Sinézio Augusto
Griman:
“O lema
‘Amai-vos e
instruí-vos’ tem
sido
negligenciado em
nosso meio”
Pesquisador
voltado para a
história do
Espiritismo, o
confrade mineiro
fala-nos sobre
seu trabalho de
pesquisa e as
dificuldades
para realizá-lo
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Sinézio Augusto
Griman (foto),
natural de Juiz
de Fora (MG) e
residente em
Volta Redonda
(RJ), vincula-se
aos trabalhos
realizados pelo
Grupo Espírita
União,
Fraternidade e
Amor. Espírita
há mais de 40
anos – desde
1971 – e hoje,
aposentado das
atividades
profissionais,
dedica-se à
pesquisa
pertinente à
história do
Espiritismo,
as- |
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sunto que
constitui o tema
central da
entrevista que
nos concedeu. |
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De onde lhe
surgiu o
interesse pela
pesquisa da
história do
Espiritismo?
Meu interesse
pela pesquisa
surgiu
inicialmente em
1985 quando
procurei
informações
biográficas de
alguns
companheiros e
percebi que
havia uma
repetição
sistemática, ou
seja, uns
copiando dos
outros e nada de
pesquisa. Em
1991, na
feirinha pró
Mansão do
Caminho no Rio
de Janeiro,
estive com
Divaldo, que me
incentivou neste
caminho. No
início sonhei
grande, pensei
que muitos se
interessariam
pela história do
Espiritismo e
pela luta dos
companheiros de
doutrina, mas
aos poucos fui
redimensionando
meu sonho até o
momento, cujo
sonho, por mim
sonhado um dia,
chama-se hoje
realidade.
O que mais lhe
chamou a atenção
nesses anos de
pesquisa?
Podemos dizer
que hoje existem
alguns
companheiros
preocupados com
o assunto, mas
ainda são poucos
e a falta de
recurso e
interesse para
esse trabalho é
alarmante.
Fazemos mais
compilação do
que pesquisa,
pois a pesquisa
necessita de
persistência, de
tempo e de
recursos
financeiros.
Assim, temos
visto muitas
vezes o meio
acadêmico
realizando
trabalhos de
excelente nível
sobre
Espiritismo,
mesmo sem
estarem
envolvidos com a
doutrina
espírita.
Costumo dizer
aos meus irmãos
que interesse e
tempo eu tenho!
O preconceito
foi o grande
obstáculo à
expansão da
ideia espírita
no passado? E
hoje, qual tem
sido o grande
obstáculo à
plena vivência
espírita?
Minha visão
neste sentido é
limitada, pois
não tenho
conhecimento do
que acontece em
outros estados.
Mas, pela minha
experiência, o
lema “Amai-vos e
instruí-vos” tem
sido
negligenciado em
nosso meio. Não
quero falar de
amor ou de
fraternidade,
mas somente do
respeito pelas
diferenças de
opiniões. Dou-me
o direito de ter
uma visão do
Espiritismo, mas
respeito as
opiniões
divergentes da
minha, mesmo não
concordando com
elas.
Fale-nos sobre o
trabalho
pioneiro de Luís
Olímpio Telles
de Menezes.
O início da
trajetória
espírita,
realizado por
Luís Olímpio
Telles de
Menezes, foi uma
tarefa pessoal,
com auxílio de
poucos
companheiros que
souberam
perseverar até o
fim. No dia 16
de março de
1893, na rua
Barão de São
Felix, nº 165,
com 68 anos,
desencarnou
Telles de
Menezes em
pobreza extrema,
vitimado por uma
nefrite, tendo
sido o corpo
enterrado no
Cemitério de S.
Francisco Xavier
no Rio de
Janeiro, graças
ao patrocínio de
dois colegas
taquígrafos.
Como vemos, os
espíritas
ficaram alheios
às suas
necessidades. A
revista
Reformador, em
abril de 1893,
ou seja, no mês
seguinte,
publicou uma
nota sobre a
desencarnação de
Telles de
Menezes. Hoje
falamos do seu
pioneirismo e
esquecemos que,
mais que uma
tarefa, foi uma
batalha pessoal.
Cite um momento
desse grande
pioneiro.
É possível
observar com
clareza que num
dado momento de
sua vida Telles
de Menezes
imaginou a
possibilidade de
uma convivência
pacífica entre o
Espiritismo e a
Igreja Católica,
pois ele se
considerava na
época católico e
espírita, quando
na verdade teria
de ser católico
ou espírita. Na
sequência de sua
vida ficou claro
que uma escolha
teria de ser
feita e que a
guerra estava
declarada e
Telles de
Menezes teria de
responder aos
ataques da
Igreja,
solitariamente,
como aconteceu.
Como o amigo vê
o atual estágio
do movimento
espírita,
considerando-o
historicamente?
Gostaria de
repetir aqui o
que diz Joanna
de Ângelis sobre
o assunto na
introdução do
livro
“Diretrizes para
o Êxito”: “Há um
século e meio
quase,
materializou-se
a Sua Promessa
no Espiritismo,
que se propõe a
regenerar o ser
humano
individualmente
e a sociedade
como um todo.
Apesar disso, a
colheita de
frutos tem sido
quase
inexpressiva até
este momento, o
que é realmente
doloroso ao ser
constatado”.
O passado
histórico do
Espiritismo
serve
inicialmente
para dar crédito
a todos aqueles
que dedicaram
suas vidas na
compreensão da
vida após a
morte e também
para não
repetirmos os
erros desse
mesmo passado.
Algo marcante de
suas lembranças
que gostaria de
relatar?
Meu encontro com
Divaldo Franco
me possibilitou
conhecer um
companheiro que
na minha opinião
é único. Não
falo do orador
ou mesmo do
médium, mas sim
do homem
Divaldo,
espírita na
total expressão
da palavra.
Cheguei a fazer
para ele alguns
trabalhos
gráficos
inexpressivos,
mas que ele me
falava como se
fosse algo de
grande valor, me
colocando numa
posição que não
merecia, o que
foi uma lição
inesquecível. A
ele, minha
completa
gratidão por
aqueles dias de
amizade e
fraternidade.
Que podemos
fazer, como
movimento
espírita
organizado, para
melhorar o nível
das atividades
para a
coletividade?
Divulgação com
base nas obras
básicas.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Minha pesquisa
principal são as
fotografias
relacionadas ao
Espiritismo,
mais de 5 mil,
que hoje tenho
enviado para
alguns
companheiros do
movimento
espírita e o
trabalho sobre
Allan Kardec
denominado
“PARIS NO TEMPO
DE ALLAN
KARDEC”.
Trabalho este
disponibilizado
em DVD sem fins
lucrativos e
distribuição
gratuita. O
endereço para
contato é:
augustogriman@gmail.com
Suas palavras
finais.
Meus sinceros
agradecimentos.