O assunto é o
tema central da
entrevista
seguinte:
O Consolador:
Como se tornou
espírita?
Venho de berço
católico, mas
lembro que desde
a infância
buscava uma fé
raciocinada e
procurava
entender as
diferenças entre
os seres
humanos, que aos
olhos de uma
única vivência
pareciam-me
injustas, sem um
sentido e
incoerentes com
a ideia que eu
fazia de Deus.
Já tinha ouvido
falar do
Espiritismo, mas
não sabia o que
era. Tinha uma
intuição que me
acompanhou
durante anos de
que deveria
conhecê-lo, mas
foi somente no
final da
adolescência que
fui ter o
primeiro contato
com a Doutrina
Espírita por
meio de uma
pessoa amiga,
que era espírita
e me emprestou
O Livro dos
Espíritos.
Identifiquei-me
de imediato com
o que lia,
encontrava ali
as respostas
para meus
questionamentos
e, após o
término da
leitura dessa
obra, comecei a
frequentar as
palestras
públicas e os
grupos de estudo
da Doutrina
Espírita na
cidade de
Pelotas (RS),
onde cursava a
faculdade de
medicina.
O Consolador: Em
quais atividades
atua ou já atuou
no Centro
Espírita e no
Movimento
Espírita?
Desde o ano de
2000 estou
vinculado ao
Grupo Espírita
Seara do Mestre,
de Santo Ângelo
(RS), onde atuo
como expositor
em palestras
públicas, canto
e toco violão
para as crianças
antes da
evangelização
infantil, aos
sábados à tarde.
Coordeno o Grupo
Apoio Fraterno
(grupo de
autoajuda aos
dependentes
químicos e seus
familiares), com
atividades todas
as
quintas-feiras,
às 19h.
O Consolador: Você
é frequentemente
solicitado como
palestrante para
seminários e
palestras. Como
iniciou as
exposições e
qual a
importância que
verifica nessas
atividades?
No início, fui
indicado pelo
presidente do
Grupo Espírita
Seara do Mestre
para fazer uma
exposição
médico-espírita
sobre HIV (aids).
A importância
está no que
aprendo, na
energia salutar
que sinto e na
possibilidade de
ajudar meu
próximo, levando
aos outros
palavras de
conforto,
esperança, de fé
e
esclarecimento,
sempre numa
visão
médico-espírita.
O Consolador: Há
em sua vida algum
momento em
especial que
gostaria de
relatar-nos?
O momento em que
ouvi o convite
da
espiritualidade
para iniciar o
trabalho de
auxílio aos
dependentes
químicos e seus
familiares
dentro da casa
espírita. Foi ao
final de uma
exposição
espírita sobre
drogas, o que me
preocupou, pois
não achava que
era a pessoa
certa para isso,
mas depois eu vi
quanto vamos
sendo auxiliados
e preparados ao
longo do caminho
para uma tarefa
quando nos
propomos a ela.
O Consolador:
Como analisa a
pandemia das
drogas,
especialmente do
crack, que tem
aumentado muito
e forçado a
sociedade a uma
reação?
As drogas
surgiram com o
homem primitivo
em suas crenças
e rituais
religiosos,
portanto é quase
tão antiga em
nosso planeta
quanto a própria
raça humana. O
crack veio como
um fundo de poço
não apenas para
o usuário e seus
familiares, mas
também para
todas as esferas
governamentais e
para a sociedade
em geral, com a
finalidade de
provocar
mudanças
políticas,
sociais e
científicas, mas
principalmente
para discutirmos
e melhorarmos as
relações entre
os seres
humanos. E
também para
abrirmos nossos
olhos em relação
às outras
drogas, como por
exemplo, o
álcool, que é
tão incentivado
em nossos dias,
mas que, em
verdade, é a
porta de
entrada, na
maioria dos
casos, para as
demais drogas e
para obsessões
espirituais.
O Consolador:
Quais as causas
principais de
muitos seres
humanos, apesar
de saberem das
graves
consequências,
deixarem-se
envolver pela
dependência
química?
A falta de amor
paterno e
materno para com
o filho, às
vezes
manifestando-se
através da falta
de carinho e em
outras pela
ausência da
função paterna
que é, entre
outras coisas,
ensinar aos
filhos os
limites
necessários.
Quando falha a
relação com os
pais, o filho
não consegue
confiar em
nenhum outro ser
humano e busca a
relação com as
substâncias
químicas para
superar as
dificuldades.
O Consolador:
Na vivência da
clínica
psiquiátrica,
quais as
principais
consequências
pessoais e
familiares da
dependência
química que são
observadas?
Diminuição do
rendimento,
faltas,
reprovações e
abandono
escolar; faltas
e perda de
emprego;
acidentes de
trânsito com ou
sem
desencarnação,
agressões,
suicídios,
homicídios,
perda da saúde
física e mental.
O Consolador:
Quais suas
sugestões de
posicionamento
aos dirigentes
espíritas para
auxiliarem os
que chegam aos
Centros
Espíritas
vivendo o drama
da drogadição?
Oferecer ao
dependente e aos
seus familiares
toda a
terapêutica
espiritual
disponível na
Casa Espírita
(atendimento
fraterno,
palestra
pública, passe,
água
magnetizada,
literatura
espírita). No
Grupo Espírita
Seara do Mestre
essas pessoas
são encaminhadas
para o Apoio
Fraterno. Além
disso, orientar
a busca do
auxílio
psiquiátrico e
psicológico.
O Consolador:
O que é, quais
são os objetivos
e a forma de
atuação do grupo
Apoio Fraterno?
É um grupo de
autoajuda à luz
da Doutrina
Espírita para os
dependentes
químicos e seus
familiares, que
visa a
auxiliá-los a
erradicar as
drogas lícitas e
ilícitas de suas
vidas. Atuamos
sob a forma de
reuniões
semanais de 1
hora e 30
minutos, na casa
espírita, onde
utilizamos a
técnica dos doze
passos dos
Alcoólicos
Anônimos,
adaptada e
acrescida da
Doutrina
Espírita, que
consta do livro
“Apoio
Fraterno:
Auxiliando Almas
a Vencer a
Drogadição”,
obra essa
produzida por
mim e por outros
trabalhadores do
Grupo Espírita
Seara do Mestre.
Durante a
reunião o grupo
trabalha sob a
forma de
depoimentos
pessoais. Estes
visam auxiliar
os participantes
a entenderem
mais sobre essa
doença, e ajudar
nas mudanças de
atitude
necessárias para
a recuperação da
família adoecida
devido à adicção
(dependência
química). Antes
dos depoimentos
é feita a
primeira parte
do trabalho, que
é a
espiritualidade,
tendo como base
o livro “Apoio
Fraterno”.
Cada princípio é
exposto durante
três semanas
consecutivas; na
quarta semana é
estudado o
segundo capítulo
do livro, que é
composto pelas
principais
substâncias
psicoativas
(drogas) e na
quinta semana é
exemplificado
como funciona o
Evangelho no
Lar. O grupo
reúne-se
ininterruptamente
durante o ano
todo, inclusive
nos feriados.
Esse trabalho
tornou-se uma
realidade
possível com
muita
disciplina,
dedicação, fé e
direcionamento
da
espiritualidade
superior, que em
várias
oportunidades se
fez evidente. O
livro pode ser
adquirido por
quem desejar
conhecer esse
trabalho na sua
essência.
O Consolador:
Como surgiu o
grupo Apoio
Fraterno?
Surgiu durante
uma palestra
pública que
realizava sobre
dependência
química, na
qual, ao final,
eu pretendia
sensibilizar os
trabalhadores da
casa para se
envolverem com
essa questão. Só
que, quando
lancei o desafio
para o público,
ouvi alto e bom
som uma voz
espiritual que
me disse
simplesmente: “E
por que não
você?” Levei um
susto, mas após
conversar com
outros
trabalhadores da
casa, resolvi
arregaçar as
mangas e começar
a trabalhar.
Comecei
convidando as
pessoas dos
grupos de
estudos da casa
para formarmos
um novo grupo
que iria se
propor a estudar
essa temática e
formar uma
metodologia para
o trabalho. Dois
anos após, já
com o livro
pronto,
resolvemos abrir
para o
atendimento aos
necessitados
dessa área.
O Consolador:
Fale-nos de sua
motivação para
ter-se envolvido
diretamente na
aplicação da
consagrada
metodologia dos
grupos de
autoajuda, como
os Alcoólicos
Anônimos e o
Amor Exigente,
em um grupo sob
a ótica da
Doutrina
Espírita como o
Apoio Fraterno?
A certeza de que
os ensinamentos
da Doutrina
Espírita como,
por exemplo, as
influências
espirituais, as
obsessões, o
vampirismo, os
meios práticos
do homem se
melhorar nessa
vida e resistir
ao arrastamento
para o mal, fora
outros, têm
muito para
contribuir com
esse consagrado
método.
O Consolador:
Com sua
experiência de
mais de sete
anos com o grupo
Apoio Fraterno,
quais os
resultados que
tem percebido
nos que buscam
ajuda?
Em todos os
participantes
observamos o
aumento da fé,
da esperança, do
fortalecimento e
do conhecimento
sobre a
problemática que
vivem. Em
relação aos
familiares,
esses
compreendem que
também estão
adoecidos e
precisam
curar-se da
codependência,
adotam atitudes
diferentes,
libertam-se dos
sentimentos de
culpa e buscam
responsabilidades,
comportam-se
melhor ante as
crises, exigem,
disciplinam e
amam
incondicionalmente,
mas sem se
anularem. Quanto
aos dependentes
em recuperação,
observamos os
mesmos efeitos.
Essas mudanças
vão ocorrendo ao
longo dos meses
e isso vai
gerando
confiança,
diálogo,
aproximação,
valorização das
pessoas,
deixando as
famílias mais
sadias,
equilibradas e
cada vez mais
distantes das
drogas.
O Consolador:
Como o amigo
percebe os
desafios da
sociedade em
transformação
como a
facilitação das
relações
virtuais, mas
também o aumento
das distonias
mentais?
As relações
virtuais só
crescem onde
falham as reais,
e as distonias
mentais só
existem porque
faltam o amor
incondicional, a
resignação, a fé
verdadeira e a
caridade.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Agradeço pela
oportunidade de
estarmos falando
sobre o nosso
trabalho.
Gostaria de
deixar um e-mail
para contatos e
troca de
experiências na
área de auxílio
à dependência
química:
apoiofraterno@searadomestre.com.br.