Arnaldo
Costeira:
“Portugal tem
possibilidades
inegáveis de
levar as
caravelas da Luz
espírita pela
Europa afora”
O presidente da
Federação
Espírita
Portuguesa fala
da realidade
espírita em seu
país e das
dificuldades de
penetração do
Espiritismo nos
demais países da
Europa
|
Arnaldo
Carvalhais da
Silveira
Costeira
é espírita desde
1976 e preside a
Federação
Espírita de
Portugal (FEP).
Coronel do
Exército
Português, com
Licenciatura em
Ciências
Militares, tem
dois livros
publicados,
sendo um deles
sobre temática
espírita. O
confrade nasceu
em Lamego e
reside
atualmente em
Viseu.
Além de presidir
a Federativa
nacional, é
presidente da
Associação
Social Cultural
Espiritualista
de Viseu e
diretor do
Jornal Espírita,
editado pela FEP.
Vincula-se ainda
à
Instituição
Espírita e
Instituição
Particular de
Solidariedade
Social,
reconhecida como
tal pelo Governo
Português.
|
Na presente
entrevista, ele
fala sobre sua
iniciação no
Espiritismo e
nos diz como
anda o movimento
espírita
português.
|
O Consolador:
Como foi seu
primeiro contato
com o
Espiritismo?
Foi em 1970,
durante uma
Comissão de
Serviço militar,
na Guiné Bissau,
durante a Guerra
Colonial. Minha
esposa era
espírita e
médium, assim
como sua mãe,
tendo sido
esclarecidas e
educadas
mediunicamente
pelo Comandante
Isidoro Duarte
Santos. A
propósito da
minha
participação na
Guerra e o que
iria acontecer,
revelaram-me a
proteção e ajuda
de meu pai
desencarnado,
relatando-me
conversa pessoal
que havia tido
com ele oito
dias antes do
seu desenlace.
O Consolador:
Qual o aspecto
doutrinário do
Espiritismo que
mais lhe chama a
atenção e por
quê?
Sem dúvida que
me prendeu desde
o início o
aspecto
fenomênico,
porquanto, tendo
sido despertado
pelas revelações
atrás referidas,
apenas entrei
deliberadamente
após o
desencadear de
fenômeno
mediúnico
ocorrido com
minha própria
filha mais velha
que, com ano e
meio de idade,
manifestava
perturbação
impressionante
de realidade
então para mim
inexplicável,
ainda que a
transferência
mediúnica do
agente me tenha
empurrado
definitivamente
para o estudo da
Doutrina.
O Consolador:
Como é presidir
a Federação
Espírita
Portuguesa?
A Federação
Espírita
Portuguesa é uma
Entidade que
passou por
atribulações
tremendas não só
durante a
primeira
República, entre
os anos de 1910
e 1917, como
principalmente a
partir de 1949,
desta feita na
chamada II
República ou
regime
salazarista.
Desta forma a
reconstituição
após o 25 de
Abril foi
marcada por
grande agitação
e discordâncias
entre os
seguidores do
tempo da
clandestinidade,
marcas que
permanecem ainda
hoje
dificultando
sobremaneira a
condução das
atividades
federativas.
Todavia os
desafios sempre
nos motivaram,
pelo que se me
afigura
apaixonante a
tarefa,
extremamente
difícil, de
contribuir
simultaneamente
para uma
participação
intensa e ativa
na difusão pela
Europa da
Cultura tão
distante da
espiritualidade.
O Consolador:
Quantos centros
espíritas
existem no país?
Federados,
contamos hoje
com 64 Centros
Espíritas
havendo,
todavia, notícia
de que cerca de
80 outros estão
formados, mas
não acederam à
condição de
federados.
O Consolador:
O contato com o
Brasil tem sido
muito positivo
para Portugal
com vistas à
divulgação
espírita?
Certamente que
os contatos têm
sido muito
importantes,
especialmente
através de
Divaldo Pereira
Franco – que
ocorrem desde
1967 –, quando
visitou pela
primeira vez
Portugal num
período em que
era o
Espiritismo
proibido na
nossa terra,
como mais
recentemente
através de José
Raul Teixeira.
Mas muitos
outros
palestrantes do
país irmão por
aqui vão
deixando marcas
importantes de
divulgação
doutrinária.
Paralelamente
tem sido
importante a
expansão da
Doutrina através
dos livros,
especialmente
psicografados
por Francisco
Cândido Xavier e
Divaldo Pereira
Franco, tendo
papel importante
a FEB (Federação
Espírita
Brasileira) e o
Centro Espírita
Caminho da
Redenção, de
Salvador-BA.
O Consolador:
A Federação
Espírita
Portuguesa
também mantém
Editora?
Não. De momento
não se dedica à
edição de livros
de uma forma
sistematizada.
Há cinco anos, e
sob autorização
da FEP,
publicamos uma
edição das três
obras básicas da
Codificação.
Publicamos
recentemente,
para o VII
Congresso
Nacional de
Espiritismo, o
livro “Almas
Errantes”,
psicografado por
Isidoro Duarte
Santos, de
autoria
espiritual de
Maria Gonçalves
Duarte Santos, a
conhecida
dirigente
espírita
portuguesa
“Lia”.
Sem dúvida que
tentamos, há
alguns anos,
publicar livros
de André Luiz,
mas
compreendemos as
dificuldades
levantadas pela
FEB, de quem
precisávamos de
licenciamento
para a sua
efetivação.
O Consolador:
Quais as
principais
atividades
espíritas em
Lisboa e também
no país?
Durante o ano
ocorrem diversos
seminários,
palestras,
conferências,
Encontros
Doutrinários de
Juventudes
Espíritas,
Convívios da
Criança
Espírita, além
das atividades
das Casas
Espíritas, quer
no Estudo
Sistematizado,
quer na promoção
de Cursos
Básicos e
outros. Claro
que o
Atendimento
Fraterno, a
Fluidoterapia e
o Trabalho
Mediúnico são
atividades
prosseguidas
pelas Casas
Espíritas.
O Consolador:
Os livros
espíritas
editados no
Brasil têm sido
divulgados
também em
Portugal?
Sim, de uma
forma
generalizada. As
instituições
espíritas
recorrem
frequentemente à
importação de
obras espíritas
de diversas
editoras do
Brasil. Junto da
Federação
Espírita
Portuguesa
funciona a
Livraria
Espírita Editora
que promove a
importação de
numerosas obras
espíritas do
Brasil,
procedendo à sua
distribuição
pelas casas
espíritas em
Portugal.
O Consolador:
Quais as maiores
dificuldades
encontradas pelo
movimento
espírita
português?
Ainda hoje há
imensas
dificuldades na
divulgação
espírita, quer
em relação à
Comunicação
Social em geral,
quer por
dificuldades
levantadas ao
nível da
Religião
Tradicional
majoritária no
país, a Igreja
Católica.
Mantemos uma
ação judicial
contra o Estado
Português e a
Casa Pia de
Lisboa, a
propósito do
encerramento da
FEP nos anos
cinquenta do
século passado
pelo Governo de
Salazar,
processo cuja
conclusão poderá
abrir as portas
à credibilidade
pública da FEP e
do Movimento
Espírita
Português.
O Consolador:
E as maiores
conquistas?
Sem dúvida que
conseguimos
algumas. Já
pudemos realizar
seis Congressos
que, na sua
maioria, tiveram
tratamento nos
grandes meios de
Comunicação
Televisiva,
embora apenas
localizados no
tempo e
conseguidos com
inexcedível
trabalho
particular. Mas
podemos dizer
que conseguir em
Portugal o nome
de Allan Kardec
numa Rua,
exatamente na
cidade de Viseu,
e conseguir que
o Governo da
República
aprovasse uma
Instituição
Espírita como
Instituição
Particular de
Solidariedade
Social, também
em Viseu, são
duas portas
abertas a
iniciativas do
mesmo teor por
outras
instituições
espíritas.
O Consolador:
Pelo perfil
próprio da
Europa, na
integração entre
as diferentes
nações, a
cultura espírita
tem atingido
outros países?
Apesar do grande
trabalho levado
a cabo por
Divaldo Franco,
e mais
recentemente por
José Raul
Teixeira, a
cultura espírita
apenas se
espraia, quase
totalmente, nos
segmentos de
população
emigrante quer
de Portugal quer
do Brasil. Os
nacionais desses
países estão
ainda muito
distantes da
Doutrina, mesmo
em França, a
Pátria de
Kardec.
Verifica-se a
pouca divulgação
doutrinária na
língua desses
países pelo que
tudo está
bastante
atrasado nesse
particular.
O Consolador:
Qual a população
da capital e do
país? E quantas
instituições
espíritas na
capital?
A população de
Lisboa e zonas
limítrofes da
grande Metrópole
deverá andar
hoje entre os
2,5 e os 3
milhões, sendo
que para esta
população
deveremos ter
doze Casas
Espíritas. O
País tem pouco
mais de 10
milhões de
habitantes.
O Consolador:
Algo mais a
acrescentar?
Verifica-se que
as maiores
Instituições
espíritas se
localizam na
Região Centro. A
maior é, sem
dúvida, a
Associação de
Viseu, que
dispõe de um
salão para 650
pessoas e que
normalmente
esgota a
capacidade às
2ªs e 6ªs feiras
à noite. Depois,
segue-se a
Associação
Espírita de
Leiria, que tem
salão para cerca
de 450 pessoas,
Braga com
capacidade
idêntica, e
outra meia dúzia
de instituições
com capacidade
para 200/300
pessoas. Viseu
dispõe ainda da
TV-Espírita (www.tv-espirita.com
-
www.ascev-ipss.org)
que está em fase
de expansão e de
desenvolvimento
de programas.
Aliás, essa
instituição
dispõe ainda de
material e
instalações para
gravação em
Áudio e Vídeo,
Tipografia, além
de um Centro de
Acolhimento para
Vítimas de
Violência no
Lar, outro para
acolhimento de
Jovens Grávidas,
além de um Lar
para Idosos, os
três
Departamentos em
fase de
construção e
implementação.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Gostaria de
agradecer a
oportunidade que
me foi dada de
dar a conhecer
um pouco da
realidade do
Movimento
Espírita
Português.
Reconheço como é
difícil concitar
a solidariedade
das organizações
espíritas
internacionais,
em tempo de
derrubada de
fronteiras, que
de todo não
deveriam existir
quando de
Movimento
Espírita se
trate.
Portugal tem
possibilidades
inegáveis de
levar as
caravelas da Luz
espírita por
essa Europa
afora, precisa
apenas de que
aqueles que
abraçam a
Doutrina com
amor reconheçam
esse papel, que
não pretende
substituir a
importância de
ninguém no
contexto da
Doutrina, mas
tão-somente
participar na
difusão e
expansão da
Verdade que
precisa estar
disponível para
todos para que
se dê a
libertação.
Nós estamos na
Europa e
conhecemos a sua
realidade.
Tivéssemos nós a
ajuda declarada
e positiva
daqueles que o
podem fazer
melhor que
ninguém e
certamente tudo
poderia ser bem
diferente, a bem
da Mensagem do
Cristo.
Acreditamos que
o Mundo
espiritual está
atento e
Portugal,
certamente com a
ajuda do Brasil,
bem poderá ter
um papel mais
interventivo.
Saúdo os Irmãos
e Companheiros
do Brasil, a
quem envio um
abraço muito
fraternal em
nome do
Movimento
Espírita
Português.