Deus criou o
Universo por ato de
sua vontade
1. Tudo o que existe
e não for obra do
homem é obra de
Deus. É por isso que
dizemos criação
divina quando nos
reportamos a esse
imenso Universo que,
como diz Kardec,
abrange a infinidade
dos mundos que vemos
e dos que não vemos,
todos os seres
animados e
inanimados, todos os
astros que se movem
no espaço, assim
como os fluidos que
o enchem. Mas, como
Deus criou o
Universo?
2. A
resposta a essa
pergunta é ainda um
mistério, como o é a
própria existência
do Criador, e não
será a inteligência
humana, no estado em
que por enquanto se
encontra, que irá
penetrar tal
mistério. Temos de
conformar-nos,
portanto, a esse
respeito, com o que
disseram a Kardec os
Espíritos
Superiores, por
intermédio de um
deles, e que se
encontra na questão
38 d’O Livro dos
Espíritos: “Como
Deus criou o
Universo?” R.: “Para
me servir de uma
expressão corrente,
direi: Pela sua
vontade. Nada
caracteriza melhor
essa verdade
onipotente do que
estas belas palavras
da Gênese: Deus
disse: Faça-se a
luz e a luz foi
feita.”
3. Sabemos, no
entanto, pela
revelação dos
Espíritos
Superiores, que Deus
criou
fundamentalmente
dois princípios
diferentes,
diametralmente
opostos por suas
qualidades
essenciais, que são
os dois elementos
gerais do Universo:
o elemento
material, bruto
e totalmente inerte,
e o elemento
espiritual,
inteligente,
suscetível de
elaboração e
desenvolvimento
evolutivo,
objetivando a
realização de
individualidades
conscientes, dotadas
de razão e de
vontade.
4. Com este segundo
elemento, criou Deus
os Espíritos, que
são os seres
inteligentes,
conscientes e livres
do Universo. Com o
primeiro – o
elemento material –
formou Deus os
mundos que rolam no
espaço, sujeitos às
leis da Mecânica
Celeste, assim como
todos os seres que
formam a natureza
desses mundos. É
desse elemento que
vamos especialmente
tratar nesta
síntese, ao mesmo
tempo em que, à luz
da Doutrina
Espírita,
procuraremos
penetrar, por pouco
que seja, na origem
e formação dos
mundos. Chamemo-lo
simplesmente de
matéria e
tentemos defini-la.
É infinita a
extensão do Universo
físico
5. Numa definição
bastante singela,
podemos dizer que
matéria é tudo o que
existe constituindo
o Universo físico,
isto é, onde ocorrem
os fenômenos que
afetam nossos
sentidos, estejam
eles desarmados ou
armados com
potentíssimos
instrumentos óticos
– telescópios,
espectroscópios,
microscópios – que
nos possibilitaram
observações muito
além do alcance
natural dos nossos
órgãos sensórios,
levando-nos tanto
aos gigantescos
mundos, estrelas e
galáxias que enchem
o espaço, como às
mais íntimas
estruturas dos seres
e das coisas do
nosso mundo e de
outros relativamente
próximos da Terra.
6. Como é infinita a
extensão do Universo
físico, para estudar
a matéria, a fim de
bem compreendê-la e
defini-la, o homem
tem necessariamente
que reduzir suas
observações a
porções limitadas da
matéria que se
encontra a seu
alcance, verificando
a possibilidade de
generalizar os
resultados das
observações assim
feitas a toda a
matéria do Universo.
7. Embora os corpos
tenham propriedades
gerais que os
identifiquem como
materiais, à mais
simples e
superficial
observação, vê-se
que diferem
extraordinariamente
uns dos outros,
podendo apresentar
variedades de
aspecto quase
infinitas. Diferem
em primeiro lugar
pelo estado físico,
podendo
apresentar-se no
estado sólido,
líquido ou gasoso,
ou ainda em estados
intermediários, como
o pastoso ou o de
vapor. Se nos
ativermos agora
somente aos corpos
sólidos, veremos que
eles diferem pela
forma exterior, e é
atendendo a essas
diferentes formas
que os nomearemos:
um cilindro, uma
esfera, um cubo, uma
pirâmide, uma chapa,
um fio, um anel, uma
estante etc.
8. Além da forma, os
corpos sólidos podem
distinguir-se também
pelas dimensões,
existindo ainda um
terceiro ponto que
nos permite
distinguir mais
profundamente os
corpos uns dos
outros: a substância
do corpo. Existem
corpos de vidro,
outros de madeira,
uns são de ferro,
outros de cobre e
assim por diante. Há
corpos que têm a sua
substância
individual e
unívoca, ou seja,
constituída de
partes absolutamente
iguais umas às
outras, formando o
que se poderia
chamar de corpo
puro, mas nem todos
os corpos são assim,
havendo uma imensa
maioria na Natureza
que se constitui de
porções diferentes,
separáveis por
processos
apropriados,
indicando que são,
em verdade, misturas
de duas ou mais
substâncias,
misturas que podem
ser mais ou menos
heterogêneas ou
aparentemente
homogêneas, conforme
as dimensões das
partículas em que se
encontram divididas
as substâncias
misturadas.
Há no Universo uma
única substância
primitiva
9. Corpos puros são
raríssimos na
Natureza, podendo
citar-se como um dos
pouquíssimos
exemplos as amostras
de quartzo hialino
ou cristal de rocha,
constituídas de
óxido de silício ou
sílica, substância
que nessas amostras
se encontra em
estado puro. A
obtenção de corpos
puros é obra da
indústria química.
Obtidos os corpos
puros, a análise
química mostrou que
nem todos são
constituídos de
princípios materiais
indecomponíveis e
unívocos,
revelando-se a
grande maioria
decomponíveis em
outras substâncias
que, por sua vez,
podem ainda
decompor-se. São as
chamadas substâncias
compostas.
10. Existe, no
entanto, um pequeno
número de
substâncias simples,
isto é,
indecomponíveis,
delas não se podendo
extrair outras
substâncias, senão
elas próprias,
mostrando que
constituem
princípios
elementares e unos,
motivo pelo qual
foram também
chamadas de
elementos químicos.
A Química, até o
momento, pôde
estabelecer a
existência de um
certo número de
elementos químicos,
que formam, por si
mesmos e isolados,
ou combinados entre
si, todas as
substâncias dos
corpos. Os elementos
químicos naturais,
escalonados desde o
hidrogênio até o
urânio, são em
número de 92. Quando
se agregam átomos de
um só elemento,
formam-se
substâncias simples;
quando se combinam
átomos de dois ou
mais elementos,
formam-se
substâncias
compostas – eis o
que, em brevíssimo
resumo, podemos
dizer sobre o que a
Química pôde
estabelecer.
11. Onde, porém, os
químicos não podem
penetrar com seus
poderosos
instrumentos de
análise, os
Espíritos Superiores
o fazem
revelando-nos que,
além do estado denso
que conhecemos em
nosso mundo, a
matéria reveste
estados mais sutis,
puramente fluídicos.
Esses fluidos enchem
todo o espaço e se
originam, por sua
vez, de uma
substância elementar
primitiva e única –
o fluido universal
ou matéria cósmica –
que, em realidade, é
a fonte de que, por
modificações e
combinações
variadíssimas,
provém tudo no
Universo, mesmo a
matéria mais densa.
12. Dignas de toda
consideração, pela
beleza e verdade que
encerram, são as
afirmações do
Espírito de Galileu
que Kardec inseriu
no cap. VI de A
Gênese: “À
primeira vista, não
há o que pareça tão
profundamente
variado, nem tão
essencialmente
distinto, como as
diversas substâncias
que compõem o mundo.
(...) Entretanto,
podemos estabelecer
como princípio
absoluto que todas
as substâncias,
conhecidas e
desconhecidas, por
mais dessemelhantes
que pareçam, quer do
ponto de vista da
constituição íntima,
quer do prisma de
suas ações
recíprocas, são, de
fato, apenas modos
diversos sob que a
matéria se
apresenta;
variedades em que
ela se transforma
sob direção das
forças inumeráveis
que a governam.
(...) Há questões
que nós mesmos,
Espíritos amantes da
Ciência, não podemos
aprofundar e sobre
as quais não
poderemos emitir
senão opiniões
pessoais, mais ou
menos hipotéticas.
(...) A com que nos
ocupamos, porém, não
pertence a esse
número. Àqueles,
portanto, que fossem
tentados a enxergar
nas minhas palavras
unicamente uma
teoria ousada,
direi: abarcai, se
for possível, com
olhar investigador,
a multiplicidade das
operações da
Natureza e
reconhecereis que,
se se não admitir a
unidade da matéria,
impossível será
explicar, já não
direi somente os
sóis e as esferas,
mas, sem ir tão
longe, a germinação
de uma semente na
terra, ou a produção
dum inseto. (...) Se
se observa tão
grande diversidade
na matéria, é
porque, sendo em
número ilimitado as
forças que hão
presidido às suas
transformações e as
condições em que
estas se produziram,
também as várias
combinações da
matéria não podiam
deixar de ser
ilimitadas. Logo,
quer a substância
que se considere
pertença aos fluidos
propriamente ditos,
isto é, aos corpos
imponderáveis, quer
revista os
caracteres e as
propriedades
ordinárias da
matéria, não há, em
todo o Universo,
senão uma única
substância
primitiva: o cosmo,
ou matéria cósmica
dos uranógrafos”.
Respostas às
questões propostas
1. Como Deus criou o
Universo?
R.: A resposta a
essa pergunta é
ainda um mistério e,
por enquanto, temos
de conformar-nos com
o que a esse
respeito foi
respondido a Kardec,
conforme texto que
forma a questão 38
d´O Livro dos
Espíritos: “Para me
servir de uma
expressão corrente,
direi: Pela sua
vontade. Nada
caracteriza melhor
essa verdade
onipotente do que
estas belas palavras
da Gênese: Deus
disse: Faça-se a
luz e a luz foi
feita.”
2. Quais são os dois
elementos gerais do
Universo?
R.: Os dois
elementos gerais do
Universo são o
elemento material,
bruto e totalmente
inerte, e o
elemento espiritual,
inteligente,
suscetível de
elaboração e
desenvolvimento
evolutivo,
objetivando a
realização de
individualidades
conscientes, dotadas
de razão e de
vontade.
3. Que é matéria,
conforme a acepção
comum do termo?
R.: Numa definição
bastante singela,
matéria é tudo o que
existe constituindo
o Universo físico,
isto é, onde ocorrem
os fenômenos que
afetam nossos
sentidos, estejam
eles desarmados ou
armados com
potentíssimos
instrumentos óticos.
4. Que são elementos
químicos e quantos
deles existem?
R.: Elemento químico
é nome que se dá a
um pequeno número de
substâncias simples,
isto é,
indecomponíveis, das
quais não se podem
extrair outras
substâncias, senão
elas próprias,
mostrando que
constituem
princípios
elementares e unos.
Os elementos
químicos naturais,
escalonados desde o
hidrogênio até o
urânio, são em
número de 92.
5. Existe no
Universo uma única
substância primitiva
de que se derivam
todas as outras?
R.: Sim, o fluido
universal ou matéria
cósmica, que é a
fonte de que, por
modificações e
combinações
variadíssimas,
provém tudo o que
existe no Universo,
mesmo a matéria mais
densa, com exceção
tão-somente dos
seres espirituais.
Bibliografia:
O
Livro dos Espíritos,
de
Allan Kardec, itens
38, 39, 41, 44, 47 e
49.
A Gênese,
de Allan Kardec,
itens 4, 6, 7, 10,
17, 20 e 22.