Vanessa Santos:
“O Espiritismo é
para mim uma
filosofia de
vida”
Mineira de Belo
Horizonte,
Vanessa Santos
fala sobre o
movimento
espírita na Nova
Zelândia e diz o
que
pensa sobre
diversas
questões da
atualidade,
como o aborto, a
eutanásia e a
violência
Nossa revista
chegou até a
Oceania e traz
aos seus
leitores uma
entrevista com a
confreira
Vanessa Santos.
Radicada em Auckland, a
maior cidade da
Nova Zelândia,
ela nos fala
sobre os
progressos
obtidos pelo
Movimento
Espírita naquele
país.
Trabalhadora
ativa, desde a
formação do
Allan Kardec
Spiritist Group
of New Zeland,
há 3 anos,
Vanessa expõe
seu ponto de
vista sobre
questões que
merecem reflexão
e diz, convicta
sobre a
importância que
a Doutrina
Espírita tem em
sua vida: “Para
mim, o
Espiritismo é
uma ferramenta
para o meu
crescimento, é
uma filosofia de
vida. Adotei-o
para minha vida,
porque ele me
mostra o mundo
com olhos mais
apurados...
Claro que, assim
como a maioria,
temos muito que
caminhar e
aprender, mas ao
menos tenho
consciência
disso”. |
O Consolador:
Vanessa, onde
você nasceu?
Em Belo
Horizonte, Minas
Gerais.
O Consolador:
Que motivo a
levou a mudar-se
para Auckland
(Nova Zelândia)?
Mudei-me para a
Nova Zelândia há
4 anos para
melhorar meu
inglês e conheci
meu marido no
meu primeiro
mês. Ainda estou
aqui...
O Consolador:
Qual a sua
formação
escolar?
Formei-me em
Comunicação
Social –
Jornalismo em
1998.
O Consolador:
Quando você teve
seu primeiro
contacto com o
Espiritismo?
Tive uma chefe
em 1995, na
empresa em que
eu trabalhava,
que era espírita
e me emprestou
alguns livros.
Depois ela me
ajudou a
localizar uma
casa espírita
perto de minha
residência.
Comecei a
freqüentar as
Casas André Luiz
na zona norte de
São Paulo, onde
estudei a
Doutrina por
seis anos antes
de vir para cá.
O Consolador:
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
haja propiciado
esse contacto?
Um fato
especial, não...
Eu sempre me
interessei por
religião e por
espiritualidade,
embora tenha
crescido no
catolicismo.
O Consolador:
Ante sua adesão
ao Espiritismo,
qual foi a
reação de sua
família?
Minha mãe quis
saber o que era,
mas não foi
contra. Hoje em
dia toda a minha
família realiza
o Evangelho no
Lar e eu nem
moro mais no
Brasil.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo -
ciência,
filosofia,
religião - qual
o que mais a
atrai?
Todos me atraem,
mas o cientifico
ainda tenho que
estudar muito,
porque tenho
ainda dúvidas. O
filosófico tenho
que praticar
diariamente,
então é a parte
do desafio e do
crescimento
pessoal. Já o
religioso me
deixa mais
confortável,
especialmente
com o fato de
ter certeza de
que há vida após
a morte.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
Adoro André
Luiz, Emmanuel e
Joanna de
Ângelis.
O Consolador:
Dos livros
espíritas que
você leu, quais
considera
indispensáveis
ao confrade
iniciante?
Acredito que os
livros de Allan
Kardec, André
Luiz, Joanna de
Ângelis e
Emmanuel
oferecem
informações
necessárias para
um estudo
aprofundado.
Difícil escolher
um, mas
começando pelo
Livro dos
Espíritos e pelo
Evangelho as
questões
principais serão
esclarecidas.
O Consolador:
Se fosse passar
alguns anos num
lugar remoto,
com acesso
restrito à
atividade
espírita, que
livros
pertinentes à
doutrina você
levaria?
Certamente, os
livros de Allan
Kardec e de
André Luiz.
O Consolador:
Para você o
Espiritismo é
uma religião?
Sim, mas sem
ritos e
formalidades. A
religião está
ligada à moral
humana e ao
crescimento
pessoal, que é o
mais importante
para nos
espíritas.
O Consolador:
Você já leu a
obra de
J. B. Roustaing?
Não tive a
oportunidade de
ler, mas sei que
Roustaing
contradiz muitas
das explicações
de Kardec,
principalmente
no que diz
respeito à vida
do Cristo e que
por essa razão
existe a
possibilidade de
ser tirada da
lista de livros
recomendados
pela FEB.
O Consolador:
Você tem tido
contato com o
movimento
espírita
brasileiro?
Não, já que
estou morando
fora do país há
quatro anos.
O Consolador:
Quando e como se
originou o
Movimento
Espírita na Nova
Zelândia?
Nosso grupo
existe há três
anos e começou
com o Evangelho
no Lar na casa
de um amigo que
estava de
passagem pelo
país. As raízes
se firmaram e já
tivemos duas
visitas do
Divaldo Pereira
Franco. Ainda
não temos sede
própria,
alugamos uma
sala, por duas
horas semanais,
num centro
comunitário. Uma
das
colaboradoras
cuida dos livros
da biblioteca.
Temos mais de
100 diferentes
títulos em
português e
inglês, sendo a
maioria deles
doações. Ela
leva exemplares
diferentes todas
as semanas, e
assim as pessoas
têm acesso às
obras e tomam
emprestadas
aquelas que lhes
interessem.
No mês de março
demos início ao
Clube do
Livro,
reuniões
bimestrais, em
formato de mesa
redonda, tendo
como primeiro
tema “Nosso
Lar”, de André
Luiz. A idéia
principal é
motivar todos à
leitura de obras
básicas. Esses
encontros
acontecem no
último domingo
de cada mês, na
casa de algum
colaborador do
Grupo. Nos meses
intercalados,
vamos iniciar um
projeto piloto - Novos Palestrantes. Temos apenas um voluntário até o momento,
que vai começar
no final desse
mês com o tema
Suicídio. Além
disso, devemos
iniciar em breve
os estudos sobre
mediunidade, já
que no momento
nossa base ainda
é toda de
estudos.
Temos crescido
gradualmente e o
grupo esta cada
vez maior e mais
fortalecido, o
que nos alegra
muito. Outra
meta ainda para
este primeiro
semestre é que
tenhamos nosso
estatuto
estabelecido,
assim como nosso
registro como
entidade
não-governamental,
com base nas
leis do país.
O Consolador:
Que funções você
já desempenhou
no Movimento
Espírita?
Passista,
secretária e,
aqui na Nova
Zelândia, quase
tudo. O país é
pequeno e temos
que nos
organizar
conforme a
situação. Ano
passado, por
exemplo, todo o
grupo esteve
envolvido em
organização de
eventos visando
a pagar custos
para a segunda
vinda do Divaldo
Franco, que
aconteceu em
setembro 2007.
O Consolador:
Quem dirige a
Casa Espírita em
que você atua?
Ainda não
tivemos uma
eleição e
estamos
trabalhando para
concluir nosso
estatuto e
registro para
sermos uma
organização
não-governamental.
Ainda não temos
cargos
preestabelecidos,
mas estamos
trabalhando
nessa
finalidade.
O Consolador:
Você é
favorável, na
questão dos
passes
magnéticos, à
simples
imposição de
mãos ou ao passe
com movimentos?
Eu acredito que
apenas a
imposição das
mãos seja o
suficiente, até
porque como se
explica que o
passista também
recebe o efeito
do passe quando
impõe suas mãos
para outros?
O Consolador: Na
Casa Espírita em
que você
trabalha, como é
aplicado o
passe?
Na Nova
Zelândia, por
recomendação de
Divaldo Franco,
fazemos o passe
coletivo e com a
imposição das
mãos, sem
movimentos.
O Consolador:
Como você a
discussão em
torno do aborto?
Pessoalmente sou
contra o aborto,
tendo como base
de que é ele um
crime contra a
vida. Sabemos
que o aborto
interrompe o
processo da
vinda de um
Espírito ao
plano material
para evolução e
o resgate de
vidas passadas.
Assim, mesmo nos
casos de
estupro, o que
deve ser
traumático, acho
que o aborto não
deve ser
realizado,
porque não
sabemos a
ligação do
espírito com a
vitima e o
estuprador.
O Consolador:
A eutanásia é
uma prática que
não tem o apoio
da Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu agora a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
por médicos
espíritas. Qual
a sua opinião?
Tanto a
eutanásia quando
a ortotanásia
são crimes
contra a vida e
sou contra. O
espírito
sofredor, tanto
o do doente
quanto dos
familiares
envolvidos, não
percebem que o
fato de matarem
ou autorizarem o
fim da vida de
outrem está
diretamente
ligado ao
próprio egoísmo
e à negação da
provação. Todos
teremos nossas
dores no
decorrer da vida
e isso pode ser
relacionado
a
uma prova ou a
uma expiação do
que fizemos
anteriormente.
Se fizemos mal
em vidas
passadas e
escolhemos
reencarnar com
doenças graves
que nos deixem
internados ou
numa cama por
boa parte de
nossas vidas,
isso será parte
do nosso
processo
evolutivo ou das
pessoas ligadas
a nós, e não
podemos negar. A
negação disso
pode agravar as
próximas
encarnações e
podemos
reencarnar em
estados físico
ou mental ainda
piores.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o mundo
e como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
Acredito que a
base de tudo
ainda é educação
e a estrutura
familiar. O
círculo tem
girado contra o
beneficio das
famílias em
geral. Jovens e
crianças
empregados desde
pouca idade e o
desinteresse
pelo estudo
acaba
acontecendo
naturalmente, já
que a
necessidade de
ter o dinheiro
dentro de casa é
mais relevante.
Tudo isso gera
violência, tanto
psicológica
quanto material.
A diferença de
classes está
cada vez maior e
mais visível.
Tudo isso gera
violência, já
que, por falta
de oportunidade
no mercado
“normal” de
trabalho, o
cidadão acaba
buscando
alternativas no
crime.
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
mundo?
Pensar
globalmente;
acredito que o
preconceito
precisa ser
combatido.
Existem todos os
tipos de
preconceito
espalhados pelo
mundo: contra
pobres,
mulheres,
negros,
asiáticos,
nordestinos,
enfim. Se o ser
humano começar a
praticar a
máxima de
Cristo, amando
ao próximo como
a si mesmo, as
diferenças
exteriores
deixarão de
existir... É uma
longa caminhada,
ainda temos
muito que
evoluir, mas
acredito que o
caminho comece
aí.
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