com jovens
surgiram duas
obras de
mensagens
diárias, agora
reeditadas em
nova
diagramação,
cuja história
podemos conhecer
na presente
entrevista, além
de outras
valiosas
informações
sobre o
aprendizado e
interação com os
jovens.
O Consolador:
Seu livro
Mensagens de Boa
Noite,
recém-lançado, é
fruto de sua
experiência com
seus alunos na
Universidade.
Conte-nos essa
experiência.
Na verdade, os
dois livros até
agora lançados
são frutos do
intenso
intercâmbio e
aprendizagem que
realizo com
jovens do
movimento
espírita dos
Estados do Rio
de Janeiro e,
principalmente,
Minas Gerais.
Somado a este
convívio
doutrinário com
a juventude, vem
a diária relação
com meus jovens
alunos e
orientados de
Iniciação
Científica e
Mestrado. Ao
longo do tempo,
dei-me conta
que, quer venham
das mais
variadas partes
do Brasil em
busca da sua
conquista
acadêmica, quer
se desenvolvam
nas atividades
da casa
espírita, nossos
jovens estão
ávidos por
afeto, atenção,
alguém que os
ouça e
compreenda, não
exatamente de um
cúmplice ou um
companheiro de
festas e
diversões, mas,
de figuras
paternais e
maternais que
possam suprir o
imenso vazio
afetivo que a
maioria
experimenta no
lar, nas
tumultuadas ou
inexistentes
relações
familiares. Foi
nas conversas
com eles,
ouvindo seus
desabafos e
compartilhando
suas alegrias,
que encontrei a
fonte primeira
dos textos que
compõem os
livros que
escrevo.
O Consolador:
Como conseguiu a
excelente
interação que
vive com seus
alunos?
Permitindo que o
tempo e os
sentimentos me
transformassem
do clássico
professor de
engenharia
química no amigo
e pai que ensina
ao mesmo tempo
em que aprende.
É desafiador
deixar de lado
as posturas
clássicas às
quais nos
acostumamos, a
distância sempre
defensiva, que a
maioria dos
professores
mantém com os
alunos, como se
os primeiros
fossem os
grandes
“sabe-tudo” e os
alunos os
néscios que
precisam receber
a caridade de
aprender o que
os mestres têm a
ensinar. As
relações que
mantenho com
meus alunos são
relações com
pessoas, seres
completos, e não
relações entre
máquinas de
aprender com uma
máquina de
ensinar. Talvez
seja por isso
que, embora bem
longe de ser uma
unanimidade
entre eles, nem
afrouxando nas
avaliações,
permaneço
disponível para
que conversem
comigo,
desabafem,
exponham-se como
pessoas diante
de uma pessoa
igual, talvez
apenas um pouco
mais velho, com
algumas lições a
mais já
aprendidas, mas
sempre um eterno
aluno da vida. É
isso que sou, um
eterno aluno da
vida.
O Consolador: E
qual considera a
causa da boa
aceitação de
seus textos? Não
há resistência
dos jovens para
essa temática?
As pessoas, em
qualquer meio em
que estejam, do
mais simples e
familiar até os
de excelência
acadêmica, são
sempre pessoas,
seus
sentimentos,
suas ansiedades
controlam suas
vidas muito mais
do que sua
razão. Os textos
são bem aceitos
porque falam de
questões do
dia-a-dia, dos
problemas comuns
a todos nós, sem
trazer soluções
fechadas, mas
mostrando,
conforme
aprendemos com
Jesus, que nós é
que somos os
artífices das
nossas desgraças
ou da nossa
plena
felicidade. Os
textos falam aos
sentimentos,
mostram que as
tormentas da
vida, pelas
quais os jovens
passam, não são
exclusividade
deles e que eles
mesmos são
capazes de
construir um
caminho melhor
para o seu
viver. Não
resistem à
temática
espiritualista,
pois, na grande
maioria, estão
se sentindo
vazios, por mais
que gozem as
facilidades e
loucuras que a
vida moderna
oferece. Eles
anseiam por algo
mais, por algo
que os faça se
sentir pessoas
plenas e não
máquinas ou
engrenagens
anônimas de um
sistema
competitivo, sem
sentimentos, sem
amor.
O Consolador: Em
suas palestras,
a interação com
o público também
é intensa? Que
dinâmicas usa
para tornar as
palestras
interessantes às
pessoas?
Usualmente não
recorro a outros
recursos senão
os da oratória e
o tempo me
ajudou aprender
a “pintar
imagens” na
mente das
pessoas. Recorro
a histórias
pitorescas para
ilustrar algumas
ideias e procuro
sempre dar fecho
que conduza ao
enaltecimento
dos bons
sentimentos de
todos nós, da
capacidade que
todos temos para
o bem,
reforçando que,
se queremos ser
felizes, o
trabalho é nosso
e deve começar
urgentemente.
Nos seminários,
tarefas bem mais
longas, nas
quais preciso
aprofundar
determinados
assuntos,
utilizo recursos
áudios-visuais
sim. Mas,
essencialmente,
o que atrai o
público deve ser
a empatia, o
brilho do olhar,
o sorriso sempre
presente, a
alegria de viver
e a imensa
gratidão a Deus
por eu estar
ali, tendo a
oportunidade de
agora construir,
em vez de
destruir, como
tantos de nós
fizemos em
encarnações
passadas.
O Consolador: E
continua
enviando essas
mensagens? Qual
a fonte de
inspiração?
Sim, continuo
enviando, não
mais
diariamente,
como fiz por
cerca de 18
meses, o que
gerou o
Mensagens de Boa
Noite, o
Parábolas de Boa
Noite e mais 3
livros ainda não
publicados. De
vez em quando
surgem mensagens
inéditas e,
semanalmente,
tenho reenviado
mensagens
contidas no
Parábolas de Boa
Noite, cuja
primeira edição
ocorreu em 2007.
Quanto à
inspiração, eu
poderia dizer
que existe
sempre um
gatilho, que
dispara a
construção das
mensagens,
normalmente este
gatilho é uma
conversa com
meus alunos, com
os jovens do
movimento
espírita ou
algum conflito
pessoal. Da
ideia inicial
busco a
inspiração dos
Amigos do Plano
Maior, que,
embora não
assinem as
mensagens,
digitam comigo,
pois, por vezes,
só tomo ciência
do que foi
escrito depois
de pronto. Aqui
cabe destacar a
constante
assistência dos
Espíritos Irmão
Assis e Irmã
Rosália, amigos
espirituais que
me acompanham e
dirigem já há
mais de 25
anos.
O Consolador: E
o livro
Parábolas de Boa
Noite que
também deve ser
publicado em
2009?
O Parábolas de
Boa Noite será
reeditado em
2009, agora pela
Editora Mythos,
e com duas
parábolas
inéditas, em
relação à sua
primeira edição.
Este é um livro
com um estilo
ligeiramente
diverso do
Mensagens de Boa
Noite, que traz
mensagens
diretas e bem
objetivas. No
Parábolas de Boa
Noite foram
reunidas várias
historietas
curtas,
parábolas e
apólogos, usando
personagens e
diálogos para
ilustrar as
lições. Serão 70
parábolas
curtas, escritas
sob o mesmo tipo
de influência do
Mensagens de Boa
Noite, isto é,
meus alunos, os
jovens espíritas
e os Espíritos
Irmão Assis e
Irmã Rosália. Os
temas também são
aqueles que mais
atraem os jovens
de todas as
idades:
relacionamentos
afetivos
fracassados,
capacidade de
superação de
fracassos,
amizades
desfeitas, a
difícil escolha
entre o TER e o
SER e outras
mais. Em muitas
dessas parábolas
deixei
extravasar o
sentimento
paternal, pois
tenho pelos meus
alunos e os
jovens do
movimento
espírita o mesmo
amor que dedico
aos meus filhos
biológicos.
O Consolador:
Que experiência
pode ser obtida
de sua
convivência com
os jovens?
Os que se isolam
ou negligenciam
a convivência
com os jovens
condenam-se a um
envelhecimento
precoce e
tristonho, quase
uma morte em
vida. A vida é
constante
aprendizado e
passamos os
primeiros anos
da jornada
terrena
aproveitando a
exuberância das
energias para
explorar o mundo
que nos cerca e
aprender à custa
das nossas
próprias
experiências.
Quando, porém,
chega a
maturidade, as
energias para as
aventuras de
aprendizagem vão
diminuindo e
seremos sábios
se continuarmos
a aprender com
os jovens. Mas,
se eu pudesse
aqui tirar uma
lição pessoal da
convivência com
os jovens seria
o fato de que as
novas gerações
sempre me
parecem
melhores, mais
dispostas a
aprender e
crescer do que a
minha e as
gerações
anteriores
foram. Se tenho
plena certeza de
que teremos um
mundo melhor e
mais feliz no
futuro, eu a
aprendi
observando estes
mesmos jovens
que apenas
parecem aprender
alguma coisa
comigo, mas que
me ensinam muito
mais. É com eles
que aprendi a
possibilidade
concreta de ter
ALEGRIA DE
VIVER.
O Consolador: As
ideias espíritas
são bem aceitas
pelos jovens que
não são
espíritas?
As ideias
espíritas são
muito bem
aceitas pelos
jovens. Elas são
sempre atuais,
trazem respostas
racionais e
consoladoras
para os seus
questionamentos
mais imediatos.
Apenas quando a
cultura
familiar, o
preconceito e as
heranças
materialistas já
os comprometeram
muito é que os
jovens se
mostram avessos
às ideias
espíritas. Se
observarmos
deserções e
esvaziamento das
juventudes
espíritas, das
casas espíritas,
o problema não
está na
juventude em si,
menos ainda nas
ideias da
Doutrina
Espírita, mas
sim na forma
pouco motivadora
e
desinteressante
usada para
apresentar estas
ideias aos
jovens. Eles
gostam de
desafios, gostam
de ser levados a
pensar e jamais
se permitirão
“engolir”
informações que
não lhes tragam
uma sensação de
íntima
satisfação da
razão e dos
sentimentos.
O Consolador: E
a comunicação
virtual tem
facilitado a
expansão das
ideias
espíritas?
Todos os
recursos de
comunicação
serão produtivos
se forem bem
utilizados. A
internet e todos
os outros meios
digitais e
virtuais de
comunicação
precisam ser bem
aplicados. Fazer
as devidas
adaptações para
que a mensagem
se torne
acessível a um
público cada vez
maior sim, mas
ter todo o
cuidado com o
conteúdo das
mensagens
transmitidas e
evitar algumas
concessões, que
nada têm a ver
com a forma, são
mesmo
permissivas,
estratégias, sem
consistência,
para atrair
público. Eu
diria que os
meios digitais e
virtuais de
comunicação
deveriam ser
nossas
ferramentas
auxiliares para
atrair o grande
público para o
estudo sério e
metódico da
Doutrina
Espírita. Mas,
se nem mesmo nas
nossas casas
espíritas
estamos
conseguindo
isso, não vamos
exigir demais da
comunicação
virtual,
fiquemos sim,
vigilantes para
que ela não
represente um
desserviço na
divulgação da
doutrina.
O Consolador:
Qual a
experiência mais
marcante de sua
vida
profissional e
de sua atuação
espírita?
Em 2001 lecionei
uma disciplina
de primeiro
período para os
alunos de
engenharia
química e
engenharia de
alimentos da
UFRRJ. No
primeiro dia de
aula eu
distribuí um
questionário
para que eles
falassem um
pouco sobre si e
deixei no final
uma tirinha com
uma mensagem de
estímulo,
dizendo da
confiança neles
e que eles já
eram capazes de
realizar as
conquistas que
almejavam. Pedi
que guardassem a
tirinha e, se
achassem
importante, me
devolvessem na
formatura. Cinco
anos depois, em
meio à
solenidade de
formatura de um
grupo de alunos,
subi ao palco
para receber uma
placa de
homenagem. Após
as formalidades
daquele momento
solene, eles
pararam tudo,
pediram que eu
permanecesse no
palco, leram a
tirinha de papel
para o auditório
lotado e me
entregaram. UFA!
Ali eu tive
certeza que não
sou cardíaco. Na
atuação espírita
cada vez que um
jovem se
aproxima aflito,
carente, e
nossas longas
horas de
conversa o
ajudam a se
sentir melhor e
mais capaz,
sinto-me vivendo
uma das tais
experiências
culminantes das
quais fala
Abraham Maslow;
sinto-me um
pouco pai de
cada um deles e
isso é
profundamente
estimulante e
marcante para
mim todos os
dias.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Sei que meus
livros podem
alcançar um
público amplo,
pois as
mensagens trazem
consolações para
sofrimentos que
dizem respeito
aos desafios da
vida moderna,
mas,
originalmente
eles foram
concebidos
pensando nos
mais jovens. Não
por acaso, pois
é nessa
confiança na
juventude que
vejo a grande
força para
construirmos um
mundo melhor.
Jovem não é para
ser combatido,
não é para ser
tolhido, não
tentemos
transformá-los
em cópias de
nós. Ao
contrário,
aprendamos com
eles, envolvamos
os jovens em
nosso amor, com
profundo
respeito por
suas
individualidades,
pois eles são os
Espíritos que
transformarão
este mundo em um
mundo melhor.
Encerro citando
Khalil Gibran,
quando nos fala
dos filhos:
“Podeis
esforçar-vos por
ser como eles,
mas não
procureis
fazê-los como
vós. Porque a
vida não anda
para trás e não
se demora nos
dias passados.
Vós sois arcos,
dos quais vossos
filhos são
lançados como
flechas vivas.
(...) Que o
vosso
encurvamento na
mão do Arqueiro
seja a vossa
alegria, pois
assim como Ele
ama a flecha que
voa, ama também
o arco que
permanece
estável.” (O
Profeta Gibran
Khalil Gibran)