Walter Barcelos:
“Para o
progresso do
Espiritismo vale
devotar-se tendo
em vista
o
desenvolvimento
eficiente
das
almas humanas”
O conhecido
escritor, autor
de dez obras
espíritas,
fala-nos
dos métodos que
utiliza na
elaboração
literária e
explica como
surgiram seus
livros
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Walter Barcelos
(foto),
natural da
cidade de Araxá,
região do
Triângulo
Mineiro, Minas
Gerais, reside
atualmente em
Uberaba (MG),
para onde se
transferiu, por
necessidade
profissional, em
novembro de
1969. É espírita
desde o berço e
desde os 4 anos
de idade
frequenta a Casa
Espírita.
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Autor de 10
livros – Sexo e
Evolução (FEB);
Mediunidade e
Discernimento
(Didier);
Educadores do
Coração (União
Espírita
Mineira);
Justiça e
Felicidade
(Didier);
Aliança de
Corações (INEDE);
Aprendendo,
Amando e
Servindo
(Didier); Minha
Mente, Meu Mundo
(Didier); A Arte
Moral de Educar
os Filhos
(Didier);
Homossexualidade,
Reencarnação e
Vida Mental
(Didier) e
Aprendendo com
Jesus, o Mestre
do Amor (Didier)
– ele nos fala
na presente
entrevista sobre
os métodos que
utiliza na
elaboração
literária e
sobre suas
obras. |
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O que o motivou
a escrever
livros
espíritas?
Meu interesse
inicial não era
escrever livros
espíritas.
Possuía forte
vontade de
redigir artigos
doutrinários e
publicá-los no
jornal “A Flama
Espírita”, de
Uberaba. A
partir dessas
publicações
mensais no
citado jornal
foram-se
acumulando os
artigos e daí
naturalmente
nasceram as
obras de nossa
autoria.
Como foi
produzir sua
primeira obra
espírita?
Aprecio muito
estudar
Espiritismo, o
que comecei a
fazer no ano de
1967, na cidade
de Araxá (MG),
participando da
reunião de
estudos
espíritas, onde
se dá
preferência
única e
exclusiva ao
estudo
aprofundado e
sistemático das
obras do
codificador
Allan Kardec.
Antes de iniciar
a escrita
espírita já
estudava
Doutrina
Espírita com
muito interesse,
sempre fazendo
vasta pesquisa
de temas e
assuntos, a fim
de verificar a
verdade dos
ensinos,
combiná-los e
compará-los,
conseguindo
através desse
trabalho um
melhor
entendimento dos
diversos pontos
da Ciência,
Filosofia e
Moral do
Espiritismo.
Minha primeira
obra espírita
foi “Sexo e
Evolução”.
Inicialmente
pesquisei e
organizei ampla
pesquisa sobre
sexualidade à
luz do
Espiritismo,
muito
especialmente
nas obras de
Allan Kardec e
do médium
Francisco
Cândido Xavier.
Gastei 12 meses
para organizar
em caderno
espiral (colando
recortes de
textos
xerocopiados) os
capítulos e
datilografei os
diversos
capítulos dessa
apostila que
intitulamos “O
Espírita perante
as energias
criadoras do
sexo”. Isso se
deu nos idos de
1983. Com essa
vasta pesquisa
em mãos passei a
escrever
artigos, mês a
mês, no jornal
“A Flama
Espírita” e no
período de 3
anos e meio
completei a
redação de
textos baseados
nessas pesquisas
doutrinárias
sobre
sexualidade à
luz do
Espiritismo.
Depois desses
três anos e meio
de redação de
artigos sobre
sexualidade,
trabalhei mais
um ano e meio
relendo os
capítulos e
dividindo-os em
subtemas, para
facilitar a
leitura e o
estudo da obra.
Assim surgiu o
livro “Sexo e
Evolução”,
editado em 1992,
primeiramente
pela editora
Fonte Viva, de
Belo Horizonte,
e no ano de 1994
pela editora da
FEB.
Que método
utiliza e quanto
tempo leva na
elaboração de um
livro?
Sempre escrevi
qualquer assunto
espírita baseado
em muito estudo,
muita pesquisa,
muita análise,
muito
raciocínio,
muita meditação;
efetuo
releituras do
texto em
produção,
procurando
melhorar a
linguagem,
aprofundar as
explicações,
discorrer melhor
sobre o tema e
interpretar o
pensamento dos
Espíritos, tudo
fundamentado em
respeitáveis
referências
bibliográficas.
Após muita
pesquisa em
lições e textos
a respeito de
determinado
assunto,
seleciono dos
livros espíritas
ou do Novo
Testamento os
textos que
considero como
apresentando as
melhores
explicações e
esclarecimentos.
Logo em seguida
disponho essas
referências
bibliográficas
numa certa
sequência lógica
de ideias,
depois de
avaliar com
certo cuidado o
conteúdo de cada
texto
selecionado. E
somente com esse
processo dou
início à
redação,
inserindo as
referências
selecionadas,
que também são
objeto de minhas
interpretações.
Foi influenciado
pela prática de
alguma
instituição ou
pessoa, ou o
trabalho é fruto
tão somente de
sua iniciativa
particular?
No campo do
conhecimento
espírita
encontramos
muita ajuda
eficiente em
nosso Movimento
Espírita no
Triângulo
Mineiro,
principalmente a
COMMETRIM –
Confraternização
de Mocidades e
Madureza
Espíritas do
Triângulo
Mineiro, que
promove o
congraçamento e
a união dos
espíritas da
citada região.
Aprendemos muito
com esse
Movimento pela
grandiosa
oportunidade de
união fraternal,
troca de
experiências
espíritas e
aprendizado
doutrinário.
Quanto à
produção da
escrita
doutrinária, não
tive a
felicidade de
encontrar de
forma direta
algum irmão
espírita
encarnado mais
experiente para
passar-me
informações,
conhecimentos e
experiências na
área da redação
de textos
doutrinários. Se
bem que do lado
espiritual
inegavelmente
encontramos
muitos Espíritos
Benfeitores que
são assíduos na
proteção segura
e inspiração
lúcida, no
acompanhamento
constante e na
assistência
amorosa, em
nossas
meditações,
dissertações e
explicações
doutrinário-evangélicas.
Como você vê a
qualidade da
literatura
espírita no
momento atual?
O Espiritismo é
a doutrina que
faculta a todo
adepto a
liberdade de
pensar e a
faculdade
intelectual do
livre exame. A
fim de facilitar
nossas
considerações a
respeito da
liberdade de
pensar
apresentamos uma
definição do
vocábulo
“livre-exame”:
“é a
independência de
opinião, a
libertação do
jugo da
autoridade em
matéria de fé ou
de doutrina,
preferindo
examinar por si
mesmo, e só
aceitar o que a
sua razão ou
experiência
aceitar ou
comprovar”
(Dicionário de
Filosofia, Mário
Ferreira dos
Santos – edição
1964 - Editora
Matese). Todo
espírita sincero
aprenderá no
processo
constante das
leituras e
estudos a
aplicar o
livre-exame com
mais frequência
e naturalidade.
Deverá estar
sempre munido
dessa ferramenta
intelectual,
pois através
dela irá formar
sua própria FÉ
RACIOCINADA,
cuja aquisição é
necessária e
indispensável.
O número de
obras antigas e
inéditas para os
leitores
espíritas é
oferta generosa,
muito farta,
diversificada e
complexa, de
autores
encarnados e
desencarnados.
Esse grande
acervo cultural
está a exigir um
raciocínio
sempre mais
sério e bem
amadurecido de
todo espírita,
justamente neste
momento de
altíssima
produção
literária do
Espiritismo.
Quanto mais
livros lançados
no mercado
livreiro
espírita, não
tenhamos a menor
dúvida, maiores
serão os
desafios de
escolha aos
espíritas para
leituras
agradáveis e
estudos
aprofundados.
Imprescindível,
no momento
atual, saber
usar a
ferramenta
intelectual do
justo
discernimento,
no que se
adquire, no que
se lê, no que
estuda e no que
se divulga.
Cada obra
espírita tem sua
mensagem, seu
conteúdo, seu
valor relativo,
sua contribuição
doutrinária. Uns
são de melhor
conteúdo
doutrinário,
outros de menor
conteúdo e
outros
infelizmente
defendendo
alguns enganos
científicos ou
filosóficos,
evangélicos ou
históricos,
doutrinários ou
morais. O
público espírita
e os
simpatizantes
das obras
espíritas
apresentam
enorme variação
de níveis de
gosto de leitura
em virtude de
suas próprias
conquistas
cultural, mental
e moral. Essa
variedade de
estilo e
conteúdo,
doutrina e
Evangelho,
romance e
filosofia,
ciência material
e espiritual,
vem atender a
todas as
estruturas
mentais de
leitores. O
movimento
espírita deve
ser a expressão
dessa grande
força da
liberdade de
pensamento e do
livre-exame que
a doutrina
espírita oferece
a todos seus
adeptos.
Quais as
principais
dificuldades a
superar?
As obras
espíritas que
devemos
considerar
razoáveis, boas,
ótimas ou
excelentes serão
todas aquelas
que pautaram em
toda sua
estrutura
doutrinária, não
divergindo em
nenhum ponto,
nas ideias
apregoadas por
Jesus Cristo e
Allan Kardec. A
base da Doutrina
Espírita será
sempre o
conteúdo
filosófico-moral
do Evangelho de
Jesus e da
Codificação
Kardequiana.
Nenhum espírita
sincero deverá
se desesperar
tendo em vista o
número
avantajado e
sempre crescente
de obras
espíritas
duvidosas,
muitas delas
repetindo temas
e explicações de
outras obras
consideradas
clássicas. É
contraproducente
falar mal de
“obras
estranhas”, e o
mais triste para
o movimento
espírita seria
promover
relações de
“livros
censurados” por
equipes de
supostos fiscais
da verdade
doutrinária.
Finalizaremos
esta questão
apresentando
bela sentença
dos Sábios
Espíritos da
Codificação:
“Para discernir
o erro da
verdade é
preciso
aprofundar estas
respostas e
meditá-las longa
e seriamente; é
todo um estudo
que se tem a
fazer. É preciso
tempo para isso,
assim como para
tudo o mais.
Estudem,
comparem,
aprofundem-se;
nós lhe dizemos
sem cessar: o
conhecimento da
verdade tem este
preço”. (O
Livro dos
Médiuns, Allan
Kardec –
Capítulo XXVII –
“Contradições e
Mistificações” –
questão 301 –
item nº 4 -
Editora LAKE.)
Qual o papel dos
dirigentes e
líderes
espíritas na
melhoria e
preservação da
qualidade dos
conteúdos
literários
espíritas?
Nossos
companheiros
dirigentes e
líderes
espíritas devem
entender de
coração
evangelizado que
para o progresso
do Espiritismo
vale devotar-se
tendo em vista o
desenvolvimento
eficiente das
almas humanas,
muito mais do
que simplesmente
trabalhar na
administração de
prédios,
organizações,
contabilidade,
finanças,
reuniões,
comemorações,
confraternizações
e atividades
outras.
Trabalhar com
amor e idealismo
na formação
espírita-cristã
dos
trabalhadores da
Casa Espírita,
promovendo
estudos
sistemáticos e
sistematizados
das Obras de
Allan Kardec.
Esclarecer e
iluminar a
inteligência e
coração dos
irmãos de fé de
todas as faixas
etárias:
crianças e
jovens, madureza
e velhos.
Ninguém poderá
ficar esquecido
e abandonado. É
a caridade da
luz, em suma, a
formação
eficiente da FÉ
RACIOCINADA dos
espíritas.
Trabalhemos
COMEÇANDO PELA
BASE DO
ESPIRITISMO,
desenvolvendo
reuniões de
estudos com
programação
preenchendo todo
o ano letivo,
dando prioridade
às obras do
Codificador
Allan Kardec.
O que, na sua
percepção,
precisa e pode
melhorar na
formação de
novos escritores
espíritas?
Cada escritor
espírita
encarnado ou
desencarnado
oferece sua
valiosa
contribuição,
dentro de suas
próprias
possibilidades
no que diz
respeito à sua
capacidade
intelectual na
redação
doutrinária,
expondo suas
ideias, seu
conhecimento
espírita, sua
experiência de
vida e seu
entendimento
acerca do
Evangelho.
Para ser um bom
escritor
espírita não é
recomendável
apressar o
trabalho de
produção
doutrinária,
esquecendo-se do
longo e sério
preparo dos
estudos
doutrinários,
mas, sim,
esforçar-se por
melhorar e
fortalecer as
estruturas
intelectuais e
mentais,
raciocínio e
meditação,
análise e
interpretação em
torno da
ciência, da
filosofia e da
moral do
Espiritismo.
Quais os seus
planos em
relação ao
futuro? Pretende
continuar a
escrever?
Pretendo
continuar a
estudar Doutrina
Espírita,
conhecer a mim
mesmo,
corrigir-me o
mais rápido
possível com as
luzes do
Evangelho, fazer
todo o bem
possível,
divulgar
Doutrina e
Evangelho usando
com simplicidade
e moderação as
ferramentas
tecnológicas
[computador,
Internet,
vídeos, filmes]
da atualidade.
Agir somando os
valores da fé
raciocinada, fé
viva,
desprendimento,
pureza de
intenção,
desinteresse,
despretensão,
abnegação,
prazer de
divulgar, de
amar, de
servir...
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Agradeço a
atenção caridosa
para com nossas
atividades e
rogo a Deus,
Nosso Pai, e a
Jesus que
abençoem todos
os irmãos
interessados em
estudar e
divulgar com
seriedade a
Doutrina
Espírita.