nossa revista,
na entrevista a
seguir:
O Consolador:
Você reside na
capital paulista
há quanto tempo?
Nascida em São
Bernardo, ABC
paulista, morei
18 anos em
terras mineiras
(BH e
Uberlândia) e há
oito anos vim
para São Paulo,
capital.
O Consolador:
Como conheceu o
Espiritismo?
Meus avós já
eram espíritas e
desde pequena
iniciei-me no
movimento
espírita,
acompanhando
meus pais e
irmãos.
O Consolador: Já
ocupou ou ocupa
algum cargo de
dirigente
espírita?
Em Uberlândia
coordenava o
DIJ,
Departamento de
Infância e
Juventude, no
Centro Espírita
Joana d´Arc. Lá
fui editora do
jornal Vida
Espírita, da AME
(Aliança
Municipal
Espírita). Aqui
em São Paulo,
estou na
presidência da
Editora Espírita
Correio Fraterno
e também
represento o
Departamento de
Comunicação do
CCDPE- Centro de
Cultura,
Desenvolvimento
e Pesquisa do
Espiritismo
Eduardo Carvalho
Monteiro.
O Consolador:
Sabemos que sua
vida está
intimamente
ligada à
imprensa e à
literatura
espírita. Quais
são para você as
obras espíritas
indispensáveis?
Na base de tudo,
sem dúvida,
estão as obras
da codificação,
incluindo o rico
material deixado
por Allan Kardec
na Revista
Espírita. Os
livros de André
Luiz, Léon
Denis, Emmanuel,
Yvonne Pereira,
Herculano Pires,
Hermínio Miranda
sempre foram
minhas
principais
referências.
Foram elas que
me ajudaram a
formar minha
base doutrinária
na adolescência,
período em que
eu lia quase
compulsivamente.
O Consolador: De
que forma você,
como editora do
jornal espírita
Correio
Fraterno,
analisa as
muitas obras
espíritas que
têm sido
publicadas
ultimamente?
Penso que
vivemos um
momento intenso
de buscas, num
país em que a
religiosidade é
latente. As
massas vêm
crescentemente
se interessando
pelo
espiritualismo.
É evidente que o
mercado livreiro
segue a
tendência do
consumo,
incluindo o
mercado do livro
espírita. E o
que vemos é uma
enxurrada de
livros sendo
lançados,
atendendo à
demanda. Nessa
ciranda, o
Espiritismo, de
um lado, se
beneficia,
porque nunca se
leu tanto sobre
tantos assuntos.
Mas perde
fôlego, pela
grande
quantidade de
obras confusas,
em relação aos
fundamentos do
Espiritismo, e
que pouco
acrescentam em
profundidade e
reflexão. Não
seria mais útil
se ler um pouco
menos e refletir
um pouco mais?
O Consolador:
Fale-nos um
pouco da
experiência de
participar do
encontro
Nacional dos
Historiadores
Espíritas? Quais
as experiências
aquilatadas no
citado encontro?
O 4º Encontro
dos
Historiadores e
Pesquisadores,
promovido em
setembro último
pelo Centro de
Cultura CCDPE e
a Liga dos
Historiadores e
Pesquisadores de
Espiritismo, foi
de extrema
importância,
pela integração,
pelo
fortalecimento
da ideia de que
Espiritismo é
ciência e
oferece campo
infinito para
pesquisa. Prova
disso foi a
qualidade e a
quantidade de
pesquisas
acadêmicas
apresentadas.
Também foi um
momento
importante para
nós da mídia
espírita, quando
se refletiu
sobre o poderoso
instrumento que
ela representa
para a
preservação da
memória
espírita. Nesse
quesito, o
assunto girou em
torno da própria
história do
jornal
Correio Fraterno,
que em 40 anos
de circulação
reuniu um acervo
grande de
preciosidades
sobre a história
do Espiritismo
no Brasil e no
mundo.
O Consolador:
Como sua
formação é em
comunicação
social, pedimos
que faça uma
análise de como
está a
comunicação
entre os
espíritas?
Falta-nos algo?
Será que o
espírita está
sabendo se
comunicar com o
universo de
pessoas
não-espíritas?
Vivemos tempos
de mudanças
aceleradas.
Nosso
comportamento
como
consumidores,
ouvintes,
leitores vem se
alterando
rapidamente. Nós
espíritas
precisamos
entender a
necessidade de
adequarmos a
forma de nos
comunicar,
atendendo ao
novo perfil das
pessoas
interessadas no
Espiritismo. Ser
coerente com a
Doutrina não nos
obriga a
escrevermos e
falarmos com
vocabulário e
formação de
frases muito
comuns 60 anos
atrás. Outro
hábito que
desenvolvemos é
o de falarmos
usando o
discurso
restrito para
nós espíritas,
como se não
houvesse pessoas
não-espíritas
interessadas em
saber sobre ele.
Adequar-se ao
tempo da
globalização, a
meu ver, inclui
ações como
essas.
O Consolador: Em
março
comemoramos o
Dia
Internacional da
Mulher. Até
quando deveremos
ter datas
comemorativas
para nos fazer
lembrar de
coisas
elementares,
como, por
exemplo, o
respeito e
dignidade que
toda mulher
merece?
Parece-me que a
sociedade levará
um tempo ainda
estabelecendo
datas que a
remetam a ritos
e passagens. Não
acho que ter
datas
comemorativas
estabelecidas
seja
propriamente um
problema. O dano
está na visão
rasa das pessoas
diante dela. É
Dia das Mães,
entrega-se um
presente, mas
não se aproveita
a data para uma
avaliação do
relacionamento
familiar, ou
mesmo sobre as
iniciativas
individuais no
campo benemérito
que poderiam
amenizar
questões sociais
como a
orfandade, por
exemplo.
Promover
reflexões mais
aprofundadas
nessas datas é
um trabalho com
que as casas
espíritas têm
muito a
contribuir. O
que não podemos
é nos restringir
a reclamar que
tais
comemorações
atendem hoje
apenas aos
apelos
mercadológicos.
Esse é um dos
discursos que
precisa mudar.
O Consolador:
Diante da crise
econômica
mundial e do
pedido
sistemático de
alguns políticos
para que não
paremos de
consumir, como o
espírita deve se
portar em face
dos apelos
consumistas?
O espírita,
conquanto se
esforce para
manter suas
ações e
pensamentos
ajustados com o
que nos ensina a
Doutrina
Espírita, vive
no mundo da
matéria, às
voltas com os
apelos do
consumo. Vai do
bom senso de
cada um
estabelecer, em
tempo ou não de
crise, o que
julga uma
relação saudável
no campo do
consumo e da
posse. Nós
espíritas só não
podemos atrelar
o ato de
consumir a algo
pecaminoso. O
risco está sim
no apego à
matéria, nas
aquisições
compulsivas e
desenfreadas, no
egocentrismo, na
vaidade
exacerbada,
fruto do egoísmo
que impede nosso
verdadeiro
progresso. E é
justamente
quando o
progresso
precisa avançar
que a crise
aparece. Isso é
o que nos ensina
O Livro dos
Espíritos,
no cap. VIII, da
Lei do
Progresso.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Agradeço o
carinho e a
oportunidade de
refletir sobre
essas
importantes
questões. É esta
reflexão e a
troca de idéias
que nos fazem
apreender,
melhorar e
avançarmos
juntos.