No final da
primeira parte
deste artigo
dissemos que
neste mundo, por
imposição do
poder religioso,
habituamo-nos a
conceber o
funcionamento da
existência
humana como uma
viagem que
começa no berço
e acaba
inapelavelmente
no túmulo, tendo
como único
reconforto a
esperança de
que, talvez, se
formos bonzinhos
e livres de
pecados,
poderemos ir
para o tal de
céu!
Ora, ser livre
de pecados é
jogo perdido na
nascente, já que
o conceito de
pecado é mal
estruturado, e o
real crescimento
se prende,
antes, e
obrigatoriamente,
a ensaio e erro
– àquele mesmo
tipo de
mecanismo
simplista que
diz à criança
que não deve
colocar a mão no
fogo para não se
queimar!
O ser humano
nasce, então, e
cedo se
descobre, ou
carregado demais
de culpas para
atingir o
hipotético céu
(já que a
recompensa vem
sempre depois,
só depois, e de
modo algum no
aqui e agora!),
e, portanto, já
destinado ao
limbo ou ao tal
do inferno, ou –
se dispuser de
um espírito mais
lúcido e
sofisticado em
entendimento,
mas, por outro
lado, tão
perdido de
compreensão das
realidades
maiores da Vida
quanto qualquer
religioso
ingênuo – logo
se vê saturado
de um tédio
natural e
decorrente da
situação de quem
está como que
lacrado dentro
de uma caixa de
sapatos
apertada, sem
escoadouro, sem
alternativas. Na
riqueza ou na
pobreza, tudo o
que tem em mãos
é o que a fugaz
trajetória neste
mundo perdido no
Cosmos oferece:
suas limitações
humanas, seus
desejos não
satisfeitos,
suas fraquezas e
alegrias
passageiras, e
seus bens, que
logo passarão às
mãos de outros,
quando da sua
despedida deste
mundo...
E então, por
vezes, o
indivíduo, na
tentativa de
suprir um vácuo
que a ele mesmo
é ininteligível,
subjugado por
certo tipo de
compulsão...,
vai acumulando
mais bens, e
mais, nos casos
em que a riqueza
material o
favorece.
Só que isso não
preenche o
estranho vácuo.
Assim como as
teorias acerca
de apenas uma só
vida, e o céu e
o inferno, não
atendem à
compreensão
daqueles que,
meras marionetes
na massa
populacional no
mundo, não
atinam com o
propósito maior
das coisas, e
com esta
engrenagem
aparentemente
arbitrária que
lhes governa as
vidas, se
atirando assim,
por instinto,
vencidos, à
mediocridade
alienante da
luta pela
sobrevivência,
sem nem ao menos
uma parada para
reflexão.
Resta-lhes,
portanto, o
cansaço
espiritual a
inspirar-lhes,
volta e meia, o
mesmo tédio
avassalador que
a outros sugere
a estranha falta
de sentido numa
existência
confinada entre
as paredes da
imensa caixa que
é este mundo –
nosso objetivo
único, segundo
as explicações
insuficientes
ventiladas pelos
criadores da fé
cega.
A vida é eterna!
E, no panorama
material, a
expressamos de
dentro de
variadas
situações
Este, portanto,
o estrago
supremo nas
mentalidades de
todos os últimos
séculos de um
obscurantismo de
ordem
espiritual,
outorgado a
pulso dos
interesses de
poder e de
manipulações
religiosos.
Roubou-se do ser
humano o
conhecimento
puro e simples
de um mero
mecanismo
evolutivo na
jornada do homem
rumo às luzes
maiores da vida;
mecanismo,
entretanto,
conferidor de
liberdade e de
uma
autossuficiência
que nos ensina,
através das
lições do nosso
próprio
cotidiano, que
somos nós
os criadores, em
última análise,
dos nossos
destinos, e que
a história toda,
em função disso,
possui
desdobramentos,
sendo bem mais
vasta do que
sugere o pequeno
enredo de uma só
vida vivida no
nosso acanhado
mundo, diminuto
entre os
gigantes do céu
estrelado e
infinito; que
não precisamos
nos desesperar,
porque a força e
a capacidade de
superação das
dificuldades no
nosso
aprendizado
começam e
terminam em
nós mesmos,
assim como as
diretrizes do
que virá depois,
em consequência
– e não nalgum
deus humanizado,
despótico e
arbitrário, mais
ainda do que nós
o somos nas
nossas
limitações –,
punindo e
recompensando
nalguma situação
atemporal alheia
ao presente,
segundo
contrariemos ou
não os seus
ininteligíveis
caprichos; que,
enfim, não
precisamos
cometer a
idiotice de nos
deixarmos iludir
pela tentativa
improfícua de
dar fim ao que,
de si, não tem
fim: a Vida,
que há de pulsar
em nós e apesar
de nós, em
quaisquer
dimensões onde
nos pilharmos em
decorrência das
nossas decisões,
movidas ou não
por desespero, e
cobrando-nos,
sempre e em
qualquer época,
posicionamento
perante as
consequências
das nossas
escolhas!
A vida é eterna!
E, no panorama
material, a
expressamos de
dentro de
variadas
situações e
papéis
desempenhados
ocasionalmente,
em meio ao nosso
infindo percurso
evolutivo. Neste
mister, criamos,
literalmente, os
lances mais ou
menos dramáticos
no nosso
caminho, por
intermédio do
uso das escolhas
de nosso
livre-arbítrio,
que – só estas!
– atraem para
nós todo tipo de
consequência bem
ou
mal-aventurada,
por lei de
efeito
respondendo a
uma causa, e por
nada mais!
É um conceito e
tanto no tocante
às
responsabilidades
que nos cabem
quanto aos
nossos próprios
atos e
pensamentos, e
que, por isso
mesmo, cobram
funda maturidade
espiritual de
cada um de nós.
Porque põe um
basta definitivo
a anjos, a
demônios e a um
tipo de Deus
despótico e
vingador que
nada mais faz
que nos julgar
durante todo o
tempo! É a noção
de uma liberdade
irrestrita e
maravilhosa que,
todavia, como
tudo, cobra o
seu preço: o de
se enfrentar
tudo sem
desfalecimentos,
já que, aqui ou
em qualquer
lugar, nunca
encontraremos o
fim do túnel – e
faremos da vida
exatamente o que
queremos que ela
seja.
Suicídio
inconsciente foi
a causa da
desencarnação do
autor do livro
Nosso Lar
Em Nosso Lar,
obra
psicografada
pelo saudoso
Chico Xavier, e
que teve a sua
deslumbrante
versão
cinematográfica
ano passado, o
autor
espiritual,
André Luiz –
vale repetir! –,
relata das suas
angústias,
vivenciadas ao
ser recebido
como suicida
inconsciente por
tutores e
médicos amáveis
e lúcidos na
cidade
espiritual, após
demorado estágio
de sofrimento
nas paragens do
umbral.
(1)
"– É de
lamentar que
tenha vindo pelo
suicídio.
(...) Senti que
singular assomo
de revolta me
borbulhava no
íntimo.
Suicídio?
Recordei as
acusações dos
seres perversos
das sombras. Não
obstante o
cabedal de
gratidão que
começava a
acumular, não
calei a
incriminação.
– Creio haja
engano –
asseverei,
melindrado.
– Meu
regresso do
mundo não teve
esta causa.
Lutei mais de
quarenta dias,
na Casa de
Saúde, tentando
vencer a morte.
Sofri duas
operações
graves, devido à
oclusão
intestinal...
– Sim –
esclareceu o
médico (...)
–, mas a
oclusão
radicava-se em
causas profundas
(...) O
organismo
espiritual
apresenta em si
mesmo a história
completa das
ações praticadas
no mundo (...) A
oclusão derivava
de elementos
cancerosos, e
estes, por sua
vez, de algumas
leviandades do
meu estimado
irmão, no campo
da sífilis (...)
Seu modo
especial de
conviver, muita
vez exasperado e
sombrio, captava
destruidoras
vibrações
naqueles que o
ouviam. Nunca
imaginou que a
cólera fosse
manancial de
forças negativas
para nós
mesmos?”.
(Obra citada,
pág. 32.)
Útil a qualquer
época que de
tempos em tempos
lancemos mãos
destas vertentes
valiosas de
ensinamentos
vindos da
espiritualidade
assistente aos
reencarnados,
para ponderar
acerca de
nuances de nosso
comportamento,
de molde a que
talvez, e
inadvertidamente,
amanhã ou depois
nos vejamos,
para nossa
desagradável
surpresa,
incluídos no
quadro
lamentável
descrito com
destemor pelo
autor
desencarnado, da
obra acima
mencionada.
Além da
explicação
destacada no
excerto, o
médico da cidade
das dimensões
invisíveis aos
reencarnados
ainda adverte
André Luiz sobre
uma série de
outros fatores
cruciais aos
quais não deu a
devida atenção
enquanto
entretido com os
lances da vida
material, e que
determinaram sua
morte precoce em
tal estado
íntimo precário.
A despreocupação
em considerar a
vida de uma
ótica mais
válida,
lembrando-se da
Autoria Suprema
da criação,
atitude que
naturalmente nos
evoca reverência
e respeito por
todas as
manifestações de
vida
circundantes –
acima de tudo no
nosso próximo –
nutrindo-se as
virtudes da
tolerância e da
compaixão, que
espontaneamente
reforçam os
vínculos de
amor.
A displicência
com relação ao
fumo muitas
vezes
se utiliza
de alegações
questionáveis
A leveza de
viver com
hábitos
alimentares e de
conduta sóbrios,
sem o zelo
exagerado de
prazeres
autodestrutivos
como o da
bebida, do fumo,
ou de quaisquer
vícios de molde
a provocar
desequilíbrios
no organismo
espiritual, a
partir do qual,
em verdade, se
enraízam as
desarmonias
vibratórias que
terminam por
desencadear as
moléstias mais
graves, de ordem
física...
Quantas vezes,
inadvertidamente,
não nos
abandonamos a
rompantes,
excessos, ou a
hábitos
prejudicais, em
primeiro lugar,
a nós mesmos,
comprovando
ainda aqui, e em
curto intervalo
de tempo, os
resultados
desalentadores?!
Quanta mágoa e
rancor íntimo
alimentados em
processo quase
inconsciente,
sem se atentar
devidamente que
tais emoções
vibram em padrão
tão pesado e
deletério que as
repercussões,
invariavelmente,
atingem em
primeiro lugar o
nosso estado de
ânimo – e, por
conseguinte, o
desempenho
saudável do
sistema
imunológico –
baqueando-nos em
depressão
contínua e em
vícios
comportamentais
lamentáveis e
reincidentes,
quais o de
queixar-se em
demasia ou
arengar
continuamente
com os de nossa
convivência?
Em quantas
situações a
displicência com
o fumo, sob
alegações
questionáveis:
"– Meu avô
morreu com
oitenta e cinco
anos e fumou a
vida inteira!"
–, esquecendo-se
convenientemente
de que o mesmo
avô poderia
talvez ter
usufruído uma
sobrevida de
mais cinco ou
dez anos, não
fosse o hábito
lúgubre de
intoxicação do
delicado
aparelho
respiratório com
o que
visualmente, em
exames acurados,
nos revela
resultados em
forma de
resíduos
lamacentos que,
se antevistos ao
vício
indesejável,
certamente
lançariam o
fumante em
dúvidas sinceras
sobre o se sujar
por esta forma
agressiva o
corpo, de cujo
equilíbrio e
salubridade
depende todo o
repertório da
qualidade de
vida que
sustentará
durante o seu
período de vida?
Quantos vícios
degradantes e de
repercussões
futuras
desesperadoras
não principiam
com a impensada
primeira dose?
Quantas atitudes
mal sopesadas, e
tidas em conta
do contexto
comum do
cotidiano
agitado das
populações, não
vão desencadear
um crescendo de
outros episódios
que haverão de
nos escapar por
completo do
controle, com
resultados
infelizes de
dimensões
inimagináveis a
curto ou médio
prazo?
O suicídio
inconsciente se
constrói em
processo
paulatino, dia a
dia, gota a gota
Quantas intrigas
pelo vício do
mau uso da
palavra contra o
semelhante;
quantos embates
familiares que
destroem
diariamente o
sossego íntimo
de pessoas que
em pouco tempo,
e sem atinar com
as causas
atraídas pelas
leis energéticas
da sintonia, se
veem lançadas a
sintomas
insidiosos e de
difícil
debelação:
enxaquecas
renitentes,
dores diversas,
descontrole
nervoso, mal
funcionamento
intestinal,
males cardíacos,
enfim, todo um
cortejo de
moléstias que,
mais do que
supostamente
determinadas
pelos fatores
ligados às
deficiências
recorrentes da
qualidade de
vida do mundo
atual, com seus
sobressaltos,
ansiedades,
questionáveis
padrões
alimentares e de
consumo, se
fundamentam, em
grande soma, em
hábitos
adotados, por
invigilância,
antes de tudo
por nós mesmos!
É recorrente que
indivíduos
habituados a
gastar mais da
metade do tempo
falando e se
atemorizando a
respeito de
doenças e
fatalidades
acabem sendo
vitimizados
exatamente por
aqueles mesmos
fantasmas que
aterrorizam o
seu universo
mental. Quem
fala demais em
dores,
inconscientemente
atravessa os
dias dentro de
consultórios
médicos atrás de
terapias e de
tratamentos para
imenso cortejo
de dores; os que
acenam
repetidamente
para
acontecimentos
drásticos,
surpreendentemente,
volta e meia nos
chegam com
notícias de
fatalidades e de
lances pungentes
dos quais se
viram vítimas.
Para exemplo,
mencionamos o
caso de senhora
de nosso círculo
pessoal de
amizades que,
após anos a fio
temendo
acidentes em
ônibus, receio
que proclamava
em verso e prosa
a cada conversa
com conhecidos,
quase todo dia,
terminou por
sofrer acidente
dentro de um
desses
coletivos,
saindo do
episódio com
vários
ferimentos.
O suicídio
inconsciente, do
que podemos
depreender do
ensinamento
valioso dos
mentores da
invisibilidade e
da observação
oferecida pelas
nossas
vivências, se
constrói em
processo
paulatino, gota
a gota.
Oportuno,
portanto, que a
questão seja
examinada a
tempo e com
destemor por
cada um de nós,
porque, em assim
sendo, nunca
será tarde para
o autoexame que
nos previna de
incorrer no
perfil
indesejável
descrito por
André Luiz, na
obra elucidativa
dos requisitos
íntimos
fundamentais a
que aportemos,
amanhã ou
depois, nas
colônias ou
estâncias das
dimensões
imateriais, para
a continuidade
de um
aprendizado,
tanto quanto
possível,
orientado por
bases saudáveis
adquiridas
durante as
nossas vivências
mais recentes –
e não como
réprobos de nós
mesmos, pelo
aviltamento
voluntário do
precioso dom da
Vida.
(1)
Umbral - esfera
espiritual
próxima à
crosta, de baixa
condição
vibratória.