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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 3 - N° 121 – 23 de Agosto de 2009

 

O raio de luz

 

Certa vez, há muito tempo, um jovem de bons sentimentos e coração generoso, vivia atormentado sem saber como agir em determinadas circunstâncias.  

Esse jovem tinha amigos cujas atitudes não eram as mais corretas. Todavia, ele reconhecia neles qualidades outras que os faziam dignos de apreço. 

Perto de sua casa, existiam mulheres com as quais ele convivia, e que o povo afirmava serem pessoas de vida dissoluta, merecedoras de execração e desprezo. No entanto, certa ocasião quando adoecera e precisara de socorro, elas o haviam atendido com dedicação e devotamento, trazendo-lhe alimentação e remédios, e cuidando dele até que estivesse curado e pronto para retornar ao serviço. 

Havia um homem que afirmavam ser um bandido da pior espécie, tendo cometido vários crimes e sendo procurado pela polícia. Contudo, o jovem o ficara conhecendo no mercado, e conversara com ele, identificando nele apenas um infeliz que, por muito sofrer, acabara se desencaminhando.   

Sem saber como agir, encontrando um ancião, tido por sábio, aproximou-se dele e perguntou-lhe: 

— Diga-me, meu bom homem, como proceder em relação às pessoas de má vida? A sociedade nos cobra uma postura de afastamento, de desprezo e de indiferença, para que não nos tornemos como elas, copiando-lhes o comportamento errôneo. O que me diz a respeito disso?   

O ancião cofiou as longas barbas brancas, pensou por alguns instantes,

depois lhe perguntou:   

— Meu jovem, acaso já observou o pântano, coberto de impurezas? 

— Sim! A lama nos obriga ao afastamento para não nos contaminarmos com a sujeira que ali impera. 

O ancião calou-se, pensativo, depois tornou: 

— Meu jovem, nesse mesmo pântano onde a imundície reina, um raio de luz que desce do alto varando as trevas, toca a lama sem contaminar-se. Ajuda-a, aquece-a, seca-a, e afasta-se puro e luminoso como chegou. 

O moço sorriu, entendendo o elevado ensinamento. Compreendeu que a sujeira está em quem a carrega. Que podemos nos aproximar das pessoas, ajudar, conviver, sem nos deixarmos envolver por suas atitudes negativas. 

O velho sábio, com os olhos perdidos à distância, completou: 

— Pois não era exatamente assim que o Mestre de Nazaré agia em relação aos que o procuravam, ensinando-nos a fazer o mesmo? Jesus fez de todos os desprezados pela sociedade, mendigos, doentes, prostitutas, sofredores, os seus prediletos, afirmando que não são os que gozam de saúde que precisam de médico, mas os doentes.     

O jovem respirou fundo, ergueu os olhos para o céu, sentindo-se estranhamente feliz e revigorado. Aquela resposta era tudo o que ele precisava ouvir.  

Ergueu-se, agradeceu ao ancião e partiu, levando em seu íntimo a convicção de estar agindo corretamente. 

E desse dia em diante, ainda com mais carinho, dedicou-se aos desafortunados da sorte, fazendo por eles tudo o que estava ao seu alcance. (Mensagem de Léon Tolstoi, psicografada por Célia Xavier Camargo em 30 de julho de 2009.)
 

                                                                Tia Célia   

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita