 |
Problema de
Alimentação
(Parte 2 e
final)
|
Um estudo
realizado por
pesquisadores da
Universidade da
Califórnia, em
San Diego, em
2003, publicado
pela BBC Brasil,
constatou que “a
substância,
chamada de ácido
n-glicolilneurimínico
(Neu5Gc), está
presente em
grandes
concentrações na
carne de porco,
vaca e carneiro”
(2003: s/p).
Segundo o
estudo, o “corpo
humano não
consegue
sintetizar a
substância, e
ela
desencadearia
uma resposta
imunológica
nociva ao corpo.
Por sua vez,
isso poderia
provocar câncer
e doenças
cardíacas”
(Idem, 2003:
s/p).
Em outro estudo
europeu, que foi
publicado na
revista do
Instituto
Internacional do
Câncer, é
reforçada a
“tese de que o
consumo de carne
vermelha pode
provocar câncer
no intestino. Os
alimentos
incluem carnes
como as de boi,
carneiro, porco
e derivados como
o bacon e o
presunto” (Folha
On-line, 2005).
Em outra
contribuição
científica,
(...) os
pesquisadores do
Brigham and
Womens Hospital
e da Harvard
Medical School,
em Boston,
examinaram 90
mil mulheres,
que preencheram
questionários em
1991, 1995 e
1999, nos quais
registraram
a frequência com
que consumiam
mais de 130
tipos diferentes
de alimentos e
bebidas. As que
consumiram uma
porção e meia de
carne vermelha
por dia tiveram
quase dobrado o
risco de câncer
de mama
receptor-positivo
à presença de
hormônios, em
comparação com
as mulheres que
consumiram três
ou menos porções
de carne
vermelha por
semana (s/d:
s/p).
Em outro
apontamento,
alguns
pesquisadores
detectaram que
as
Células
retiradas de
tumores de
próstata
demonstraram uma
atividade nove
vezes maior do
gene chamado
AMACR, em
comparação a
células
saudáveis, de
acordo com uma
equipe da
Universidade
Johns Hopkins,
em Baltimore
(EUA). A
molécula de
ácido graxo
AMACR está
presente em
altos níveis em
laticínios e
carne vermelha.
O gene de mesmo
nome produz uma
enzima que ajuda
a quebrar as
moléculas de
ácido graxo.
Estudos
anteriores
demonstraram que
dietas ricas em
carne vermelha
estão
relacionadas a
um maior risco
de câncer de
próstata.
Os cientistas
alertaram que
ainda é muito
cedo para se
estabelecer uma
relação entre o
consumo de carne
vermelha e
laticínios e o
câncer de
próstata, mas
disseram que as
descobertas
fornecem pistas
para o
estudo da
ligação
(s/d:s/p).
E um sem-número
de publicações e
pesquisas
importantes vem
a lume,
demonstrando os
efeitos
deletérios da
alimentação
carnívora.
Como acréscimo,
Eurípedes Kühl,
estudioso do
Espiritismo,
diz:
Ao morrer, os
animais sentem –
embora não o
entendam – a
maldade que os
atinge,
provocando-lhes
tanta dor; seu
pavor e
desespero
impregnam a
carne de toxinas
e liberam, à sua
volta, fluidos
espirituais
deletérios; os
desencarnados
infelizes e
ainda jungidos
às coisas
grosseiras da
matéria absorvem
tal matéria
astral, com a
qual seus
perispíritos
ficam igualmente
impregnados; os
encarnados têm
registrado em
seus Espíritos,
como débito, a
violência que
infligiram ao
animal. No
futuro, uns e
outros terão que
eliminar do seu
envoltório
espiritual tais
resíduos
negativos,
motivados pela
culpa. E isso,
infelizmente, só
será possível
com a dor, sendo
certo, porém,
que Deus, na Sua
Misericórdia
Infinita, alivia
tal pesado
fardo,
oferecendo
redobradas
oportunidades de
minimização do
passivo, com
ações no bem em
favor do próximo
(1998: 125).
Acreditamos que
a questão 722 de
O Livro dos
Espíritos
deve ser
meditada após os
apontamentos
acima.
Considerações
finais
Como dito no
início dessa
breve reflexão,
não temos a
pretensão de
modificar o
comportamento
alimentar de
ninguém. Temos
muito a fazer
pela nossa
própria
existência sob o
ponto de vista
ético-moral.
A motivação
maior para a
publicação desse
estudo foi de
contribuir, sob
a égide
espírita, para a
questão que tem
sido vista como
insignificante
(!). Deve-se,
também, às
generalizações
que já tivemos
ensejo de ouvir
em Estudos
Sistematizados
da Doutrina
Espírita (ESDE)
de forma radical
e peremptória,
como se fossem
verdades
absolutas.
Frases do tipo:
- “O importante
não é o que
entra na boca do
homem, mas o que
sai dela.”
Ora, Jesus não
seria leviano de
determinar que
não tivéssemos
cuidados com os
alimentos e a
tudo comêssemos
sem implicações
graves ao nosso
organismo. Ele
pronunciou esse
ensinamento sob
o ponto de
vista
ético-moral.
Utilizando-se,
obviamente, de
um contexto
específico. Não
significa que a
frase deva ser
interpretada ao
pé da letra e de
modo anacrônico
para justificar
a ingestão
insofreável de
carne.
- “O importante
é o aspecto
moral. Basta
lembrar que
Hitler era
vegetariano.”
É fora de
qualquer objeção
que o aspecto
moral é o fulcro
do Espiritismo.
É a faceta mais
relevante para
que modifiquemos
a nossa condição
ontológica.
Todavia,
utilizar a
exemplificação
de Hitler é um
equívoco. Seria
tomar a parte
pelo todo. Se
assim o fosse,
dificilmente
alguém escaparia
no mundo.
Existem padres
que são
pedófilos, mas
isso não
justifica dizer
que todos o são,
ao contrário,
existem muitos
bondosos e que
realizam o seu
ministério com
afinco e amor.
Existem
espíritas que
mercadejam com a
mediunidade e
enganam as
pessoas, mas
isso não quer
dizer que todos
os espíritas
agem de tal
modo. Existem
políticos
corruptos, mas
seria equívoco
generalizar e
dizer que todos
o são. Existem
vegetarianos de
má índole,
talvez o maior
arquétipo tenha
sido Hitler, mas
não significa
que todos sejam
da mesma maneira
e coadunam com o
pensamento do
ex-totalitário.
A generalização
é um erro crasso
e não pode
servir de
argumento para o
estudioso do
Espiritismo.
- “Ficar sem
comer carne é
suicídio.”
Francamente,
essa frase nem
merecia qualquer
explicação. Mas
(pasme! caro
leitor) já
ouvimo-la e por
essa razão a
colocamos aqui.
Para o intento
de diminuir ou
mesmo acabar com
a ingestão de
carne, o ser
humano não pode
ser leviano.
Deve-se procurar
uma orientação
segura de um
médico e ir
adaptando o
organismo
paulatinamente.
A literatura
demonstra que é
exequível viver
sem carne;
lembramos ainda
que existem
atletas de alto
rendimento que
são
vegetarianos;
para além
desses, existem
pessoas comuns,
do nosso
cotidiano, que
esbanjam saúde e
são
vegetarianas.
Destarte, alegar
que a ausência
de carne é
suicídio de
forma taxativa é
um erro. E não
pode ser
perpetuada em
Estudos
Sistematizados
do Espiritismo.
Isso denota
despreparo de
quem está à
frente das
atividades. É
verdade que em
casos sui
generis a
ausência de
nutrientes de
origem animal
pode levar a
sérios prejuízos
de saúde,
todavia,
repetimos, o
médico saberá
determinar.
Logo, tal
afirmativa não
pode ser tomada
como verdade
absoluta.
- “Isso não é um
problema
importante. Nem
vale a pena ser
discutido.”
Ora, se essa
temática não
fosse relevante,
certamente, os
Espíritos não
teriam
sinalizado
quaisquer
apontamentos
sobre a mesma.
Ao contrário,
permitiriam que
comêssemos
qualquer tipo de
coisa e em
qualquer
quantidade. Mas
André Luiz,
Humberto de
Campos, Emmanuel
e Palissy são
bastante
peremptórios em
seus
posicionamentos.
Os argumentos
utilizados para
a construção
desse breve
artigo não foram
tirados de nossa
cabeça, mas de
autores
respeitáveis.
Isso, contudo,
não encerra o
assunto vultoso
e os estudos
sagazes acerca
da temática.
Por fim, sabemos
que toda
evolução ocorre
paulatinamente.
Sabemos também
que a vertente
moral é o
primordial para
todos nós. Mas
podemos caminhar
concomitantemente
com a asa da
moral e com o
intelecto que se
consubstancia
nos avanços
científicos que
permitem outras
fontes de
alimentação.
Alimentar-se
corretamente,
respeitando as
formas de vida
que servem de
alimentos para
nós, sobretudo
os animais,
constitui-se uma
faceta da
condição moral
que deve ser
atingida por
todos nós e que
não pode ser
ignorada.
Constitui-se uma
elevação!
Pretextar
ignorância sobre
os pontos aqui
ventilados não
se justifica
mais, porque
estão presentes
em importantes
obras espíritas
e estudos
acadêmicos,
basta ser um
razoável
leitor.
Reforçamos ainda
o pensamento de
que a carne
não é
algo pecaminoso.
Um interdito que
deve ser evitado
radicalmente. Ao
contrário, ainda
serve de base
alimentar para
várias pessoas.
A ciência
recentemente tem
produzido a
carne em
laboratório,
isso abre um
futuro promissor
porque os
matadouros não
serão mais
necessários. Ou
seja, os
cientistas
perceberam que a
matança que
ocorre não se
justifica diante
do avanço
científico-tecnológico
de que dispomos.
Segundo os
cientistas que
começaram a
produzi-la,
A carne
fermentada é
elaborada a
partir do
cultivo em
laboratório de
células-tronco
ou de músculo de
animais como
frangos, porcos
ou cordeiros. A
alternativa, uma
das 50 invenções
do ano segundo a
revista Time em
2009, seria
"mais saudável e
menos poluente"
e teria as
mesmas proteínas
que a carne
normal, segundo
seus defensores.
Sua produção
pode, inclusive,
ser controlada,
para evitar
doenças como o
mal da vaca
louca ou a gripe
A (H1N1,
popularmente
conhecida como
suína). (R7.COM,
2010: s/p.)
Diante disso, os
matadouros não
seriam mais
necessários. Os
animais poderiam
viver com
dignidade. Se
ainda assim,
muitos quiserem
continuar com
tais
comportamentos,
porque a carne
natural é
melhor, o animal
recém-morto ou
“fresco” é de
melhor sabor e
outras tantas
escusas
injustificáveis,
não nos compete
julgá-los.
Apenas fazemos
das palavras de
Padre Germano as
nossas
("Memórias do
Padre Germano",
de Amália
Domingos Soler,
FEB) a respeito
de Sultão:
"Pobre animal!
Pesa-me dizê-lo,
mas é a verdade:
encontrei num
cão o que nunca
pude encontrar
num homem.
Quanta lealdade,
cuidado,
solicitude!".
Referências:
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Publicada em 30
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