Flávio Fonseca:
“Se somos
artistas, que a
nossa arte seja
iluminada”
O maestro nos
fala sobre o
papel do
artista na melhoria
e preservação
da qualidade
das produções
artísticas
e dos
conteúdos
espíritas
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Flávio Souza da
Fonseca
(foto) é
natural do Rio
de Janeiro, mas
reside em
Brasília (DF).
Nasceu em
família
espírita, mas,
apesar dos
cultos em casa,
mergulhou de
cabeça mesmo
quando entrou na
mocidade do
Grupo Irmão
Estêvão, na
capital federal,
em 1984. Foi o
tradutor para o
Esperanto do
livro Valo de l'
Nebulo (O Vale
da Neblina), de
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Roque Jacintho,
publicado pela
Ed. Lorenz. Teve
artigos (em
português e em
Esperanto)
publicados em
diversos
periódicos do
mundo,
principalmente
sobre
Espiritismo e
Música. Mas o
destaque de sua
obra está nos
discos: 14
álbuns autorais
e participação
como arranjador,
produtor,
maestro,
instrumentista
ou cantor em
cerca de 60
outros. Mais de
100 shows em
todo o mundo:
solo, com banda
ou com
orquestra.
Músico –
compositor,
arranjador,
maestro,
produtor –,
também atua como
facilitador
credenciado da
ferramenta
terapêutica Jogo
da Transformação
em clínicas de
psicologia.
Realiza
palestras em
várias casas
espíritas
(geralmente com
o violão na
mão),
eventualmente
ministra
workshops e
seminários sobre
música espírita
em encontros e
faz
apresentações
musicais em
congressos e
outros eventos.
É graduado em
Composição e
Regência pela
UnB (orientado
por Cláudio
Santoro) e
pós-graduando em
Psicoterapia
Junguiana pela
FACIS. |
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Flávio Fonseca
concedeu-nos a
entrevista
seguinte:
O que o motivou
a trabalhar com
a arte espírita?
Fale-nos também
sobre suas obras
e seus últimos
trabalhos.
Primeiramente
devo dizer que
não faço
diferença entre
música espírita
e não espírita.
Sou espírita e,
como tal, não
vejo como não
deixar minhas
convicções
transbordar para
o meu trabalho,
e seria
hipócrita se não
o fizesse. Até
quando faço
música sobre
letra de um
parceiro, o
critério é o
mesmo. Assim,
sinto-me à
vontade para
apresentar uma
mesma composição
minha num palco
comercial ou num
contexto
espírita.
Já produzi
discos e shows
de vários
artistas
espíritas, como
Alexandre
Paredes, Abadia
Amorim, Cláudia
& Euclides,
Esperança,
Giselle
Sprovieri,
Marielza Tiscate,
Tânia & Edênio,
etc.; produzi
coletâneas para
Editora Auta de
Souza, Revista
Cristã de
Espiritismo e
FEB.
Meu trabalho
solo mais
recente é o CD O
Som da Poesia (facebook.com/osomdapoesia),
de músicas
minhas com
letras da
poetisa Aglaia
Souza, que é
minha
mãe.
Que método
utiliza nas
composições e
quanto tempo
leva na
elaboração
artística?
A inspiração é
muito relativa.
Às vezes vem nas
horas mais
inesperadas; às
vezes é fruto de
muito
planejamento e
transpiração. Do
início à
conclusão de um
trabalho de
criação podem
passar minutos
ou semanas.
Como você vê a
qualidade da
produção musical
espírita, em
geral, no
presente
momento?
Se formos
comparar com a
produção musical
de outras
religiões, ainda
estamos muito
atrás, seja em
qualidade
técnica e
artística, seja
em produção,
distribuição e
divulgação.
Porém, se
compararmos com
o que era feito
há alguns anos,
vejo que
evoluímos muito.
Vários artistas
começam a se
destacar pela
consistência da
obra, e
percebe-se que
algumas
localidades são
polos de
desenvolvimento
mais acentuado.
Quais as
principais
dificuldades a
superar?
Primeiramente,
as dificuldades
individuais, que
são as mesmas de
qualquer ser
humano, artista
ou não:
disposição para
a reforma
íntima.
Coletivamente,
enfrentamos a
falta de
recursos (por
falta mesmo ou
por
preconceitos) e
ainda,
infelizmente, a
falta de
aceitação dentro
do próprio
movimento
espírita, com
honrosas
exceções.
Qual o papel dos
compositores,
artistas,
escritores,
dirigentes e
líderes
espíritas na
melhoria e
preservação da
qualidade das
produções
artísticas e dos
conteúdos
espíritas?
Cada um em sua
posição deve
reconhecer sua
missão diante
deste tema. A
partir do ponto
em que
compreendemos a
importância
transformadora
da arte, como
poderoso
instrumento de
auxílio em
nossas
metamorfoses
diárias, fica
clara sua
utilidade para o
Espiritismo ou –
poderíamos dizer
mais
profundamente –
para a evolução
espiritual de
cada um. Então,
se somos
artistas, que a
nossa arte seja
iluminada; se
somos
dirigentes,
criemos
condições
propícias para o
desenvolvimento
da arte e dos
artistas. Se
temos recursos
de divulgação,
de educação, de
promoção, enfim,
façamos o que
está ao nosso
alcance.
O que, na sua
percepção,
precisa e pode
melhorar no
incentivo e na
formação de
novos músicos
espíritas?
Individualmente,
admitirmos nossa
necessidade de
estudo
constante, seja
o estudo
doutrinário,
seja o da
técnica relativa
à nossa arte;
fazer bem feito
e com conteúdo.
Coletivamente, a
criação de
condições mais
favoráveis para
a realização
artística,
abolindo
preconceitos e
gerando
estímulos para
os artistas, e
não apenas para
os
iniciantes.
Quais os seus
planos para o
futuro, em
relação à arte
espírita?
Continuar meu
trabalho,
criando sob
impulso do que
acredito, e
levando minha
música (e
consequentemente
meu sentimento)
aonde puder,
dentro e fora do
movimento
espírita.
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Não paremos
nunca de buscar
o
aperfeiçoamento,
em todos os
sentidos:
espiritual,
pessoal,
técnico...