Não deixemos o
Espiritismo
debaixo do
velador da
acomodação, mas
divulguemo-lo em
sua inteireza e
o mundo
agradecerá
Que ousadia de
título, pensará
o leitor!
Exagero? Será
uma brincadeira?
Afirmo que não.
São tempos de
descrença. No
caso da cultura
ocidental, caem
por terra as
ilusões dos
dogmas, dos
mitos e ritos
das religiões do
cristianismo
romanizado. Uma
visita à rede
social na
internet nos
mostrará charges
irreverentes
sobre Deus,
religiões,
Jesus. Há
comunidades de
ateus, brinca-se
com satanismo,
bruxaria e
sortilégios.
Sabe-se também
do grande
interesse por
filmes de terror
que tratam da
“vida após a
morte” – com
fantasias
arrepiantes, ou
por outros
sucessos do
cinema, que
investigam o
mesmo tema,
acompanhado de
abordagens sobre
reencarnação e
fenômenos
mediúnicos. E
se, de um lado,
vemos um
neoateísmo um
tanto anárquico
e provocativo,
sem
argumentações
sólidas; de
outro, há uma
profusão de
modismos
mágico-esotéricos,
com retomada de
velhas profecias
de caráter
escatológico:
final dos
tempos, era de
aquário, um
caldeirão
caótico,
fervente de
dúvidas e
contraditória
indiferença pela
vida. No fundo,
uma máscara para
o medo, a
insegurança, a
perda do chão.
Durante séculos,
os chamados
valores morais
eram ditados de
cima para baixo
por instituições
representativas
da figura de
Deus na Terra.
Mas, porque não
tem cabimento um
conceito de Deus
tal como
determinaram as
chamadas
religiões
tradicionais,
consequentemente,
“eis que O
mataram”. Ou
melhor,
esvaneceu-se,
pois nunca
existiu.
É bom explicar
que estamos nos
referindo – como
os “sem deus” –
a filósofos do
final do século
XVIII até os
nossos dias e a
uma boa parte da
humanidade. Não
incluímos aqui
os religiosos
que, firmes na
sua fé, cultivam
a
espiritualidade
como uma
instância
indispensável de
sua vida e
pautam seu
comportamento
moral pelas
chamadas leis
divinas. A eles
o nosso
respeito.
Mas, e os
outros? Como
levá-los à
consciência de
Deus? Aqui
entramos com o
nosso programa
de “utilidade
pública”. O
conceito
espírita de Deus
é filosófico,
lógico. A
Doutrina
Espírita tem a
humildade de
reconhecer que
não
compreendemos
Deus, pois não
temos o
“sentido” para
isso. Mas que
podemos
comprovar a sua
existência,
pelos seus
efeitos. Nesse
caso, observamos
que a vida é
inteligente.
Hoje mais do que
nunca sabemos
disso: DNA,
célula tronco,
os elementos do
universo que
estão na
constituição da
própria Terra e
de nossos corpos
e daí por
diante. Ora, se
a Vida é
inteligente é
porque tem uma
Causa
Inteligente.
O que mantém a
ordem cósmica, a
ordem da vida e
que hoje está na
moda chamar de
Todo Universal,
chama-se Deus
Essa Causa – que
desconhecemos,
mas percebemos e
intuímos, porque
somos seres
transcendentes
(basta ter um
mínimo de
sensibilidade
para reconhecer
essa realidade)
– é o que se
chama de Deus. A
palavra, na sua
origem remota
significa luz.
Só para fazer um
jogo verbal,
ilustramos: Deus
– Dio (italiano)
– dia (hora em
que brilha a luz
do sol). Enfim,
O que mantém a
ordem cósmica, a
ordem da vida e
que hoje está na
moda chamar de
Todo Universal,
O QUE move tudo
se chama Deus.
Está na mais
distante
galáxia, na
poeira das
estrelas, em
você, mesmo que
não queira. Não
há necessidade
de crer nele.
Enfim Deus não é
UM SER. Quando a
Ciência procura
a causa da vida,
da origem do
universo,
procura Deus com
outro nome. E,
quando afirma
que Deus não
existe, tem toda
razão, pois o
“deus” tal como
as religiões o
apresentam é uma
imagem feita à
semelhança do
homem, de acordo
com a cultura em
que se insere e
já teve tantas
faces que
realmente não
passa de uma
concepção
mitológica.
A humildade
diante da
Inteligência da
Vida, o
reconhecimento
dessa magnífica
orquestração,
que o homem não
consegue ainda
entender, a
Doutrina
Espírita tem.
Mas é também o
que vemos, por
exemplo, em
Stephen Hawking.
Numa
apresentação do
Discovery
Channel, o
cientista
inglês, após se
afirmar
agnóstico,
afirma que vale
a pena viver só
para admirar a
grandeza
misteriosa do
universo e
pesquisá-lo
incessantemente.
O momento final
do programa, com
a imagem dos
astros ao fundo
e o homem
fisicamente
limitado por uma
enfermidade
progressiva que
lhe tirou os
movimentos e a
voz, foi um
verdadeiro
encontro com
Deus. Sim,
divino ateísmo o
do cientista.
Pleno de Deus,
talvez tenha
consciência de
sua concretude
mais do que
muitos
religiosos. Meu
caro Hawking, o
deus em que você
não acredita de
fato não existe.
Resistir à
doença, insistir
na pesquisa
científica,
colocar a
inteligência a
serviço da
humanidade é a
sua Luz, o seu
Big-Bang
ininterrupto, é
o seu DIA. É a
Inteligência
Suprema a se
espelhar na sua
divina
humanidade.
Vemos que o
conceito
espírita de Deus
não conflita com
a Ciência, não
estabelece
regras
estreitas.
Tudo caminha e
tudo evolui, a
Terra é uma nave
que nos abriga a
passear no
infinito, a
seguir o Sol
Conhecemos da
Causa Primária
da vida algumas
de suas Leis que
vão se
desvelando à
medida que
progredimos em
conhecimento e
moralidade.
Estar em
harmonia com
essas leis, na
verdade naturais
e compatíveis
com a ordem
cósmica, é um
impositivo da
natureza e não
um postulado
religioso.
Portanto, ser
bom, fazer o
bem, não tem
nada a ver com o
que determinada
Igreja prega,
com o que papai
e mamãe querem
que se faça, com
o que a
sociedade manda
ou não manda,
mas com o
bem-estar
integral do
indivíduo como
parte do
universo.
Admirado? Você
acha que o
universo começa
depois das
nuvens? Ou
depois da Terra
ou da Lua? Pois
trate de
entender que
seus pés no chão
o colocam de
cabeça para o
infinito.
Entendeu a
gravidade da
situação? Em
duplo sentido. O
que importa é
que você também
faz parte do
universo. Então
se entenda com
ele e suas leis
imutáveis
enquanto está a
caminho.
Aqui entra mais
uma vez o
Espiritismo.
Tudo caminha e
tudo evolui, a
Terra é uma nave
que nos abriga a
passear no
infinito, a
seguir o Sol que
vai se
conduzindo na
ordem da Via
Láctea, que
segue. Diria
Drummond: José,
para onde? Ah,
interessante! De
repente aparece
um bando de
alvoroçados com
o calendário
maia e o
alinhamento dos
astros na nossa
galáxia! Que
frisson!
Acredita-se na
evolução do
universo, no fim
do mundo – então
se foge para
determinado
lugar à espera
de alienígenas
–; estuda-se a
Teoria de
Darwin,
concorda-se que
“nos
transformamos”
enquanto matéria
em tempos idos,
para sermos
agora bem
diferentes do
que éramos nas
cavernas – mas é
tão difícil
acreditar no
Espírito! Ora,
onde está a
inteligência? Se
o ser pensante
se circunscreve
no cérebro por
que cérebros
idênticos em sua
estrutura e
formação não
possuem o mesmo
potencial?
Complexo! O
cérebro ainda
não foi
devidamente
compreendido,
certo. Mas já se
admitem outros
estados da
matéria além dos
tradicionais
sólido, líquido
e gasoso. Ops!
Será que existe
“algo
incorpóreo” que
poderíamos
chamar de
Espírito e que
age sobre o
cérebro? Se
existe, é sempre
“novinho em
folha”? Ou
“novinho em
energia
cósmica’? Puxa,
que rasteira da
evolução! O
corpo que temos
é formado de uma
matéria que veio
evoluindo há
milhões de anos
até termos essa
pele, esse
andar, esse
jeito tão
legal... O corpo
aprendeu a
piscar os olhos,
a mastigar, os
dentes ficaram
mais bonitos,
patas viraram
mãos e continua
a matéria a
evoluir!
E se formos
dois? Espírito e
corpo? O corpo
morre e você
continua. Ai,
que susto! Para
onde vai o
Espírito?
Dizem que alguns
bebês já nascem
com dente, as
mãozinhas das
crianças são
danadinhas nos
celulares,
supõe-se até que
já vão nascer
carregando um
tablet ou
smartphone. E o
Espírito? Não
aprendeu nada?
Conversa pra boi
dormir. Se há
Espírito e
Matéria, ambos
estão sujeitos à
Lei de Evolução.
Pronto. Eis a
reencarnação.
Matéria para
outro artigo, e
este já está bem
grande. Mas
vamos lá. Isso é
Lei Natural. Não
é questão de
crença. O
assunto é
pesquisado por
estudiosos que
não possuem
nenhum credo.
Tudo bem. Mas
vamos adiante.
Se há Espírito,
enfim, algo mais
que a matéria
densa que “vemos
e tocamos”, mas
que é tão
concreto quanto
ela, ao se
decompor o corpo
na morte física
o Espírito
também se
decompõe? Bem,
alguns dizem: “a
ciência não
provou se existe
vida após a
morte”. Mas
provou o
contrário? Como
pode fazer isso?
Coitado do
Galileu! No seu
tempo a
“ciência” ainda
não tinha
“provas” de sua
teoria e
cálculos! E
agora? Pois é,
um olhar sobre a
história da
humanidade e
suas
maravilhosas
descobertas não
faz mal a
ninguém. Pelo
menos nos ensina
que o futuro
pode nos
reservar grandes
surpresas! E a
morte? Pode nos
reservar
surpresas? Eis a
questão. Era
esse mesmo o
dilema de
Hamlet. Como se
diz, “um homem
prevenido vale
por dois”. E
aqui o dito
popular cabe
muito bem. E se
formos dois?
Espírito e
corpo? O corpo
morre e você
continua. Ai,
que susto! Para
onde vai o
Espírito? Só
existe vida após
a morte para
quem segue
determinada
religião?
Bem, acredito
que o leitor
tenha mais de
dois neurônios.
Se o Espírito
sobrevive, essa
é uma Lei da
Natureza, é
universal. Bom,
para onde vamos?
Pensemos por
analogia.
Comparemos nossa
caminhada
evolutiva com o
cotidiano.
Pensemos no
corpo. Você bebe
demais, come
demais, dirige
alcoolizado.
Acha que seu
corpo vai
“se dar bem”?
Você está em
harmonia com as
leis naturais ou
seus excessos o
levam a se
sentir mal, a se
desequilibrar e
adoecer? Cara,
você está
quebrado. Você é
mal-humorado,
rancoroso,
agressivo,
motoqueiro
maluco beleza,
trai, se apossa
do que não é
seu, se droga e
por aí vai de
excesso em
excesso, abusa
do sexo, humilha
os outros, não
segue normas,
não tem limites.
Cara, você está
um bagaço. Hora
de raciocinar:
se você é um
Espírito, o
Espírito é que
pensa e faz tudo
isso que foi
relacionado na
sua “ficha”. O
corpo é
instrumento. Tal
vida, tal morte.
Cara, se você
morre, em
Espírito você
está
“arrebentado”. E
já não tem a
“proteção” do
corpo.
Espiritismo mais
do que nunca há
de ser
Espiritismo. Não
basta, em nossas
palestras,
pregar somente
princípios
morais
Digamos que a
passagem da
morte seja para
uma dimensão,
uma faixa
vibratória,
diferente da que
habitamos e
compatível com
seu novo estado
de “fio
desencapado”.
Isso, você
estará mais
exposto às
dores, às
consequências
dos seus atos.
Castigo? Não.
Lei de causa e
efeito. Tudo
natural, como
regem as leis
universais.
Então, você irá
passar por
regiões de
turbulências,
tormentos
conscienciais e
encontrar
Espíritos nas
mesmas condições
que você! Viu?
Não vale a pena
abusar! Mas... o
socorro pode
aparecer. Há
sempre Bons
Espíritos em
todo lugar. A
ajuda pode
chegar, mas cada
um há de dar
conta de si.
No reverso da
medalha, digamos
em outra
encarnação, você
já aprendeu um
pouquinho.
Então, levará a
vida sem
rebeldias
insensatas, de
forma
equilibrada,
saudável,
procurando ser
bom, cuidando da
saúde, fazendo o
bem, enfim se
esforçando para
ser bom o mais
que puder,
aprimorando-se
moralmente. O
corpo fica. O
Espírito vai.
Que lindo!
Depois de uma
leve
perturbação,
como se fosse
uma sonolência,
você irá
encontrar
pessoas (sim,
Espíritos são
pessoas) como
você, com
tendência ao
bem. Não é
melhor assim?
Mas não há
necessidade de
esperar a outra
encarnação.
Comece agora.
Logo, ser bom
não é uma
questão de
agradar a A ou
B, é um caso de
inteligência!
Trata-se de uma
Lei Natural da
qual não podemos
fugir. Ora, como
estamos vivendo
momentos de
irreverência com
religiões, com
Deus, com Jesus,
a explicação
lógica do
Espiritismo é um
instrumento de
valor
inestimável para
ajudar a colocar
ordem no caos.
Para os
desiludidos com
as instituições
tão desgastadas
pelos erros
acumulados em
séculos de
desvios dos
verdadeiros
ensinamentos do
Mestre de
Nazaré, o
Espiritismo,
tirando-Lhe as
vestes do mito,
das lendas que O
encobrem,
reapresenta-nos
Sua doutrina,
como uma bússola
em mar
tempestuoso,
colocada no
barco seguro da
Fé Raciocinada,
à luz da
Reencarnação.
Portanto,
Espiritismo mais
do que nunca há
de ser
Espiritismo.
Não basta, em
nossas palestras
e nos estudos
das Casas
Espíritas,
pregarmos
princípios
morais,
simplesmente. Se
isso fosse
suficiente, não
haveria
necessidade de
ter vindo o
Consolador. Não
há por que abrir
mão das bases
doutrinárias a
pretexto de
estabelecer
simpatias com
credos
tradicionais.
Respeitá-los,
sim e sempre.
Mas, sem
agredir, levar o
Espiritismo como
luz na escuridão
das incertezas e
cansaços de uma
humanidade cheia
de enganos.
Esclarecer
consciências,
explicar o
porquê da vida e
do bem é
questão, no
momento, até de
utilidade
pública! Não
deixe o
Espiritismo
debaixo do
velador da
acomodação.
Divulgue-o em
sua inteireza; o
mundo agradece.