa nos
incentivou a dar
prioridade a
eles, já que eu
me identificava
muito com esse
trabalho. A
partir daí
buscamos
informações
junto à União
Espírita
Mineira,
trouxemos o
material,
começamos
aplicá-lo e com
o tempo fomos
adaptando-o às
necessidades de
nossos jovens.
O Consolador:
Ele se integra a
cidades da
região também?
O movimento
jovem foi se
fortalecendo e
começamos a
visitar outros
jovens de outras
cidades vizinhas
e foi dando
certo. A Jussara
e o pessoal de
Passos
formalizaram
esses encontros,
que passaram a
chamar-se
Encontro
Regional de
Mocidades
Espíritas,
realizado todos
os anos. Já
estamos no
décimo ano
consecutivo. O
encontro maior,
de dois dias,
ocorre
geralmente em
outubro, e
outros em quatro
prévias em
cidades
diferentes para
trabalhar o tema
central, e por
aí vai.
O Consolador:
Qual a
programação
básica, os
livros e as
dinâmicas
utilizadas?
A programação
básica está nas
abordagens de
temas atuais
fundamentados
nas obras
básicas. É
importante tirar
o personalismo e
ar professoral,
deixando claro
que também
aprendemos e não
somos os donos
da verdade.
Dividimos
experiências,
por isso
tentamos mostrar
a eles a
importância de
acertar nas
escolhas, e na
grande
oportunidade que
estão tendo.
O Consolador:
Você pode dizer
que o jovem
espírita da
cidade tem vivo
interesse pelo
conhecimento
espírita, apesar
de todos os
apelos mundanos?
A que atribuir
exatamente esse
interesse?
O jovem é
curioso, ele
quer saber tudo
que o rodeia,
ele está aberto
para conceitos e
informações sem
preconceito. E o
jovem espírita
também sofre com
os apelos
mundanos, só que
ele tem um
diferencial que
é a
responsabilidade
de conhecer uma
outra realidade.
Por exemplo, sua
atitude
refletirá na sua
felicidade ou
infelicidade e
também na
daquele que com
ele interage.
Estamos vivendo
uma experiência
interessante.
Todos queriam
saber mais sobre
mediunidade,
criamos então um
grupo de estudo
teórico de
mediunidade com
a apostila da
Therezinha
Oliveira. Ficou
legal.
O Consolador:
Qual a faixa
etária dos
jovens? Casais
também
participam? E
eles também
estão integrados
às demais
atividades da
instituição?
As nossas aulas
são elaboradas
para jovens de
14 a 21 anos.
Essa é a faixa
etária, mas
freqüentam a
mocidade pessoas
de outras
idades,
inclusive
casais, sem que
isso comprometa
as atividades. A
integração do
jovem em outras
atividades da
Casa ainda é
pequena, mas
acredito que uma
nova consciência
está nascendo.
O Consolador:
A cidade possui
clube do livro?
Já realizou
feira do livro?
O livro espírita
tem muita
aceitação em
nossa cidade, e,
como já disse,
temos uma vasta
biblioteca, com
livros
adquiridos
através de
doações e também
de feiras de
livros que ficam
à disposição da
comunidade
diariamente, em
forma de
empréstimos.
Aqui, ainda não
temos o clube do
livro, mas é uma
proposta
interessante a
ser lançada.
O Consolador:
Você considera
que a internet
exerceu
influência para
o crescimento do
movimento
espírita da
cidade?
Sem dúvida, a
internet é um
veículo
poderoso, por
ser instantâneo
e nos permitir o
contato direto
com o que há de
melhor no meio
espírita. É
certo que
primeiro é
necessário a
base, para saber
discernir o que
é realmente
doutrina
espírita. Com a
internet podemos
daqui de nossa
cidadezinha
acompanhar, por
exemplo, um
seminário na
Bahia e ainda
estar por dentro
de lançamentos
de livros e
conhecer os
trabalhos dos
espíritas pelo
mundo afora.
O Consolador:
Cite um fato
marcante na
história
espírita da
cidade.
O nosso Centro
Espírita tinha
uma farmácia
homeopática,
onde eram
fornecidos
medicamentos
para a
população. O
médium recebia o
Espírito de um
médico, era
freqüente a
presença do Dr.
João Ribeiro,
que aviava
receitas que
eram manipuladas
no próprio
centro. Consta
em um jornal
antigo da cidade
que durante a
gripe espanhola
que assolou o
mundo a nossa
casa, o Centro
Espírita Amor e
Caridade,
trabalhou muito
para socorrer as
pessoas
infectadas.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Eu sugiro a
todos que não
percam a
oportunidade de
conviver com o
jovem. Quando
estiverem diante
de um, olhem em
seus olhos e
verão que ali
está a vida
pulsante, a
alegria, a
espontaneidade.
Acreditem em seu
potencial e
escutem com
atenção o que
ele tem a dizer.
Com certeza irão
se surpreender
com sua
sapiência.
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