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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 9 - N° 432 - 20 de Setembro de 2015

ANDRÉ RIBEIRO FERREIRA
andure@uol.com.br
Brasília, DF (Brasil)

 

 
José Ricardo Honório da Silva: 

"É preciso que voltemos nossas buscas mais íntimas para o despertar da consciência"

O fundador do Grupo Espírita Peixotinho explica o que motivou
a criação do grupo, qual a sua proposta e importância como grupo espírita em local de trabalho profissional

José Ricardo Honório da Silva (foto), nascido na cidade de Mogeiro, no estado da Paraíba, mudou-se para a cidade de Recife (PE) aos dezoito anos de idade e ali morou por 21 anos, transferindo-se depois para Brasília (DF), onde reside há dez anos. Conheceu o Espiritismo em 1983, aos dezenove anos de idade, quando soldado da Aeronáutica, em

Recife, por intermédio de um colega de trabalho, o Sargento João Vieira, que lhe ofereceu para leitura o livro “Memórias do Padre Germano”.

Atualmente desenvolve várias atividades na Seara Espírita, tais como: Elaboração de material (apostila e slides) para curso de Passe; Coordenação do grupo de estudos do Passe, com edição anual, no Grêmio Espírita Atualpa Barbosa Lima, em Brasília; Coordenação das atividades do Grupo Espírita Peixotinho – GEP, nas dependências do Comando da Aeronáutica, em Brasília-DF; Edição mensal do Informativo Espírita do GEP; Publicação, pela Editora Otimismo, do livro intitulado “A vida sempre ensina”.

Está também vinculado ao Grupo Espírita Peixotinho (GEP) e ao Centro Espírita Casa de Lázaro (CL). Coordena as atividades do GEP e edita o Informativo Espírita, com a inestimável colaboração da nossa irmã Denise Escovino. Na Casa de Lázaro, é dirigente do Grupo de Desenvolvimento Mediúnico Bezerra de Menezes, bem como do Grupo Peixotinho de Estudo da Mediunidade. Além disso, profere palestras e ministra seminários em casas espíritas de Brasília e do entorno. 

O que motivou a criação de um Grupo Espírita nas dependências da Aeronáutica, em Brasília? Por que o nome Grupo Espírita Peixotinho? 

Ao iniciar os trabalhos no prédio do Comando da Aeronáutica, em meados de 2004, tomei conhecimento de que dispúnhamos de espaço para atividades religiosas no auditório, onde já ocorriam a Missa Católica e o Culto Evangélico, em dias específicos. Assim, solicitamos às autoridades permissão para instituir um grupo de estudos espíritas, no que fomos prontamente atendidos, iniciando as atividades do grupo em 21 de fevereiro de 2005. Quanto ao nome Peixotinho, foi uma sugestão da Espiritualidade, por intermédio da psicografia de Suely Calazans, conforme descrito no site do Grupo (www.grupopeixotinho.com.br/psicografia_1.html). Foi por ocasião dessa psicografia que descobrimos que o Grupo já existia na espiritualidade e que estávamos sendo assistidos por Francisco Peixoto Lins (Peixotinho). Assim, não deveria ser outro o nome do grupo. 

Qual a proposta do Grupo e o perfil de seus frequentadores? 

Desde o início, intuitivamente, focamos o estudo de O Livro dos Espíritos. Pelo ambiente, não poderia ser um empreendimento que visasse a um grande volume de frequentadores. Chegamos a ter algumas palestras com convidados externos, mas algumas características do grupo, como o horário (as reuniões se dão no intervalo para o almoço), inviabilizaram a manutenção delas. Quanto ao perfil dos frequentadores, é bastante eclético. Temos alguns que nos acompanham desde o início, mas tem também uma população flutuante, decorrente das transferências anuais do pessoal militar. No que se refere ao perfil de conhecimento, é bastante variável. Há vários com conhecimentos doutrinários consideráveis, inclusive trabalhadores de casas espíritas, como a Comunhão Espirita de Brasília, bem como neófitos na Doutrina. 

A formação do Grupo teve a influência de alguma instituição ou foi iniciativa particular?  

Poderíamos até dizer que o grupo nasceu por iniciativa particular. Mas, iniciativa de quem? Depois da psicografia de Suely Calazans, supracitada, temo dizer que a iniciativa foi nossa (risos). Acredito que nosso papel foi de meros executores de ordens superiores ou cumpridores de compromissos assumidos. Mesmo porque, se considerarmos que à época éramos todos sargentos e que Peixotinho, ao desencarnar, era capitão do Exército Brasileiro, fica clara a nossa subordinação hierárquica, além da incomensurável distância evolutiva que nos separa (risos). Ou seja, éramos duplamente subordinados ao Peixotinho: pela hierarquia militar e pela evolução espiritual (risos). O fato é que o Grupo se materializou pela iniciativa de Adilson Mariz, Newton Daltro, Raul Paulino e Roberto Melo, além de mim. A Denise Escovino veio depois, para a diagramação do Informativo. 

Essa equipe ainda se mantém? 

Não. A vida militar é muito dinâmica. O Mariz foi transferido para a reserva e assumiu a presidência da Comunhão Espírita de Brasília; o Raul foi transferido de volta para Recife; o Daltro foi designado para cumprir missão no exterior. Ou seja, da equipe inicial, ficamos eu e o Roberto. A Denise me ajuda muito na edição do Informativo e o Pedro Abreu coordena o trabalho de Passes. 

Como você vê a qualidade das palestras e estudos espíritas, em geral, no momento atual? 

Esta é uma questão crucial. Na questão 76 da obra “Qualidade na Prática Mediúnica”, consta que a Joanna de Ângelis apresentou uma proposta de responsabilidade para as casas espíritas, baseada na trilogia Espiritizar, Qualificar e Humanizar. Para os autores, “espiritizar tem o sentido de viver o Espiritismo como ele é, na sua essência, sem adulterações, modismos, sincretismos, sem adaptações ou concessões a outras correntes de ideias, por mais respeitáveis sejam ou pareçam”. Dessa forma, entendo que temos ilhas “espiritizadas”, mas, no geral, há pontos que inspiram cuidados. Mas, não nos assustemos com isso; somos todos aprendizes do Evangelho e Jesus está no comando. Porém, é responsabilidade dos dirigentes, principalmente, não permitir que o joio se misture às boas sementes, ensejando espiritização, qualificação e humanização. 

No bojo das considerações da questão anterior, quais as principais dificuldades a superar? 

Salvo melhor juízo, percebo alguns óbices diante das boas práticas espíritas, cuja gênese se alberga na vaidade e no orgulho milenares. Dentre esses óbices, podemos citar dois que são extremamente contraproducentes e detêm grande poder de desagregação: o personalismo, que incute no indivíduo uma falsa ideia de valor próprio, fazendo-o perceber-se suprassumo da verdade e panaceia de toda problemática; e o estrelismo, quando o trabalhador incauto vive a ilusão de brilho próprio. Esta falha de comportamento é comumente acompanhada da presunção, da arrogância, da soberba, do egocentrismo, dentre outros. Ou seja, parece que as principais dificuldades a superar são, de acordo com a Joanna de Ângelis, os “espíritas” não espiritizados, pouco qualificados e minimamente humanizados! 

Qual a importância de grupos espíritas em ambientes de trabalho?

São de grande importância. Segundo Jesus, onde estiverem dois ou mais reunidos em seu nome, lá Ele também estará. Os benefícios desses grupos para o ambiente são semelhantes aos propiciados pelo Evangelho no Lar. As luzes que se fazem durante a reunião, bem como durante a missa católica ou o culto evangélico, não ficam circunscritas ao auditório; espargem-se pelo ambiente, influenciando o magnetismo de todo o prédio, quebrando as correntes de fluidos mais densos, favorecendo a paz e a harmonia. Não obstante, inúmeros Espíritos desencarnados são levados aos locais de estudo e/ou prece para serem instruídos. Segundo a nossa irmã Alcione, filha encarnada do Peixotinho, em visita ao nosso Grupo, descreveu um mezanino no plano espiritual, onde Espíritos assistiam à reunião de estudos, acompanhados por benfeitores do Grupo. 

O que, na sua percepção, precisa e pode ser feito para melhorar a organização de grupos espíritas específicos como este?  

Primeiramente, a formação de um grupo de estudos não deve ser uma iniciativa intempestiva. Requer planejamento, comprometimento dos envolvidos e liderança. Não uma liderança que apenas ordene, mas que dê o exemplo pelo trabalho. O mínimo de afinidade entre os membros é imprescindível, para que não haja contendas decorrentes de particularismos. Desvincular-se de metas quantitativas, como número de participantes ou visitantes, e pautar-se pela qualidade das práticas doutrinárias, inegociáveis sob quaisquer pretextos. No Peixotinho já fizemos reunião com apenas duas pessoas (encarnadas) e os resultados foram excelentes do ponto de vista das reflexões e das consequentes conclusões. O Grupo não é um centro espírita. Mantendo um tamanho enxuto amplia as condições de estudo e favorece o controle de qualidade. 

Quais os planos para este grupo no futuro? Que atividades podem ser implementadas? 

Vejo o GEP como uma mãe que nutre seus filhos em casa para que brilhem alhures. Já pensamos em “promover” o grupo a centro. Mas a ideia não vingou. Entretanto, foi-nos oferecido o Centro Espírita Casa de Lázaro onde, por psicofonia, foi-nos sugerido criarmos um grupo de estudo da mediunidade sob a tutela do Peixotinho. O grupo está em curso e o Peixotinho continua mantendo a sua promessa registrada em psicografia: “Assim como Deus não nos desampara eu não abandonarei vocês enquanto o trabalho persistir”. Dessa forma, considerando que após dez anos de existência atingimos a questão 584, nossos planos são de continuar o estudo de O Livro dos Espíritos pelo menos pelos próximos dez anos (risos). Não há planos para novas atividades. Manteremos a proposta de instrução e reflexão para o aculturamento espírita individual.        

Sua mensagem final aos nossos leitores. 

Caríssimos irmãos e irmãs na fé espírita, o Espiritismo, terceira revelação de Deus aos Homens, é, antes de tudo, campo de aprendizado e de trabalho para nós recalcitrantes aprendizes das Leis Universais. A Casa Espírita é oficina que nos faculta o treinamento dos procedimentos que a lida diária nos exige, como alunos repetentes da escola da vida ao longo dos milênios. Saibamos aproveitar essa dádiva divina e não a manchemos com nossas idiossincrasias. Reflitamos sobre a nossa ainda insipiente cultura espiritual e voltemos nossas buscas mais íntimas para o despertar da consciência ainda endurecida e ensimesmada. Quebremos o casulo da nossa ignorância e construamos a integralidade do nosso ser mediante o fortalecimento do intelecto e o espargimento do sentimento, representado pelo amor incondicional ao nosso próximo e à Humanidade. 


 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita