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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 2 - N° 97 - 8 de Março de 2009 

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

 

Izabel Vitusso:

“O Espiritismo é ciência e oferece campo infinito para pesquisa”

O 4º Encontro dos Historiadores e Pesquisadores, realizado
no ano passado, dada a qualidade e a quantidade de
pesquisas acadêmicas que apresentou, fortaleceu a
ideia de que Espiritismo é ciência e abre um campo
imenso à pesquisa
 

Izabel Vitusso (foto), nossa entrevistada da semana, nasceu na cidade paulista de São Bernardo do Campo e atualmente reside em São Paulo, onde trabalha como jornalista, sendo também editora do jornal espírita Correio Fraterno. Apreciadora da leitura e da literatura, Izabel vem colaborando há anos com a imprensa espírita, tendo, ainda, trabalhado como editora do jornal espírita Nova Aliança, da cidade de Uberlândia (MG).

Entusiasmada pela divulgação da Doutrina Espírita, Izabel participou recentemente do 4º Encontro Nacional dos Historiadores Espíritas e gentilmente dividiu esta e outras  experiências  com  os   leitores  de

nossa revista, na entrevista a seguir: 

O Consolador: Você reside na capital paulista há quanto tempo? 

Nascida em São Bernardo, ABC paulista, morei 18 anos em terras mineiras (BH e Uberlândia) e há oito anos vim para São Paulo, capital. 

O Consolador: Como conheceu o Espiritismo? 

Meus avós já eram espíritas e desde pequena iniciei-me no movimento espírita, acompanhando meus pais e irmãos. 

O Consolador: Já ocupou ou ocupa algum cargo de dirigente espírita? 

Em Uberlândia coordenava o DIJ, Departamento de Infância e Juventude, no Centro Espírita Joana d´Arc. Lá fui editora do jornal Vida Espírita, da AME (Aliança Municipal Espírita). Aqui em São Paulo, estou na presidência da Editora Espírita Correio Fraterno e também represento o Departamento de Comunicação do CCDPE- Centro de Cultura, Desenvolvimento e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro. 

O Consolador: Sabemos que sua vida está intimamente ligada à imprensa e à literatura espírita. Quais são para você as obras espíritas indispensáveis? 

Na base de tudo, sem dúvida, estão as obras da codificação, incluindo o rico material deixado por Allan Kardec na Revista Espírita. Os livros de André Luiz, Léon Denis, Emmanuel, Yvonne Pereira, Herculano Pires, Hermínio Miranda sempre foram minhas principais referências. Foram elas que me ajudaram a formar minha base doutrinária na adolescência, período em que eu lia quase compulsivamente.  

O Consolador: De que forma você, como editora do jornal espírita Correio Fraterno, analisa as muitas obras espíritas que têm sido publicadas ultimamente?  

Penso que vivemos um momento intenso de buscas, num país em que a religiosidade é latente. As massas vêm crescentemente se interessando pelo espiritualismo. É evidente que o mercado livreiro segue a tendência do consumo, incluindo o mercado do livro espírita. E o que vemos é uma enxurrada de livros sendo lançados, atendendo à demanda. Nessa ciranda, o Espiritismo, de um lado, se beneficia, porque nunca se leu tanto sobre tantos assuntos. Mas perde fôlego, pela grande quantidade de obras confusas, em relação aos fundamentos do Espiritismo, e que pouco acrescentam em profundidade e reflexão. Não seria mais útil se ler um pouco menos e refletir um pouco mais? 

O Consolador: Fale-nos um pouco da experiência de participar do encontro Nacional dos Historiadores Espíritas? Quais as experiências aquilatadas no citado encontro? 

O 4º Encontro dos Historiadores e Pesquisadores, promovido em setembro último pelo Centro de Cultura CCDPE e a Liga dos Historiadores e Pesquisadores de Espiritismo, foi de extrema importância, pela integração, pelo fortalecimento da ideia de que Espiritismo é ciência e oferece campo infinito para pesquisa. Prova disso foi a qualidade e a quantidade de pesquisas acadêmicas apresentadas. Também foi um momento importante para nós da mídia espírita, quando se refletiu sobre o poderoso instrumento que ela representa para a preservação da memória espírita. Nesse quesito, o assunto girou em torno da própria história do jornal Correio Fraterno, que em 40 anos de circulação reuniu um acervo grande de preciosidades sobre a história do Espiritismo no Brasil e no mundo.  

O Consolador: Como sua formação é em comunicação social, pedimos que faça uma análise de como está a comunicação entre os espíritas? Falta-nos algo? Será que o espírita está sabendo se comunicar com o universo de pessoas não-espíritas? 

Vivemos tempos de mudanças aceleradas. Nosso comportamento como consumidores, ouvintes, leitores vem se alterando rapidamente. Nós espíritas precisamos entender a necessidade de adequarmos a forma de nos comunicar, atendendo ao novo perfil das pessoas interessadas no Espiritismo. Ser coerente com a Doutrina não nos obriga a escrevermos e falarmos com vocabulário e formação de frases muito comuns 60 anos atrás. Outro hábito que desenvolvemos é o de falarmos usando o discurso restrito para nós espíritas, como se não houvesse pessoas não-espíritas interessadas em saber sobre ele. Adequar-se ao tempo da globalização, a meu ver, inclui ações como essas.  

O Consolador: Em março comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Até quando deveremos ter datas comemorativas para nos fazer lembrar de coisas elementares, como, por exemplo, o respeito e dignidade que toda mulher merece? 

Parece-me que a sociedade levará um tempo ainda estabelecendo datas que a remetam a ritos e passagens. Não acho que ter datas comemorativas estabelecidas seja propriamente um problema. O dano está na visão rasa das pessoas diante dela. É Dia das Mães, entrega-se um presente, mas não se aproveita a data para uma avaliação do relacionamento familiar, ou mesmo sobre as iniciativas individuais no campo benemérito que poderiam amenizar questões sociais como a orfandade, por exemplo. Promover reflexões mais aprofundadas nessas datas é um trabalho com que as casas espíritas têm muito a contribuir. O que não podemos é nos restringir a reclamar que tais comemorações atendem hoje apenas aos apelos mercadológicos. Esse é um dos discursos que precisa mudar. 

O Consolador: Diante da crise econômica mundial e do pedido sistemático de alguns políticos para que não paremos de consumir, como o espírita deve se portar em face dos apelos consumistas? 

O espírita, conquanto se esforce para manter suas ações e pensamentos ajustados com o que nos ensina a Doutrina Espírita, vive no mundo da matéria, às voltas com os apelos do consumo. Vai do bom senso de cada um estabelecer, em tempo ou não de crise, o que julga uma relação saudável no campo do consumo e da posse. Nós espíritas só não podemos atrelar o ato de consumir a algo pecaminoso. O risco está sim no apego à matéria, nas aquisições compulsivas e desenfreadas, no egocentrismo, na vaidade exacerbada, fruto do egoísmo que impede nosso verdadeiro progresso. E é justamente quando o progresso precisa avançar que a crise aparece. Isso é o que nos ensina O Livro dos Espíritos, no cap. VIII, da Lei do Progresso.  

O Consolador: Suas palavras finais. 

Agradeço o carinho e a oportunidade de refletir sobre essas importantes questões. É esta reflexão e a troca de idéias que nos fazem apreender, melhorar e avançarmos juntos.   


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita