Cassius Vantuil:
“O Espiritismo
adentrou minha
vida pelo
teatro”
O conhecido
diretor teatral
radicado na
Capital da
República fala
sobre a
importância do
teatro
na
divulgação
espírita
|
Cassius Vantuil
(foto),
diretor teatral
vinculado ao
Grêmio Espírita
Atualpa Barbosa
Lima, de
Brasília-DF,
fala na presente
entrevista sobre
o teatro
espírita, seus
desafios e sua
importância na
divulgação da
mensagem
espírita.
Fale-nos um pouco de sua relação com o
|
Espiritismo, as
atividades que
você desenvolve
e o que
significa ser
espírita na sua
vida.
|
Minha relação
com a Doutrina
dos Espíritos é
de total
envolvimento.
Não poderia me
considerar
espírita se ela
não estivesse
ligada aos
mínimos fatos do
meu dia-a-dia,
apesar de nem
sempre
corresponder à
perfeição
embutida nela.
Por isso tento
me envolver num
leque de
atividades na
Casa Espírita
que me permita
total interação
com o Movimento
Espírita, o qual
acredito seja
capaz de
provocar a
reforma íntima
da Humanidade.
Como o teatro
passou a fazer
parte de sua
vida?
O Espiritismo
adentrou minha
vida pelo
teatro! Eu só ia
ao Grêmio
Espírita para
assistir às
peças teatrais
espíritas. Foi a
peça “Além da
Vida” que mexeu
comigo,
levando-me a
estudar a
Codificação
Kardequiana. A
partir daí fui
participando das
peças teatrais
no Movimento,
até que percebi
que precisava de
mais
conhecimento e
então abracei o
Academicismo,
tornando-me
Bacharel em
Direção Teatral.
O teatro
representa uma
revolução íntima
e com ele
participei de
coisas que
jamais teria
experimentado
por outros
caminhos.
Conheci pessoas
e lugares que me
marcaram e
marcam
profundamente.
Falemos do
teatro espírita
institucionalizado,
com companhias
formais que se
apresentam em
ambientes
laicos, com
peças de
conteúdo
espírita ou
afim, com
grandes
bilheterias.
Qual a
contribuição
dessas ações
para o movimento
espírita?
Este ponto é
muito
complicado! Da
mesma forma que
temos de
agradecer a
possibilidade de
essas companhias
alertarem o
grande público
para a realidade
espiritual,
temos o
descompromisso
delas com a
Divulgação
Espírita, pois
no final das
contas o
objetivo é o
lucro e acredito
que não pode ser
diferente, pois
são
profissionais,
vivem disso. São
grupos que estão
se aproveitando
de um conteúdo
que hoje está
tendo retorno
financeiro. A
partir do
momento que não
houver, irão
buscar outras
temáticas, sem
desprezo algum
por essa ação. O
Movimento, penso
eu, tem que
enxergá-los com
bons olhos, no
entanto, sem
apadrinhá-los.
Colaborar se
solicitado, mas
não
institucionalizá-los.
Agora, vamos
falar um pouco
do teatro
realizado na
casa espírita,
às vezes com uma
grande dose de
improviso e boa
vontade,
utilizado de um
modo geral como
mecanismo de
apoio ao estudo
e de expressão
artística. Qual
a contribuição
dessa atividade
para as ações
desenvolvidas na
casa espírita?
A total
divulgação dos
postulados
espíritas! O
teatro, como
síntese de todas
as outras artes,
é capaz de tocar
no emocional das
pessoas trazendo
para elas uma
realidade jamais
imaginada. A
partir daí, o
homem está apto
a seguir rumo a
seu verdadeiro
caminho. É o
exemplo que
arrasta, mesmo
que “mascarado”,
pois na essência
o indivíduo sabe
que ali é um
retrato da vida.
Sem a arte
espírita, o
movimento fica
capenga, é o
juntar do
“Amai-vos” com o
“Instruí-vos!”
Qual a
contribuição
para o processo
de crescimento
espiritual dos
que participam
da montagem da
peça?
Este processo é
individual. Por
isso, o de que
cada um vai se
nutrir é bem
relativo. Já vi
pessoas que
participam da
montagem e saem
como entraram,
como já vi
outros que se
transformaram
profundamente. O
trabalho em
grupo (e o
teatro é
essencialmente
coletivo),
quando você está
disposto, é
altamente
enriquecedor.
Costumo dizer
para o meu
elenco que o
mais
interessante do
processo não é a
apresentação
final, mas sim
os ensaios. É
através deles
que nós vamos
descobrindo e
sentindo
influências
novas. A
apresentação
para o público é
simples
consequência.
Qual a
diferença, a seu
ver, na postura
de um diretor
teatral ao
realizar um
trabalho laico e
um trabalho na
casa espírita?
Moralmente
nenhuma, pois se
no grupo
espírita sou um
e lá fora sou
outro, tem algo
muito ruim
acontecendo
comigo. Quem se
comporta assim
não acredita no
Espiritismo!
Quanto à
técnica, é
totalmente mais
aprofundada na
casa espírita.
No trabalho
laico, eu posso
me permitir
infinitas
coisas, sempre
respeitando o
semelhante. No
ambiente
espírita há todo
um cuidado
maior, pois não
é a divulgação
da minha ideia,
mas sim a de uma
Doutrina que é
essencialmente
consoladora.
Tenho que contar
a mesma
história,
contudo de forma
diferente, além
de o público ser
muito mais
exigente, o que
é ótimo!
Como você vê a
interação com a
espiritualidade
na montagem de
peças espíritas,
desde a escolha
do tema até os
ensaios?
Teatro espírita,
o nome já diz,
“teatro dos
Espíritos”! Sem
a participação
deles não há por
que estarmos
ali. Desde muito
antes, eles já
estão presentes
no planejamento:
de qual peça
será
apresentada, a
escolha da
temática, na
escolha dos
atores, das
personagens, no
desenvolvimento
dos ensaios, na
divulgação, nas
apresentações e
até depois. Como
diretor, sinto
que é frequente
essa interação.
Sinto a ligação
com a direção
espiritual do
espetáculo, que
a todo momento
está a nos
amparar. É muito
comum ter uma
cena a resolver
e, após refletir
sobre ela, vem a
solução
instantaneamente.
É nítida aí a
influência
espiritual.
Direção de
teatro espírita
é um ótimo
exercício de
humildade.
O casamento da
música com o
teatro é
proveitoso?
A música é uma
linguagem muito
bem-vinda no
teatro,
principalmente
por complementar
o que as
palavras não
conseguem
expressar. Se
for música ao
vivo, então, o
casamento
torna-se muito
mais especial,
pois nada
substitui o
“aqui e agora”.
Como se proteger
dos males da
evidência e do
sucesso, comuns
nas atividades
de representação
teatral?
O teatro é uma
arte que mexe
muito com o ego,
mesmo porque o
teatro é para
ser visto,
necessita do
público naquele
instante. E a
retribuição é
imediata.
Entendemos que
estamos ali
desempenhando
uma função
temporária e que
o trabalho e a
glória não são
nossos, são do
Cristo. A partir
do momento que
você deixa de
acreditar nisso,
tudo se perde.
É possível fazer
peças espíritas
de todos os
gêneros?
Lógico! As peças
espíritas ainda
não alcançaram o
patamar
reservado. O
drama, a
comédia, o
musical, o
infantil, o
suspense, todos
eles nos ajudam
a contar as
histórias dos
Espíritos. Em
breve estaremos
próximos do que
os Espíritos que
conduzem a arte
no globo
terrestre
querem: o teatro
celeste.
O que pensar do
didatismo de
alguns roteiros?
Péssimo! Tem
muita gente que
menospreza a
inteligência do
público. O maior
exemplo de
respeito ao
pensamento
alheio foi Jesus
que, com suas
parábolas, fazia
que todos o
entendessem e o
conhecimento se
perpetuasse.
Sinceramente,
quando assisto a
esse tipo de
teatro dá
vontade de
levantar-me e ir
embora. Um ótimo
caminho para
fugir dessa
mediocridade é
pegarmos obras
espíritas já
consagradas e
fiéis aos
postulados
espíritas, como
as de Emmanuel,
Victor Hugo,
Irmão X, Manoel
Philomeno de
Miranda, Hilário
Silva etc. e
transformarmo-las
em roteiros
condizentes com
o peso
espiritual
delas.
Por fim, temos
agora uma febre
de filmes de
temática
espírita, ao
mesmo tempo em
que qualquer um
produz seus
filmes caseiros
e os posta na
internet. Qual o
futuro do teatro
na casa
espírita?
Como já disse,
essa febre é
ótima para o
Movimento
Espírita, mas,
como toda febre,
também passa.
Devemos então
estar atentos e
nos aprofundar
no estudo desses
filmes.
Amadorismo não é
sinônimo de
descaso. O
futuro do teatro
no agrupamento
espírita é o
mesmo do
Movimento
Espírita. O
teatro espírita
dependerá do que
os espíritas
fizerem do
Movimento.
“Teatro
Espírita, Luz no
Palco, Luz na
Vida!”