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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 8 - N° 367 - 15 de Junho de 2014
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)
 

 
Nilton Sérgio Zebrak: 

“Sempre dá para fazer
mais e melhor”
 

O presidente da OAM – Obreiros do Amor e Misericórdia, de
Embu das Artes, fala sobre a origem e o gigantesco
trabalho realizado pela instituição
 
 

Nilton Sérgio Zebrak (foto), natural da capital paulista, é médico pediatra desde 1976 em Embu das Artes-SP, onde preside a OAM - Obreiros do Amor e Misericórdia. Espírita desde 2003, lidera operosa equipe que atende milhares de pessoas na orientação espírita e na promoção humana. Nesta entrevista,  ele nos fala sobre o trabalho realizado

pela instituição. 

Como foi sua aproximação com o Espiritismo?


Aproximei-me do Espiritismo após conhecer a Carla, depois de uma separação. Encantei-me com a possibilidade de entender a religião, a filosofia e o comportamento humano, através da ciência. Achei fantástico descobrir que a fé, além de raciocinada, é lógica pura e explicada pela física quântica. Encantei-me com o cientista Jesus, com sua conduta moral e seus ensinamentos, e como tudo isso pode e deve contribuir para a evolução planetária e de seus habitantes. 

Como e quando surgiu a OAM?

Comecei a trabalhar com Dr. Chan, Espírito, desde o primeiro dia que adentrei um Centro e, para minha surpresa, foi simplesmente fantástico. Já se passaram 10 anos e ainda me emociono. Fui levar a Carla para um atendimento e lá veio esse chinesinho encantador, do nada, ou melhor, do tudo! Trabalhei em três casas espíritas até que Dr. Chan pediu que montássemos uma casa de cura (do corpo, da alma e da mente) em Embu das Artes, na grande São Paulo. E, como sempre, obedecemos! Há quatro anos montamos a Obreiros em Embu das Artes. Hoje temos quase 100.000 atendimentos, 15.000 pacientes cadastrados. 

De sua experiência no trato com as carências humanas, o que mais lhe ressalta aos olhos?

Com relação às carências humanas, o que mais nos chama atenção é o número de depressivos, ansiosos, melancólicos e solitários que nos procuram. Aproximadamente 30% dos atendimentos de nossa casa estão de alguma forma relacionados a transtornos mentais e comportamentais. 

Em sua visão, como o Espiritismo tem influenciado as áreas de saúde no atendimento às enfermidades e também nos imensos distúrbios emocionais do ser humano?

Com relação ao tema espiritualidade/religiosidade e transtornos mentais, acho que já demos um grande passo, mas penso que podemos e devemos fazer muito mais. Não acho que temos o direito de considerar a doutrina que abraçamos como panaceia para todos os males e sequer mais uma Grande Revelação, mas, humildemente, nos colocarmos junto com outros irmãos religiosos, cristãos e não cristãos, trabalhando a paz individual e a paz entre irmãos, como o único caminho existente para a felicidade de todos. Mais uma vez, Jesus foi magistral, Mestre de todos os mestres e todos os profetas que por aqui passaram: Amar a si e ao Próximo, esta é a receita mágica. Fazer ao outro o que gostaria para si. Fantástico e proativo. 

Qual a maior angústia ou aflição humana que se destaca nos atendimentos da entidade?

O ser humano quer colo. O ser humano quer ser ouvido. Mas, num mundo tecnológico, ou melhor, tecno-ilógico, isto não ocorre. Irmãos na mesma casa conversando por torpedo, no celular, cada um com uma TV, um micro e, o que é pior, uma vida própria dentro de seu próprio quarto; solitários em família, sozinhos com "companhia", solitários ao invés de solidários, isolados em seu "mundinho". Na Obreiros chegam aos milhares, colecionando mágoas, desilusões, decepções e, o que é pior que tudo, "desamor próprio". Jogam a nós a responsabilidade da resolução de seus problemas e suas doenças, como se fôssemos nós os responsáveis pela causa e efeito das mesmas, e aí, quando colocamos que não somos um estelionato religioso, que a transformação moral e ética é imperativa, que a reforma íntima é necessária e que nós somos nossos maiores algozes e somos também cocriadores, aí a coisa pega. Aí tudo muda. 

Em sua visão de médico e espírita, por que essa questão se destaca tanto?

Aí entendemos por que não adianta receitar um antidepressivo tarja-preta; aí fica muito claro que tudo depende de cada um. Mas nós médicos também somos, de certa forma, culpados, pois aprendemos que doenças da mente tratam-se com remédios e nunca nos disseram que existe um Espírito, um Perispírito, que o SNC é apenas um retransmissor e não um órgão pleno e poderoso em suas funções. Nunca nos ensinaram que as doenças vêm de dentro para fora, que a epigenética/embriogênese obedece a uma regra divina e que fazemos parte de nossas escolhas na Vida Espiritual e aqui. Temos que quebrar paradigmas que engessaram a medicina hipocrática, a medicina de grupos financeiros, de instituições que lucram com esse exercício descabido e absurdo, de grupos corporativos que obedecem a instintos "animais", sem qualquer humanização ou discernimento, apenas obedecendo a indicações "econômico-financeiras". 

Como a Associação Médico-Espírita tem contribuído nesse processo de ligação da ciência com a fé e também no atenuar das aflições humanas?

A AME e todas as associações médicas ligadas à Espiritualidade/Religiosidade ainda engatinham. Convidamos por diversas vezes autoridades dessas instituições para trabalhar conosco. Percebemos que se preocupam com a ciência, não com o ser Humano que se beneficia ou não dessa ciência. Agora, depois de quatro anos, estamos sendo procurados por um ou outro, com a finalidade de publicar trabalhos científicos e não de mudar essa medicina para uma medicina que atenda o Homem Integral de Joanna de Ângelis, de uma medicina que atenda a mulher hemorrágica, o cego, o paralítico e assim por diante, juntando o Evangelho ao tratamento do corpo, da mente e da alma. 

Num público tão imenso atendido semanalmente, como é organizado esse atendimento?

Atendemos ao redor de 5.000 pessoas por mês, em três dias de atendimento semanal. Aos sábados temos ao redor de 600 atendimentos, todos com ficha médica, com identificação, doenças etc. Criamos um fluxo que tem proporcionado um atendimento até que rápido, sempre exaltando a transformação moral e ética, a água fluidificada, o passe eletromagnético, o Evangelho no Lar, o atendimento fraterno etc. Quem chega à nossa casa sabe e sente que estamos nos esforçando para sempre dar o nosso melhor e que nos esforçamos, a cada semana, para melhorarmos um bocadinho mais. Sempre dá para fazer mais e melhor. 

Relate algo sobre o trabalho promocional humano realizado pela numerosa equipe de voluntários. Quais são esses trabalhos?

Nosso trabalho assistencial vem crescendo a cada dia. Hoje fazemos trabalhos com moradores de rua, todas as noites, em cinco municípios, entregando 1.000 lanches semanais. Temos um albergue para 6 moradores de rua, em nossa sede antiga, onde 7 dias por semana fazemos o Evangelho às 19h. Entregamos na rua, em 2013, 6.400 cobertores e toneladas de roupas. Temos parceria com 7 asilos (250 idosos) que comem e vestem fraldas (produzidas por nós) à custa da Obreiros; temos parceria com uma casa transitória com 19 crianças; e, no município de Embu-Guaçu temos um projeto de ascensão social de uma comunidade rural, onde em 2013 montamos uma oficina profissionalizante de costura, juntamente com a plantação de 50.000 pés de hortaliças para os moradores venderem e começarem as suas economias. Entregamos 260 cestas básicas/mês, de casa em casa, para famílias previamente cadastradas, juntamente com o Evangelho e com tudo que precisam. Em 2013 entregamos mais de 60 fogões, 60 geladeiras, 100 mesas e de 500 cadeiras. Mais de 100 colchões e camas. Enfim, um trabalho sem-fim, mas que mantém nossa casa viva! É o que nos move, nos deixa feliz e constitui nossa vacina diária contra o egoísmo, a vaidade e o orgulho! O lema da casa é: Caridade é Verbo!  

Algo marcante que gostaria de acrescentar?

Gostaria de ressaltar que estamos tendo uma oportunidade maravilhosa de trabalho. Que não somos nós os donos da Obra, e sim o Mestre. Que temos que trabalhar com responsabilidade, com disciplina, com estudo (temos ao redor de 500 alunos matriculados em 4 dias de curso), com perseverança, com compaixão e misericórdia, mas que não podemos nunca deixar de lado o amor e a alegria de servir. 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita