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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 8 - N° 390 - 23 de Novembro de 2014

 
 

 

O exercício da paciência

 

Certo dia, Frederico ouviu a professora dizer que todas as pessoas precisam exercitar a paciência uns com os outros.

— Por que, professora? — perguntou um aluno.
 

— Porque todos nós, uma hora ou outra, também precisaremos da paciência alheia! — explicou ela.

Frederico foi para casa pensando no assunto. Por que ele, Frederico, precisaria da paciência das pessoas? Ou da paciência da família? Não conseguia encontrar algo que lhe mostrasse essa necessidade!...

Chegando a casa à hora do almoço, entrou em seu quarto e, vendo uma revistinha, pôs-se a ler. Logo Isabela, a irmã mais velha, chamou-

o:  

— Frederico, venha almoçar, só falta você!

— Já vou, Isabela! Não podem esperar um pouco? — gritou.

Mas não foi. Após mais algum tempo, a mãe veio buscá-lo e levou-o pela mão.

Todos estavam sentados em torno da mesa com cara de reprovação. Frederico sentou-se, descontente, pois a história que estava lendo era muito boa.

O pai fez uma prece agradecendo a Deus pela família unida e pelo alimento que iam comer. Porém, o garoto nem comeu direito com pressa de voltar ao seu quarto.

No final da tarde, Isabela procurava um livro e perguntou a Frederico se sabia onde ele estava, e o menino respondeu com maus modos:

— Está comigo, ora essa! Eu o peguei porque queria ver no mapa onde fica uma cidade!

A irmã, cheia de paciência, explicou:

— Frederico, mas o livro é meu e você poderia ter-me avisado que o pegou! Preciso fazer um trabalho urgente para amanhã, senão vou ficar sem nota em Geografia, e procurei esse livro na casa inteira!... 

— Ah! Você não gosta de mim mesmo. Sempre reclama de tudo o que faço!

— Você está apelando, Frederico! Não me nego a lhe emprestar nada, só desejo que me avise, entendeu?

Nisso a mãe aproximou-se, ao ver que os filhos estavam discutindo.

— O que está acontecendo? Não quero brigas nesta casa!

E Frederico, em lágrimas, reclamou para a mãe:

— Mamãe, Isabela não gosta de mim. Aliás, ninguém gosta de mim nesta casa!... Sou muito infeliz!...

A mãe olhou para a filha, que, ao ver a cena que o irmão estava fazendo, achou graça. Depois olhou para o filho e acalmou-o:

— Frederico, conte-me o que aconteceu.

Enxugando as lágrimas com as mãos, ele explicou:

— É que ninguém tem paciência comigo aqui em casa, mãe! Todos brigam comigo! Minha professora disse que precisamos ter paciência com os outros. 

A mãe ouviu aquelas palavras e concordou:

— Sua professora tem toda razão, meu filho. Mas ninguém tem paciência com você? Veja bem! Só hoje, quantas vezes exercitamos a paciência com você?

O garoto parou de chorar, surpreso. A mãe prosseguiu:

— À hora do almoço, ficamos esperando por você à mesa, pois não veio quando Isabela foi chamá-lo, e só o fez depois que eu fui buscá-lo, mesmo sabendo que seu pai tem pressa de almoçar para retornar ao trabalho!

E a irmã concluiu, dizendo:

— Sempre tenho paciência com você, Frederico! Não me incomodo que pegue minhas coisas, porém precisa me avisar. Eu preciso fazer um trabalho para amanhã!...

Um pouco antes, o pai retornou do serviço e como ninguém notou sua presença, ficou parado na porta, ouvindo sem interferir.

Nesse ponto da conversa, entrou o irmão caçula, Leo, que ouvia calado e resolveu falar também:

— Eu tenho paciência com você, Frederico! Hoje mesmo queria brincar e procurei meu jogo novo e estava no seu quarto! Mas, quando eu pego alguma coisa sua, você briga. Não tem paciência comigo!

Todos acharam graça da reclamação do pequeno Leo, de cinco anos. A mãe completou:

— Entendeu, Frederico? A paciência é algo que precisamos cultivar em relação aos outros também, não pensando apenas em nós! No entanto, você só considera os seus direitos, sem pensar que deve agir da mesma maneira para com o próximo, isto é, com todos aqueles que fazem parte da nossa vida!...

Frederico, que havia parado de chorar e pensava no que fora falado, olhou a cada um e disse:
 

— Vocês me perdoam? Mamãe, eu prometo mudar! Quero ser assim como você, papai, a Isabela e até o Leo, que tanto têm sido pacientes comigo.

A mãe abriu os braços e eles se abraçaram, cheios de carinho e de alegria por saber que, apesar de tudo, formavam uma família que se amava muito. O pai aproximou-se e envolveu a todos com sua presença forte e amorosa, dizendo:

— Agradeço todos os dias pela família que Deus me deu. Ouvi a conversa de vocês e sinto muito orgulho desta família

maravilhosa, que tem problemas, mas que resolve tudo com amor e paz!... 

 

MEIMEI 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 22/09/2014.)

                                                 
                                                   
 


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