É
preciso
explicar
às
pessoas
o que é
morte
encefálica
Nos
últimos
dez anos
26% dos
potenciais
doadores
brasileiros
de
órgãos
para
fins de
transplante
ficaram
excluídos
do
sistema
por
decisão
de seus
familiares.
No
total,
14 mil
famílias
a isso
se
recusaram
e nos
referimos
apenas
aos
casos em
que se
constatou
a morte
encefálica,
um
fenômeno
que
muitas
pessoas
de nosso
país
ainda
não
compreenderam.
Os dados
foram
divulgados
no
último
dia 20
pela
Associação
Brasileira
de
Transplante
de
Órgãos (ABTO).
Como se
sabe, de
acordo
com a
legislação
brasileira,
apenas a
família
pode
autorizar
a
doação,
e o
diagnóstico
de morte
encefálica
é
indispensável
para
transformar
alguém
em
potencial
doador.
Ocorre
que,
segundo
o
neurocirurgião
Adriano
Maeda,
responsável
pela
abordagem
de
famílias
de
potenciais
doadores
no
Hospital
Cajuru,
de
Curitiba,
muitos
não
entendem
como uma
pessoa
pode
estar
morta se
o
coração
ainda
bate e
se há
respiração.
“E, na
dúvida,
dizem
não à
doação.”
Anos
atrás,
quando
vigorava
no
Brasil a
lei que
estabelecera
a doação
presumida,
ocorreu
um
fenômeno
parecido
com o
atual,
mas por
motivo
bem
diferente.
Parte
das
famílias
católicas
recusavam-se
a
autorizar
a
retirada
dos
órgãos
vitais
indispensáveis
ao
transplante
por
acreditarem
que no
dia do
juízo
final,
ao se
verificar
a
ressurreição
dos
corpos,
os
órgãos
retirados
pudessem
fazer
falta.
Embora
seja
difícil
crer em
tal
notícia,
o fato
chegou
ao
conhecimento
da
Conferência
Nacional
dos
Bispos
do
Brasil,
que
esclareceu
aos seus
fiéis
que a
propalada
ressurreição
não se
fará com
o corpo
material,
que o
tempo e
os
vermes
consomem,
mas sim
com o
corpo
espiritual,
a que
Paulo de
Tarso se
refere
numa de
suas
epístolas.
As
dificuldades
de agora
resultam
simplesmente
da falta
de
conhecimento
do que
seja
morte
encefálica,
algo que
poderia
ser
perfeitamente
sanado
se as
autoridades
brasileiras
a isso
se
dedicassem.
Bastaria
um
décimo
do que
se gasta
com as
campanhas
pertinentes
ao uso
de
preservativos
para
que, em
pouco
tempo, o
Brasil
inteiro
viesse a
compreender
por que
não
existe
dano
algum na
retirada
de
órgãos
de uma
pessoa
cuja
morte
encefálica
tenha
sido, de
modo
incontestável,
comprovada.
Descrita
pela
primeira
vez na
França
na
década
de 1950,
a morte
encefálica
significa
que as
estruturas
vitais
do
encéfalo,
necessárias
para
manter a
consciência
e a vida
vegetativa,
encontram-se
lesadas
irreversivelmente.
Em
palavras
singelas,
o tronco
cerebral
não
funciona,
não
existe
mais a
atividade
cerebral
e o
eletroencefalograma
mostrará
o
silêncio
elétrico
cerebral.
Não
devemos
confundi-la
com
estado
vegetativo,
pois
neste
uma
parte do
cérebro
ainda
funciona,
visto
que a
lesão
terá
atingido
parte
das
células
neurológicas,
mas não
as
estruturas
do
encéfalo.
Faz 20
anos que
o
Conselho
Federal
de
Medicina
estabeleceu,
por meio
da
Resolução
número
1.346,
de 1991,
que a
morte
encefálica
corresponde
a um
estado
definitivo
e
irreversível
de
morte,
podendo
ser
utilizada,
sem
dúvida
nenhuma,
para a
retirada
de
órgãos
para
transplantes,
uma
providência
que é
preciso
tomar
enquanto
o
coração
bate e
irriga
determinados
órgãos –
como o
coração,
os rins,
o
pâncreas
e o
fígado –
que
muitas
pessoas
neste
País
aguardam
ansiosamente
para
poderem
viver um
pouco
mais e
cumprir
a tarefa
para a
qual
vieram a
este
mundo.
Referindo-se
ao papel
do
coração
na vida
humana,
os
Espíritos
superiores
já
haviam
ensinado
– 154
anos
atrás –
que a
vida
orgânica
se
mantém
enquanto
o
coração
faz
circular
nas
artérias
o
sangue,
“para o
que não
necessita
da
alma”,
acrescentando
que em
alguns
casos,
como na
agonia,
a alma
já
deixou o
corpo e,
no
entanto,
o
coração
ainda
bate. (O
Livro
dos
Espíritos,
item
156.)
Nota:
Sobre a
importância
da
doação
de
órgãos,
sugerimos
aos
interessados
a
leitura
do
editorial
publicado
na
edição
156,
bastando
para
isso
clicar
em
http://www.oconsolador.com.br/ano4/156/editorial.html
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