Regina Zanella:
“Para mim o
Espiritismo é a
própria vida”
A dirigente do
Grupo Sentieri
dello Spirito de
Milão fala
acerca de sua
iniciação no
Espiritismo e
sobre o
movimento
espírita
italiano
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Maria Regina
Amaro Zanella
(foto),
paulista de
Votuporanga,
está desde 1987
radicada em
Milão, Itália,
para onde se
mudou por
motivos
profissionais.
Trabalhadora
espírita de
atuação
fundamental na
disseminação e
divulgação da
Doutrina
Espírita na
Itália, ela nos
fala nesta
entrevista sobre
sua vida pessoal
e também sobre o
movimento
espírita
italiano.
O Consolador:
Qual sua
formação
escolar?
Sou tradutora,
intérprete e
jornalista.
O Consolador:
Que cargo você
exerce |
no
movimento
espírita?
Dirijo há 14
anos o Grupo Sentieri dello
Spirito de
Milão, no qual
já exerci várias
funções ao longo
destes anos.
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O Consolador:
Quando você se
iniciou no
Espiritismo?
Comecei meus
estudos em 1995.
O Consolador:
Houve algum fato
especial que
tenha
influenciado
esse contato?
Houve três
circunstâncias
em particular:
ter vivenciado
fatos mediúnicos
em 1994, ter
conhecido
Divaldo Pereira
Franco em 1994,
e a
desencarnação de
meu pai adotivo
em 1995.
O Consolador:
Qual foi a
reação de sua
família?
A reação foi de
não-aceitação e
contrariedade.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo –
ciência,
filosofia e
religião – qual
mais a atrai?
Os três aspectos
da Doutrina
Espírita são
complementares e
importantes, e
me identifico
com todos eles.
O Consolador: Há
algum livro
espírita que a
tenha tocado em
especial?
Sim.
Pessoalmente me
tocou muito o
livro “E a vida
continua”,
último da série
André Luiz,
psicografado por
Francisco
Candido Xavier.
Creio que foi
devido ao
momento que
estava vivendo
na época.
Acredito que
cada um de nós
pelo próprio
percurso e
necessidade se
identifique com
uma obra em
particular.
O Consolador: Se
você tivesse de
passar algum
tempo num lugar
remoto, com
acesso restrito
à atividade
espírita, que
livros espíritas
você levaria?
Os livros
básicos da obra
de Kardec; se
conseguisse
compreendê-los e
vivê-los não
necessitaria de
mais nada.
O Consolador: O
Espiritismo é,
para você, uma
religião?
No seu sentido
literal religião
deriva do verbo
religar, e se
por religar
podemos entender
o homem ao seu
criador, para
mim o
Espiritismo,
através do
conhecimento,
tem esse valor.
Se falarmos de
religião no
sentido
institucional,
não.
O Consolador:
Qual sua opinião
sobre os passes
padronizados?
Acredito que a
diferença, no
tocante ao
passe, não
resida na
“prática
espírita”, mas
no homem
“espírita”. Fico
com o que dizia
Chico Xavier:
Existem dois
tipos de passe,
o que funciona e
o que não
funciona.
O Consolador:
Você tem tido
contacto com o
movimento
espírita
brasileiro?
Considera-o
atuante ou falta
nele agora que
favoreça uma
melhor
divulgação da
doutrina?
Tenho tido
contatos o
quanto possível,
o que é
importante,
assim como o
contato com
outros países.
Não vejo
defecções graves
no movimento
brasileiro, pois
tudo faz parte
de um percurso
evolutivo até
mesmo dentro
deste.
O Consolador:
Como se
desenvolve o
movimento
espírita na
Itália?
Acredito que
cada um esteja
fazendo aqui o
que lhe é
possível, dentro
do seu próprio
raio de ação.
Einstein já
dizia que o
Universo não dá
saltos;
portanto,
fazendo cada um
a própria parte,
a doutrina
galgará o lugar
a ela destinado.
O Consolador:
Como é na Itália
a aceitação das
pessoas com
relação ao
Espiritismo?
Não é igual para
todas as
pessoas,
naturalmente,
pois cada um tem
uma vivência
própria.
Encontrei
italianos que
aceitaram a
doutrina
espírita de
imediato e a
vivem com emoção
e sentimento,
mas também
encontrei
brasileiros que
a utilizam
somente no
momento de
necessidade.
O Consolador:
Assim como
existe no mundo
de um modo
geral, também na
Itália existe um
comércio das
coisas
ditas espirituais?
O
comércio a que
você se refere
existe desde
sempre. Jesus
referiu-se aos
mercadores do
templo, e antes
dele Moisés já
havia limitado a
prática das
pitonisas, visto
que se começava
a ocorrer um
abuso na
comunicação com
a dimensão do
espírito.
O que,
pessoalmente, me
entristece nao é
somente o
comércio mas a
falta de
discernimento
das pessoas e a
pouca
predisposição
para o estudo,
para a
informação.
Acredito que a
responsabilidade
venha de ambas
as partes, desde
que, hoje em
dia, temos fácil
acesso a
informação
séria. O
imediatismo, o
querer tudo aqui
e agora, faz com
que muitas
pessoas se
precipitem, e
quem trabalha na
seara espírita
está
constantemente
em contato com
quem procura o
Espiritismo para
solução imediata
dos próprios
problemas.
Quanto à
mediunidade O
Livro dos
Médiuns é
rico manancial,
e no Evangelho
temos o capítulo
sobre a
mediunidade
gratuita. Ocorre
que nem todo
médium é
espirita, muitos
são autodidatas
e o que podemos
fazer é seguir
pelo caminho
reto e
esclarecer quem
nos procure para
esta finalidade.
Cada qual
utiliza o
próprio
livre-arbítrio.
Inicialmente um
comportamento
equivocado pode
gerar alguma
confusão, assim
como informações
mal
direcionadas.
No Brasil, por
exemplo, há
pessoas que têm
dificuldade em
diferenciar um
Centro Espírita
de outros
centros que
utilizam igualmente
a prática
mediúnica, assim
como no exterior
muitos à
primeira vista
confundem médium
espírita com
mediunidade
espontânea, às
vezes privada de
ética moral e
comportamental.
Muitos poderiam
ser os exemplos
a citar, mas a
caridade moral
nos ensina a
esclarecer e não
a acusar.
O Consolador:
Quais as maiores
dificuldades em
desenvolver o
trabalho
espírita fora do
Brasil?
As dificuldades
são várias, as
quais hoje em
dia prefiro
definir como
sendo
oportunidades e
desafios de
crescimento e
trabalho.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
violência que
existe no mundo
e como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que esse
nível se reduza?
Também aqui
existe um
processo natural
já preconizado
pelos Espíritos
amigos. Como se
diz, depois da
tempestade virá
a bonança. Jesus
já dizia que
quem o quisesse
seguir que
primeiro fizesse
as pazes com o
próprio irmão.
Nós espíritas
ainda temos
muito caminho
pela frente para
nos pacificarmos
entre nós, antes
de pensarmos
“nos outros”. Se
conseguirmos
reverter esta
situação dentro
do próprio
ambiente
espírita já será
uma vitória e um
exemplo para
todos. Muitos
espíritas não
conseguem ainda
ajudar nem mesmo
os próprios
familiares.
O Consolador:
Que importância
tem o
Espiritismo em
sua vida?
Para mim ele é a
própria vida.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Agradeço a
oportunidade e a
bondade dos
leitores em ler
estas singelas
considerações.
Paz e bem para
todos nós.