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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 8 - N° 399 - 1° de Fevereiro de 2015

 
 

 

Presente de aniversário

 

Roger era um garoto esperto, mas pensava o pior de tudo o que via. As ações das pessoas, para ele, eram sempre direcionadas para o mal e para prejudicar os outros.

Assim, ele estava sempre de olho em todo mundo, fossem colegas da escola, vizinhos, amigos ou pessoas adultas, mesmo as que sua família considerava como amigas.

Sua mãe o alertava para esse comportamento, dizendo-lhe que o mal era exceção nas pessoas, que grande parte desejava o bem para os outros.

Certo dia, entrando em um bosque perto da casa dele, Roger notou em Jonas, seu amigo, atitudes estranhas. Embora fossem amigos, porém com o pensamento voltado para o mal, Roger achou que Jonas estava aprontando algo errado, pois, ao aproximar-se dele, Roger notou que ele levou um susto, escondeu algo e sorriu.
 

— O que você está fazendo, Jonas? — Roger perguntou.

— Nada! Estava apenas mexendo na terra, à procura de uma bolinha de gude que perdi outro dia! — Jonas respondeu com um sorriso maroto.

— Ah!... Vamos brincar?

— Agora não vai dar, Roger. Tenho que ajudar minha mãe.

Preocupado, Roger foi embora, porém notou que Jonas continuou no mesmo lugar, abaixado, e pensou: “Ele acha que me engana! Mas sou muito esperto. Jonas vai ver comigo! Vou descobrir o que ele está fazendo”.

Roger foi para casa, mas não esquecia o que tinha visto. Encontrando outro vizinho, contou a ele:

— Carlos, Jonas está fazendo coisa errada. Acho que não podemos mais confiar nele.

— Você acha mesmo, Roger?

— Acho. Eu o peguei em atitude suspeita. Ele não serve mais para ser nosso amigo.

Não demorou muito, todo o quarteirão estava sabendo da história, isto é, que Jonas não era de confiança e estava fazendo coisas erradas. Mas alguém perguntou:

— Coisas erradas como? Jonas sempre foi um bom amigo!

— Não sei o que Jonas anda fazendo, mas é errado! Por isso devemos nos afastar dele.

Por sua vez, chateado, Jonas notou que ninguém mais o procurava. Via os garotos brincando de bola na rua, mas, quando se aproximava, paravam de jogar e iam embora.

Quando ele chegava perto de um dos vizinhos, o outro dava uma desculpa e se afastava. Essa atitude de rejeição dos amigos, sem motivo, deixou-o muito triste e desanimado.

Como se aproximava o aniversário de Roger, ele achou que na festinha seria o momento ideal de ele se aproximar dos amigos.

Assim, aguardou confiante.

No dia da festa, ficou esperando um convite do aniversariante, mas Roger não lhe disse nada. Chateado, mas ainda assim gostando muito de Roger, Jonas embrulhou o seu presente e, quando viu que as pessoas estavam chegando à festa, arrumou-se e foi lá.

Viu Roger alegre, de roupa nova e cabelos penteados, rindo com seus amigos. Então Jonas aproximou-se também, sorridente. Mas ao vê-lo, Roger fechou a cara dizendo:

— O que você está fazendo aqui? Não me lembro de tê-lo convidado, Jonas. 

Surpreso com a acolhida daquele que considerava seu amigo, Jonas gaguejou:

— Vim... desejar-lhe... Feliz aniversário... Roger. Não entendo por que está me tratando assim. Sempre fomos amigos! Trouxe-lhe até um presente que eu mesmo fiz! Algo que você queria muito!...

— Presente? Foi você quem o fez? — perguntou Roger, interessado, arregalando os olhos ao ouvir falar de presente e ver o pacote nas mãos de Jonas.
 

— Sim! Lembra-se que você queria muito uma casinha que eu fiz? Então, eu fiz uma para você! Quase que você a viu, quando eu a estava fazendo. Lembra-se daquele dia que você chegou de repente? Eu estava colhendo gravetos para fazer a cobertura e tive que esconder rápido, para que você não desconfiasse da minha surpresa de aniversário.

Os outros garotos, sem entender direito o

que estava acontecendo, olhavam de um para o outro, e viram que Roger avermelhou, mostrando-se chateado:

— Então era o meu presente de aniversário que você estava fazendo, Jonas?

— Sim! Eu fiz questão de que você não soubesse, porque era uma surpresa.

Com lágrimas nos olhos, Roger aproximou-se do amigo abraçando-o:

— E eu que julguei que você estivesse fazendo algo errado! Nem sei como me desculpar, Jonas. Peço-lhe perdão por tê-lo julgado mal.

Ao ouvir isso, os demais amigos perceberam que tudo fora um mal-entendido e acercaram-se de Jonas para abraçá-lo também.

— Nós também lhe pedimos desculpas, Jonas. Julgamos que estivesse fazendo algo errado. Por isso nos afastamos de você. Pode nos perdoar?

— Claro que perdoo! Graças a Deus que esse mal-entendido foi explicado. Eu não estava mais suportando ficar sozinho. Afinal eu perdera de uma só vez todos os meus amigos!

— Isso nunca mais vai acontecer, Jonas. Bem que mamãe sempre me alertou para não julgar ou não pensar mal de ninguém. A culpa foi minha e vocês todos deveriam estar com raiva de mim — disse Roger, sabendo que errara.

— Não se preocupe, Roger. Todos nós somos seus amigos e você apenas cometeu um erro, o que pode acontecer com qualquer um. E eu nem me lembro mais disso! — afirmou Jonas, com grandeza de espírito.

Eles fizeram um círculo e se abraçaram, reafirmando a amizade que os unia, satisfeitos por terem novamente a amizade de Jonas, de quem eles gostavam muito. 

MEIMEI 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 5 de janeiro de 2015.) 


                                                 
                                                   
 


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