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Ano 3 - N° 147 - 28 de Fevereiro de 2010

 


É possível discutir futebol, política e religião?

 
Há um consenso, pelo menos aqui no Brasil, de que política, futebol e religião são assuntos que não se discutem. Concordamos, obviamente, com tal pensamento, embora com ressalvas.

É claro que o argentino e o brasileiro, quando lhes perguntam qual o maior jogador de futebol da história, jamais chegarão a um acordo, porque nesse tipo de discussão entra o fator nacionalismo, que impede ao argentino reconhecer que existiu na Terra alguém superior a Maradona, algo que é, contudo, perfeitamente possível a uma pessoa, nascida ou não na Argentina, destituída de preconceitos em relação ao tema.

Em política dá-se o mesmo. Um ex-udenista jamais admitirá Juscelino Kubitschek de Oliveira como um estadista que deveríamos reverenciar sempre, conquanto haja pessoas, que um dia foram filiadas à UDN, que o admitem, desde que igualmente desprovidas do espírito partidário que só vê qualidades em seus companheiros e apenas defeitos nos oponentes.

Ocorre no tocante à religião algo semelhante. Pastores evangélicos inúmeros têm um prazer especial em combater o Espiritismo e disseminar em seus templos ideias que ocasionam, muitas vezes, verdadeiro pavor por tudo que diga respeito à Doutrina codificada por Kardec.

Há, contudo, pastores que se tornaram espíritas atuantes, como o confrade Izaias Claro, de Osvaldo Cruz (SP), e os que, embora professando suas crenças, têm simpatia pelas ideias espíritas, como o pastor presbiteriano Nehemias Marien, de formação calvinista, que não apenas aceita a reencarnação como também os fenômenos mediúnicos, a ponto de haver dito, em entrevista concedida a Fátima Farias, que “o Espiritismo é o mais caudaloso afluente do Cristianismo”. E mais: “Considero a Bíblia como o mais antigo livro de psicografia e mediunidade. Eu acho que Jesus era o médium perfeito, e que a mentalidade kardecista todos nós a temos”.

Com pessoas lúcidas e desprovidas de preconceitos tolos é possível, sim, discutir política, futebol e religião, mas, infelizmente, tal não é possível com pessoas como a que enviou a esta revista, no dia 12 de fevereiro, valendo-se de nomes inexistentes, várias mensagens idênticas à publicada na seção de “Cartas” da edição 146 de “O Consolador”, adiante transcrita:

De: Luciene Silva Costa (Salvador, BA)
Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 às 22:33:15
Os mortos que os espíritas vêem são satanás e os anjos dele personificados em mortos, com a mesma "aparência física" que o finado possuía quando era vivo, a mesma voz e também o mesmo jeito de falar. Mas os mortos não veem e não ouvem. Estão descansando, aguardando a ressurreição.
Luciene.

*

Mensagens rigorosamente idênticas a esta foram enviadas de um mesmo computador – IP: 187.89.230.178 – na mesma data e na mesma hora, com diferença de segundos entre uma mensagem e outra, em nome de remetentes diversos e residentes em cidades e Estados também diversos.

O autor das mensagens enviadas ignora, primeiramente, que a internet registra o número do computador que utilizamos para o envio de e-mails e, em segundo lugar, mostra que não tem conhecimento das pesquisas já publicadas em vários lugares do mundo acerca da comunicação entre nós e os chamados mortos, assunto que, por sinal, foi objeto do Especial da edição 145, publicada dois dias depois, ou seja, no dia 14 de fevereiro, que o leitor pode ler a partir deste link: http://www.oconsolador.com.br/ano3/145/especial.html.

Não sabemos qual é a crença do remetente. Se for católico, seria bom consultar o que os padres Gino Concetti e François Brune já disseram sobre o assunto. O segundo é, por sinal, autor do livro Os Mortos nos Falam, publicado em 1991 no Brasil pela Edicel.

Se for adepto das igrejas protestantes ou evangélicas, seria ótimo que lesse a entrevista que o pastor Nehemias Marien concedeu à jornalista Fátima Farias, a qual pode ser lida a partir deste link:
http://novaconsciencia.multiply.com/journal/item/75.

Agindo assim, talvez aprenda que devemos ter respeito pelas religiões dos outros. A crença religiosa é livre e é um dos direitos assegurados pela Constituição do País. Ademais, não custa nada lembrar que para criticarmos qualquer coisa é preciso primeiro conhecê-la a fundo.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita