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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 3 - N° 142 - 24 de Janeiro de 2010

 

O ermitão

 

Um homem bondoso, cheio de fé, um dia resolveu afastar-se do mundo para meditar sobre a finalidade da vida. Queria servir a Deus e não sabia como. 

Desejando obter a resposta para suas dúvidas, apesar do protesto da esposa e dos filhos, abandonou casa e família, saindo a peregrinar.  

Caminhando sem rumo, seus passos o conduziram a uma montanha que via ao longe. Resolveu subir, pois lá, bem no alto, acreditava que estaria mais perto de Deus.  

Encontrou uma gruta e ali permaneceu protegido do vento e do frio, da chuva e dos animais selvagens. Entre preces e meditações passava os dias, mas a resposta de Deus não vinha. 

Contemplando a paisagem que se descortinava diante de seus olhos, a beleza da Criação, onde tudo funcionava na mais perfeita ordem, entendeu que na Natureza deveria encontrar a resposta para seus questionamentos. 

Aproximou-se da fonte cristalina que lhe mitigava a sede e falou: 

— Minha amiga fonte, você é feliz. Encontrou a finalidade da sua existência, correndo entre as pedras, sem parar, e ajudando a todos os que a procuram para matar a sede.  
 

Mais adiante observou uma grande árvore, em cuja sombra se acomodou, e entendeu que ela também exercia a tarefa para a qual fora criada. 

Com carinho, abraçou o tronco possante e disse: 

— Amiga árvore, você é feliz, pois entendeu a razão da sua vida, dando frutos saborosos, sombra fresca e protegendo sob sua copa os animais e pássaros que a procuram.    

Olhando para o solo, analisou o trabalho das pequenas formigas que, com grande esforço, carregavam alimento para o formigueiro, servindo às suas companheiras. 

Abaixando-se, murmurou com afeto: 

— Vocês também, minha amiguinhas, executam suas tarefas.        

E assim, observando tudo o que existia à sua volta, o Ermitão pensava: 

— Tudo tem uma finalidade na vida e todos agem de acordo com suas condições. E eu, Senhor? O que devo fazer? Mostra-me um caminho! 

Certo dia, o bom homem estava entregue a suas orações quando ouviu um gemido. Ergueu-se rápido e embrenhou-se na mata para descobrir de onde vinham os gemidos.  

Encontrou um pobre homem que caíra num barranco, ficando muito machucado. Sem poder se locomover, febril, delirava. 

O Ermitão desceu o barranco, e, com tremendo esforço, conseguiu retirá-lo daquele lugar. Ele estava bastante machucado e deveria ter ficado muito tempo ali, sem socorro.  

Cheio de compaixão, colocou o ferido nas costas e levou-o até seu refúgio. Acomodou-o no meio das palhas com carinho. Deu-lhe água e verificou o estado de sua perna. A ferida sangrava muito.

Fez um curativo com ervas que colheu ali perto. Depois, deu-lhe a beber um chá, feito com uma planta curativa, também recolhida da mata, para diminuir-lhe a dor. 

Em poucos dias o homem estava com outro aspecto. Alimentava-se e conversava com o Ermitão, que considerava seu salvador. 

— Nem sei como lhe agradecer. Foi Deus que o enviou. Se não fosse você, certamente eu teria morrido. Você salvou minha vida — disse, emocionado. 

Ao ouvir essas palavras, o Ermitão lembrou-se da família que ficara desamparada e pensou: “E se fosse um filho meu que estivesse ferido, precisando de socorro?”  

E, naquele momento, o Ermitão entendeu que a finalidade da sua existência era ajudar o próximo necessitado, usando de suas potencialidades e conhecimentos. Que Deus não desejava que ficasse isolado, entregue a orações, quando tanta gente precisava dele, inclusive sua família, que ele havia abandonado para peregrinar. 

Assim, o Ermitão desceu a montanha voltando para seu lar, assumindo suas responsabilidades como chefe de família, e, muito satisfeito da vida, passou a socorrer todos os necessitados que encontrava.


Nota:  
Este conto é de autoria do Espírito de Léon Tolstoi, psicografia de Célia Xavier Camargo.


                                                                        Tia Célia   

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita