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Ano 4 - N° 199 - 6 de Março de 2011

 

O nível a que chegou o movimento espírita
francês


Matéria publicada com destaque na edição 197 desta revista, o artigo “Os efeitos do ecletismo e da heterodoxia no movimento  espírita francês”, do confrade Artur Felipe de A. Ferreira, foi muito bem recebido por nossos leitores.

Assunto nenhum recebeu anteriormente tantas manifestações de apoio, como pode ser verificado à vista das Cartas publicadas em nossa edição passada, que o leitor pode ver clicando neste link:
http://www.oconsolador.com.br/ano4/198/cartas.html

A bem da verdade, houve, com relação à tese do artigo, uma voz discordante, vinda de um dos nossos colaboradores da Inglaterra.

Segundo seu modo de ver o movimento espírita francês, entende nosso colaborador que o Espiritismo na França não foi desfigurado, embora reconheça que, assim como se deu na Inglaterra, ele não cresceu e se desenvolve atualmente mais no seio da comunidade brasileira, um fato que se dá em diversos países europeus.

Note o leitor que essa ressalva apenas confirma a tese exposta no artigo publicado pela revista.

Nele, seu autor não está se referindo ao atual movimento espírita na terra onde Kardec nasceu. Ele se refere ao fato - que é inquestionável - do não-crescimento e do desaparecimento de instituições espíritas que na época de Kardec chegavam a reunir 300, 400 pessoas para ouvi-lo, e onde os periódicos espíritas se contavam em grande número. Basta que se leia a Revista Espírita do período de 1858 a 1869 para se aferir a exuberância do que existia na França naquela época, comparando-a com o que existe hoje.

É claro que acreditamos que tenham existido outros motivos para que tal fato se desse, como já mencionamos em duas oportunidades nesta revista.

A primeira vez em que o assunto foi aqui ventilado se deu em nossa edição 2, em entrevista que nos foi concedida por Divaldo Franco, disponível em http://www.oconsolador.com.br/2/entrevista.html

Destacamos da citada entrevista os trechos abaixo, que reproduzem duas perguntas formuladas por André Luiz no livro “Entre Irmãos de Outras Terras”, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira (FEB, 1966, cap. 31), e as respostas dadas a elas por Gabriel Delanne (Espírito) e Divaldo Franco:

“André Luiz: Que nos diz acerca do Espiritismo, na França?

Gabriel Delanne: Não nos é lícito dizer haja alcançado o nível ideal...

Divaldo Franco: Após o retumbante êxito do Congresso Mundial de Espiritismo, que teve lugar em Paris no período de 2 a 5 de outubro de 2004, por ocasião do bicentenário de nascimento de Allan Kardec, o Espiritismo ensaiou na França um passo mais audacioso. Nada obstante, conforme assevera o nobre espírito Gabriel Delanne, ainda não alcançou o nível ideal… 

André: Em se tratando do berço de Allan Kardec, ser-nos-á permitido indagar a razão disso?

Delanne: Não podemos esquecer que a França nos últimos vinte lustros sofreu a carga de três grandes guerras que lhe impuseram sofrimentos e provas terríveis.

Divaldo: Na atualidade, as injunções difíceis que vive a Europa têm dificultado a expansão da Doutrina Espírita, não apenas na França, mas também em diversas outras nações, que se encontram comprometidas com o materialismo no seu tríplice aspecto: científico, filosófico e dialético. Apesar disso, verdadeiros missionários que se encontram reencarnados na França e nos demais países estão desenvolvendo, com esforços hercúleos, os programas de divulgação da Doutrina Espírita, com vistas ao futuro melhor da humanidade.” 

Voltamos ao assunto no editorial publicado da edição 181, intitulado “Por que se enfraqueceu na França o movimento espírita?”  - http://www.oconsolador.com.br/ano4/181/editorial.html -, no qual reproduzimos novamente as explicações dadas por Delanne, que nos parecem muito claras e certamente podem aplicar-se ao que ocorreu na Inglaterra e na Alemanha, países igualmente envolvidos em conflitos bélicos de grande porte, cujos efeitos sobre a propagação da religião cristã são bastante notórios.

Com efeito, não foi somente o Espiritismo que feneceu nesses países, mas o próprio Cristianismo, que não apresenta na Europa a pujança de épocas anteriores.

* 

O importante no artigo do confrade Artur Felipe Ferreira não é, contudo, somente a questão francesa, mas a ocorrência de problemas semelhantes que se verificam em nosso País. E de novo temos de recorrer a Delanne e a Divaldo, cujas respostas abaixo reproduzidas, constantes da entrevista mencionada, deveriam constituir para todos nós um sinal importante do que é preciso fazer:

“André: Onde os percalços maiores para a expansão da Doutrina Espírita?

Delanne: Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror...

Divaldo: Ademais desses médiuns que voluntariamente se deixam dominar pelas interferências da Entidades perversas, também encontramos aqueloutros que prometem servir ao Espiritismo, porém deste se servem, a fim de projetar a imagem, acreditando-se missionários e apóstolos da Nova Era, sem a superação das próprias imperfeições, sempre hábeis na crítica aos seus companheiros, enquanto, fátuos, seguem descuidados da vigilância em torno das necessidades espirituais de que são portadores.” 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita